Na última sexta-feira (06), foi iniciada a semana de moda de primavera/verão de Nova York, nos Estados Unidos. Ao longo do terceiro dia de evento, domingo (08), marcas como Sandy Liang, PH5, Ulla Johnson e Jason Wu, apresentaram desfiles marcantes envoltos em diversidade cultural e inclusão da multiplicidade.
Ulla Johnson:
A designer americana, conhecida pela sua habilidade em interseccionar moda e arte com um estilo boêmio, apresentou uma coleção que combina utilidade e leveza. Nas peças foram incorporadas pinturas da artista expressionista Lee Krasner, estampando desde vestidos fluidos até alfaiataria.
A abstração das estampas se harmonizou perfeitamente com a leveza dos materiais escolhidos, e as cores magenta e verde criaram um contraste com a paleta neutra predominante no restante da coleção.
Fiel à sua identidade visual, Ulla Johnson manteve elementos característicos em suas coleções, como vestidos leves, aplicações de detalhes artesanais, babados, transparências e rendas, sempre trazendo elegância e sofisticação, além de uma sutil sensualidade,evidenciada em elementos de styling, como a amarração de um fino tecido de chiffon no pescoço de um vestido com um grande decote.
Pela primeira vez, a passarela contou com modelos masculinos vestindo criações originalmente projetadas para mulheres, indicando uma possível expansão da marca para o público masculino.
Sandy Liang:
No desfile mais aguardado pelo público jovem adepto ao estilo viral nas redes sociais conhecido como coquette, Sandy Liang traz, para esta temporada, uma coleção inspirada no vestuário das personagens do desenho infantil “Três Espiãs Demais” e na figura de princesa. Durante o evento , foi possível notar uma variedade de silhuetas que referenciavam os anos 60 e 90.
“Ser princesa é um trabalho, assim como ser uma espiã é um trabalho”, escreve Liang nas notas da coleção.
Nessa coleção, a estilista nova-iorquina deixou um pouco de lado sua marca registrada ultra feminina, e abraça uma personagem mais madura, abandonando o uso de laços na composição e adorno das peças. A persona a quem a Liang elabora suas coleções, está agora se vestindo de uma maneira mais corporativa, usando blazers, bermudas e saias de alfaiataria.
Mas o abandono não foi completo e as características que trazem jovialidade a coleção continuaram presentes, evidente no styling com saltos gatinho, bolsas de babados, tecidos acetinados, gargantilhas, lenços no cabelo, aplicações de pedras brilhantes e até o batom rosa “Snob” da MAC que foi febre nos anos 2000.
PH5
A marca notória por suas cores vibrantes, formas inovadoras em tricô e abordagem sustentável, fundada por duas mulheres asiáticas, apresentou seu trabalho mais recente, intitulado "Save the Ugly Animals", focado em temáticas ambientais.
A coleção recebeu esse nome por conta da visita da designer, Zoe Champion, ao Lago Titicaca, nos Andes, onde passou um tempo com o povo indígena Uru. Ela conta em entrevista à Vogue, que o lago está sendo ameaçado pelas mudanças climáticas, resultando na ameaça de extinção de seu habitante popularmente conhecido como sapo escrotal. A espécie também apareceu, segundo a designer, "em uma lista dos animais mais feios do mundo. Então, nesta temporada, queremos dizer: 'Salve os animais feios'".
A preocupação ambiental da marca vai além de denominações: 95% das peças apresentadas na NYFW foram confeccionadas com materiais reciclados ou sustentáveis e a cada peça vendida, a PH5 planta uma árvore.
As características assimétricas e geométricas das bainhas, típicas da identidade visual da marca, também estão presentes nesta coleção, aplicada a vestidos midi ou longos, blusas de alça e polos. Para esta temporada, o estilo foi inspirado em elementos da jardinagem, refletido em peças que simulam aventais com flores nos bolsos, luvas e nas modelos que carregavam buquês recém-colhidos.
Desempenhado um papel importante na coleção, a cores trouxeram uma identidade vibrante e envolvente. A marca trouxe uma paleta rica em tons pasteis, misturando-os com cores mais ousadas como laranja, verde-limão e azul elétrico, reforçando sua estética futurista.
Jason Wu
Com todas as tragédias acontecendo no mundo, Jason Wu acredita que os designers têm a responsabilidade de abordar isso de alguma maneira em suas criações. Além da iniciativa apresentar apenas uma coleção por ano, nessa ele concretizou sua visão ansiosa e desgastada por meio de seu trabalho artesanal: recortes semelhantes a buracos feitos para o traças, costuras inacabadas e uma escolha de paleta de cores clara,contrastante com algumas peças “manchadas” de preto.
A divergência também está presente na escolha dos tecidos, que entre leves e pesados, criou equilíbrio. Ao final, o pensamento resultante implementado pela coleção é de que por mais que o planeta esteja vivendo uma situação caótica, não devemos deixar de ter esperança.
A coleção também tem um toque pessoal e cultural, com Wu colaborando com o calígrafo taiwanês Tong Yang-Tze. As grandes manchas pretas assimétricas de Yang-Tze foram incorporadas aos looks, trazendo uma conexão profunda com as origens também taiwanesas do designer, além de acrescentar uma camada artística à coleção.