Marc Jacobs celebra 40 anos de carreira

Dos anos 1990 à Geração Z, o estilista comemora trajetória marcada pela fusão entre arte, moda e cultura pop.
por
Gabriela Jacometto
Gabrielly Mendes
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28/08/2024 - 12h

  Conhecido por seu trabalho irreverente, importando o estilo grunge para as passarelas, o estilista Marc Jacobs celebra este ano o aniversário de 40 anos de sua carreira. 

   Visionário, Marc Jacobs foi um dos primeiros a adotar práticas que hoje são comuns, como a colaboração entre moda e arte. Ele trabalhou com artistas renomados como Stephen Sprouse, Yayoi Kusama e Richard Prince, estabelecendo uma conexão entre o mundo exclusivo da arte contemporânea e o mainstream. Seus produtos, ainda altamente desejados, se tornaram itens de colecionador.

  As parcerias de Jacobs também se estenderam ao universo pop, envolvendo celebridades do cinema e da música como Kanye West e Pharrell Williams, que atualmente é diretor criativo da divisão masculina da maison francesa.

Trajetória

   Nascido e criado em Nova York, o estilista teve uma infância conturbada. Após a morte de seu pai,  quando tinha 7 anos, o convívio com sua mãe, que tinha transtorno bipolar, era um desafio diário para o jovem. Assumindo a responsabilidade por seus dois irmãos mais novos, Marc já afirmou  em entrevistas que foi um período bastante turbulento e traumático. 

 

    Quando Jacobs entrou na adolescência, foi morar com sua avó paterna, e seus dois irmãos foram para um orfanato. Com a mudança de casa, a vida do jovem prodígio começou a melhorar. Sua avó foi uma das principais incentivadoras de sua paixão pela moda e dizia que Marc seria um estilista famoso e talentoso um dia. 

   Forçado a crescer precocemente por conta das responsabilidades que assumia, o estilista se formou na High School of Art and Design aos 18 anos e logo depois trilhou seu caminho na renomada Parsons School of Design, que contou com seu projeto final de três suéteres oversized, feitos em conjunto com a sua avó.

   Não demorou muito para que Jacobs começasse a ganhar destaque no mundo da moda. Com seu projeto final, foi considerado o jovem talento do ano e reconhecido por premiações como a Chester Weinberg e o Perry Ellis Award de “New Fashion Talent” pela CFDA (Council of Fashion Designers of America). Neste último, foi a pessoa mais jovem a receber o prêmio.

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Marc Jacobs na Parsons. Crédito: Arquivo Pessoal\Vogue Magazine

    No final dos anos 80, o nova-iorquino passou a ser responsável pela marca Perry Ellis como coordenador da área feminina de vestuário. Na época, Jacobs teve Tom Ford como assistente - nome que se tornaria, anos depois, um dos estilistas mais renomados no mundo, ao lado de seu inicialmente superior.

 Controvérsias

   A trajetória de Marc Jacobs na Perry Ellis não durou muito. Em 1992, o estilista apresentou a “Grunge Collection”, coleção inspirada na cena musical que surgia nas ruas de Seattle.  A criação é  considerada, até hoje, um de seus trabalhos mais controversos e polêmicos. Com uma grande parte da crítica dividida, na Perry Ellis, as opiniões sobre a coleção apresentada foram ainda mais duras, justamente pelo fracasso comercial.

 

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Naomi Campbell desfilando a coleção “Grunge” (Imagem: George Chinsee\WWD)

 

   A coleção passaria anos depois a ser um vislumbre e uma antecipação do fato de que a moda de luxo ficaria obcecada pelo grunge, que serviu de inspiração para a estética dos anos 90. Com tal polêmica cercando a marca e sem uma visão do que viria  acontecer, Perry Ellis demitiu Jacobs. No mesmo ano, o estilista ganhou seu segundo prêmio  CFDA e deu início a seu projeto de nome homônimo.

   A sua marca chegou a ter 280 lojas em mais de 50 países. Em 2015, encerrou a sua linha popular Marc by Marc Jacobs, que tinha como objetivo atrair um público mais jovem com peças mais acessíveis. 

  De 1997 a 2013, Marc Jacobs modernizou a Louis Vuitton ao assumir o cargo de diretor criativo da maison. Durante o período, o estilista ajudou a transformar a marca tradicionalmente conhecida por malas e baús de viagem de luxo numa grife de moda contemporânea. Essa mudança se deu principalmente pelas bolsas e estampas icônicas que o estilista criou para a marca fazendo parcerias com diversos artistas, entre eles, Takashi Murakami, responsável pelo logo colorido da LV que se tornou um item atemporal com a bolsa “Monogram Multicolor”.

  

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Bolsa Monogram Multicolor criada em 2005. (Imagem: Archive LV\ Louis Vuitton)

 

   Em 2020, Jacobs lançou a Heaven, uma etiqueta dedicada à Geração Z, em parceria com a jovem designer Ava Nirui. A coleção, segundo o próprio estilista, é uma linha “polissexual”, feita para  “meninas que são meninos e meninos que são meninas, além daqueles que são nenhum, são o espaço negativo, a euforia suburbana de personagens multifacetados".

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Coleção Heaven by Marc Jacobs\ Fall 21 (Imagem: Hugo Comte\Heaven by Marc Jacobs)

 

   A Heaven é como um refresco e uma diversão a em meio ao mundo da moda atualmente, que se perde em micro-trends e fast fashion. A marca conversa com as particularidades dos adolescentes de hoje em dia, que cada vez mais estão se redescobrindo, assim como Jacobs no passado. O olhar do designer segue atemporal e jovem, Marc parece nunca perder seu espírito juvenil e colorido.   

  Aos 60 anos, Marc Jacobs acumula prêmios CFDA e tem uma estrela na Calçada da Fama da Moda em Nova York. Seu impacto como influenciador é tão notável quanto sua carreira de designer, evidenciado pelos 2 milhões de seguidores no Instagram. Jacobs demonstra, mais uma vez, que é e sempre será uma figura influente no mundo pop.

 

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