A invisibilidade midiática das periferias implica em um apagamento das suas vivências, conquistas e lutas diárias. As histórias de superação, a criatividade, o empreendedorismo e a resiliência presentes nesses locais raramente ganham espaço nas telas e páginas dos veículos de comunicação. Esse quadro reforça a marginalização dessas comunidades, impedindo que suas vozes sejam ouvidas e reconhecidas.
É fundamental compreender que a vida dos subúrbios é essencial para a formação do país. São espaços de resistência, que carregam uma cultura pulsante e vibrante, permeada por expressões artísticas, manifestações culturais e movimentos sociais. As periferias são fontes inesgotáveis de criatividade e contribuem significativamente na identidade brasileira, as crianças jogando bola na rua, o moço que vende Yakult no carrinho, o caminhão da fruta, o bicicleteiro e os varais na laje são elementos que na maioria das vezes estão presentes e reforçam pequenos detalhes da grandeza da cultura periférica.
“Essa avenida aqui fica cheia de criança quando eu faço hot dog de domingo, agora to montando uma máquina de caldo de cana pro dia do pastel, você vai ver, isso aqui lota, outro dia foram 300 pessoas, eles amam as bicicletas”, conta Magrão, o bicicleteiro mais famoso do bairro, que mantém a bicicletaria há mais de 30 anos, na companhia de Negão, o papagaio que só fala japonês. “Eu mesmo ajudei ele quando machucou o olho, mas agora ele tá bem, é um papagaio pirata mas ainda tem o mesmo charme de antes"