No Brasil, a cultura de preservação e colecionismo de objetos históricos é ínfima. O mercado internacional de antiguidades e de militaria (antiguidades militares) é muito desenvolvido no exterior, possuindo sites como o Christies e o heritage auctions que já leiloaram artefatos por 300 mil dólares. Este nicho se assemelha ao mercado de artes, englobando tanto coleções privadas como públicas.
Periodicamente, a polícia brasileira destrói armas ilegais com rolos compressores. O historiador Addler Homero relatou que certa vez ao ser chamado para analisar uma carga que seria destruída, se deparou com um arcabuz (arma de fogo antiga) de aproximadamente 400 anos. No mercado internacional um ‘item’ como este pode custar 100 mil dólares, mas no Brasil ele é destruído. A Lei 4845 de 1965 proíbe que objetos de arte e ofício produzidos no Brasil até o final da era imperial sejam vendidos ao exterior. Entretanto, nenhuma lei incentiva a preservação destes objetos.
À medida que um objeto envelhece, perde sua função prática inicial. No entanto, dependendo do proprietário ou do contexto histórico em que estava inserido, ele ganha um valor "metafísico" baseado no poder simbólico que carrega, deixando de ser apreciado apenas por sua materialidade. Na museologia, esses objetos são chamados de semióforos. O Estado é fundamental na preservação dos bens históricos, porém, é impossível para o poder público ter acesso a todos esses objetos. O colecionismo privado é importante por conservar tudo aquilo que o poder público não conseguiu alcançar. No entanto, para se cultivar esse hábito, é essencial que a sociedade tenha acesso ao conhecimento.
O mito do brasileiro como um povo pacifico corrobora o descaso da preservação da história material do país. Apenas no século XIX, a nação participou da guerra de independência (1822 – 1824), da Revolução Farroupilha (1835 – 1845) e da Guerra do Paraguai (1864 – 1870). Entretanto, se considerarmos as revoltas regionais, o número de conflitos alcança a casa das dezenas. A fala de Addler Homero elucida como a ignorância da população sobre a estes conflitos favorece o descaso com a preservação da história material do país: “Como não se tem conhecimento, não se cria interesse, portanto não há o que se colecionar ou preservar (…) Se não se sabe o valor de tal objeto porque ele seria preservado?