O transmorfo mercado das quatro rodas

Décadas se passaram e mudanças profundas ao longo do tempo mudaram o automóvel no Brasil
por
Vitor Nhoatto
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10/06/2024 - 12h

Símbolo da modernidade, o carro é meio de transporte para muitos, objeto de desejo e envolto de paixão para outros além de representação política e econômica. Em um primeiro momento todos importados e depois nacionalizados a força, déficits e reviravoltas marcam a trajetória desse importante setor, hoje em plena efervescência e quase irreconhecível quando comparado ao passado.

Inicialmente mercado de nicho, a partir dos anos 50 com a implementação do rodoviarismo o cenário começa a mudar e os primeiros modelos nacionais são lançados. Na ditadura militar, no entanto, o protecionismo econômico fez o o mercado, ainda muito dependente da importação, encarar um déficit de décadas entre os modelos comercializados no Brasil e no mundo, com adaptações de gerações descontinuadas sendo vendidas como novas.

A partir de 1990 com a abertura comercial, novas marcas e modelos bem mais equipados chegam. Nos anos 2000 a indústria nacional começa a reagir e projetos exclusivos são desenvolvidos, apesar de ainda baseados em plataformas antigas ou de baixo custo. No início dos anos 2010 o Brasil era o quarto maior mercado do mundo e a defasagem diminuiu consideravelmente, com a modernização das instalações e casos de lançamentos simultâneos com o mundo.

A crise econômica e o cenário político impactam mais uma vez, e o início da atual década foi marcado pela retração. Porém, nos últimos dois anos, a chegada de marcas chinesas e a retomada econômica agitaram o setor, moldando seus rumos em consonância aos desafios ambientais. Hoje ao se observar ruas e lojas, releituras de clássicos, símbolos novos em meio a faróis de LED, câmeras e sensores pela carroceria, e às vezes sem ruídos, mostram o atual capítulo dos carros e da sociedade.

 

Volkswagen
Na década de 1960 as avenidas de São Paulo eram compostas pela Kombi e o Fusca, primeiros carros nacionais da Volkswagen, mas importados de marcas, hoje ausentes no país, como Buick, Opel e Cadillac disputavam o asfalto também - Foto: Arquivo Nacional

 

Volkswagen
Hoje, o showroom das lojas da empresa alemã contam majoritariamente com SUVs como a Tiguan branca à esquerda, o Taos ao fundo e o T-Cross prata à direita. Esse é o segmento que mais cresce no país e no mundo entre a preferência do público, atrás ainda apenas dos hatches do segmento B, como o Mini Cooper verde elétrico - Foto: Vitor Nhoatto

 

Fiat
A italiana Fiat foi a marca mais vendida no país em 2023, e sua linha conta com produtos mais robustos como a Strada vermelha ao fundo, de apelo esportivo como o Pulse Abarth ao centro, e um modelo totalmente elétrico de inspiração clássica, o 500e, branco à direita - Foto: Vitor Nhoatto

 

BYD
Com planos de se tornar a primeira fabricante de elétricos no Brasil, atual nona mais vendida no país, a ambiciosa chinesa BYD adquiriu a antiga instalação da Ford em Camaçari e promete investir 5,5 bilhões de reais nos próximos anos para produzir seus modelos na Bahia já no final deste ano - Foto: Vitor Nhoatto

 

Ford
Responsável pela primeira linha de montagem no Brasil. em 1919. a Ford agora comercializa apenas veículos importados, após o fechamento de suas atividades nacionais em 2021. A pipcape híbrida Maverick, azul, e a releitura elétrica em formato |SUV do esportivo Mustang, à direita, são destaques - Foto: Vitor Nhoatto

 

GM
Apesar da maioria da sua linha de modelos ser produzida no Brasil, o Tracker, cinza ao centro, tem projeto chinês e aguarda atualização após 4 anos de mercado, tal qual o Onix. Os projetos da marca ainda envolvem o lançamento de importados, incluindo o novo Equinox e a reinterpretação da Blazer, ambos elétricos - Foto: Vitor Nhoatto

 

Chevrolet
As montadoras na época da ditadura, no entanto, mantiveram modelos por décadas em comercialização, como a Chevrolet com o Opala, vendido entre 1968 e 1992, atrasando a estagnada indústria brasileira pela falta de rivais importados e consequente falta de necessidade de melhorias constantes - Foto: General Motors/Divulgação

 

GWM
Atualmente, cada vez mais a o mercado recebe novatas, em destaque as chinesas como também é a GWM, com SUVs híbridos e o hatch elétrico Ora 03 azul ao fundo, todos com condução semi-autônoma nível 2 de série como sugere a enorme câmera no topo do parabrisa do H6 GT cinza - Foto: Vitor Nhoatto

 

Jeep
Devido ao sucesso dos SUVs, a Jeep não parou de crescer nos últimos 10 anos, saltando de marca de nicho para a sexta mais vendida em 2023, devido ao lançamento de produtos chave. Renegade em 2015 (azul à esquerda), Compass em 2016 e Commander em 2021 (branco ao centro), fabricados em Goiás - Foto: Vitor Nhoatto

 

Jac
Operando desde 2011 no Brasil, a chinesa JAC vendia modelos à combustão e manuais, com foco nos baixos preços. No entanto, a estratégia não funcionou, e em 2021 a marca passou por uma reestruturação completa, se tornando 100% elétrica seguindo as tendências do mercado - Foto: Vitor Nhoatto

 

Transito
Foi-se a época em que os congestionamentos se limitavam a meia dúzia de marcas e motores barulhentos. Os tempos na esfera social são outros, e na frota também. Apesar de ainda existir diferenças consideráveis de equipamentos entre modelos vendidos no Brasil e na Europa principalmente, os veículos estão mais atualizados, globalizados e preocupados com a segurança e o meio ambiente - Foto: Vitor Nhoatto