Problemas na mobilidade urbana afetam usuários de transporte em SP

Em 2025, após o aumento de 13,4% na tarifa de ônibus, a população segue questionando qualidade e falta de investimentos na infraestrutura da cidade
por
Mariane Beraldes
Thainá Brito
|
18/03/2025 - 12h

Na cidade de São Paulo, os passageiros de ônibus enfrentam diariamente desafios para se locomover, devido a atrasos, trânsitos e falhas na infraestrutura para mobilidade. No começo de 2025, o valor da tarifa de ônibus foi ajustado pela Prefeitura de R$4,40 para R$5,00, um aumento de 13,6%. As principais razões apontadas para o reajuste são a diminuição do número de passageiros pagantes e o aumento de custos operacionais.

Para Reynaldo Mantovani, motorista da cidade de São Paulo, os principais desafios enfrentados são as dificuldades de locomoção. “As ruas estão superlotadas de carros e por mais que o rodízio ajude, não é o suficiente. O ideal seria diminuir a quantidade de carros nas ruas no horário de pico, que é das 7h às 10h e das 17h às 20h. Além disso, as ruas são bem apertadas. A gente acaba tendo que dividir com pedestres e ciclistas, isso atrasa bastante”, diz Mantovani.

Segundo a pesquisa Viver em SP 2024, realizada pela Rede Nossa São Paulo, em parceria com o Ipec, o tempo médio de deslocamento diário de quem utiliza transporte público em São Paulo é de 2h47, somando cerca de 42 dias por ano. Além da demora para se locomover, os paulistanos ainda enfrentam ônibus lotados, realidade ainda mais crítica nas periferias. Segundo Mantovani, a superlotação tem se agravado nos últimos anos. “O problema da lotação existe e não vai acabar tão cedo, porque as pessoas estão cada vez mais nessas áreas. As empresas não investem tanto na periferia, o que acaba sobrecarregando e criando muito transtorno para quem está dentro do ônibus”, desabafa.

Terminal Grajaú, zona sul de São Paulo. Foto: Oliver Santiago
Terminal Grajaú, zona sul de São Paulo. Foto: Oliver Santiago

Nesses locais a falta de manutenção e acessibilidade das ruas, estradas e vias de acesso são mais visíveis e dificultam o processo do percurso do passageiro. Marília Mendonça, moradora da Freguesia do Ó, usuária dos ônibus 9014-10 Morro Grande/Terminal Lapa e 917M Morro Grande/Ana Rosa, evidencia a precariedade da infraestrutura da cidade, a falta de supervisão das periferias e o tempo de espera. “Existem muitos buracos e quase não há manutenção nas ruas, além de ter muita lotação e demora para o ônibus passar. Algumas vezes chego atrasada ou tenho que sair bem mais cedo de casa, principalmente em horários de pico. Nos últimos tempos as vezes compensa mais usar carro de aplicativo”, explica Mendonça. 

O principal projeto de mobilidade do prefeito Ricardo Nunes aposta na implementação de ônibus elétricos como solução sustentável e econômica para a cidade. Esse planejamento não contempla todos os problemas enfrentados pelos usuários, como a dificuldade de integração entre as regiões periféricas e o centro, a lotação dos veículos e o aumento do tempo de espera.