Feito à mão: marcas de confecção própria

Sucesso entre o público, marcas com fabricação particular criam seu espaço no mundo da moda
por
Iris Martins
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12/06/2023 - 12h

A moda é um setor em constante evolução, tanto em termos de conceitos quanto de técnicas de produção. Com a chegada da pandemia de COVID-19, as pessoas tiveram que adaptar suas vidas e formas de trabalho, inclusive no comércio de roupas. As lojas de vestuário migraram para o ambiente online, explorando o e-commerce como forma de driblar os prejuízos causados pela crise global. No Brasil, as vendas online atingiram números recordes em 2021, totalizando mais de 161 bilhões de reais, um crescimento de 26,9% em relação ao ano anterior, de acordo com dados da Neotrust, empresa que monitora o e-commerce no país.

Este foi o caso de Isadora Abelha, proprietária da loja virtual Shop Abelha. Em entrevista à AGEMT, Isadora conta como tudo começou: "Após fazer uma pós-graduação em empreendedorismo e gestão de negócios em 2021, senti um interesse crescente em ter minha própria empresa. Inicialmente, revendia peças de fornecedores, mas com o crescimento da loja, senti a necessidade de criar peças exclusivas, desenhadas e pensadas por mim. Em 2022, lancei uma mini coleção de confecção própria e, em 2023, foquei totalmente nesse segmento, encontrando parceiros na minha cidade e buscando profissionais, importadores de tecidos e modelagens que se alinhassem comigo e com meu público. Deu muito certo."

Croqui da loja Maezza - por: Lucca Bustamante
Croqui da loja Maezza (por: Lucca Bustamante)

Assim como Isadora, muitas pessoas encontraram oportunidades de negócio e reinventaram suas carreiras durante a pandemia. De acordo com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mais de 3,9 milhões de empresas se formalizaram como microempreendedores individuais (MEIs) em 2021, um crescimento de 19,8% em relação ao ano anterior e de 53,9% em relação a 2018. Amanda Ferreira, proprietária da marca de roupas Maezza, compartilhou sua história com o jornal, revelando que sua paixão por trabalhar na aviação foi interrompida pela pandemia. Ela decidiu adiantar outro sonho que tinha em mente: ter sua própria marca. Amanda destaca os desafios de ter uma confecção própria: "O maior desafio é lidar com a produção em si, desde a criação de processos até a entrega final ao cliente. Envolve uma cadeia complexa, desde a criação da coleção, modelagem, negociação e compra de tecidos, corte, costura, acabamento, embalagem, marketing, administração e contabilidade. É um desafio diário que demanda habilidades práticas e criativas."

Marianne Baptista, especialista em tendências na WGSN LATAM, destaca a crescente importância das marcas de confecção própria no mundo da moda, especialmente durante a pandemia: "Desde o início da crise, os consumidores têm apoiado cada vez mais pequenos e médios negócios nacionais, entendendo os impactos econômicos causados pela pandemia. Isso tem levado à atenção especial para marcas que possuem produção própria, principalmente entre os jovens adultos que valorizam marcas alinhadas aos seus valores e compreendem as mudanças que o mercado da moda passou, adaptando-se a uma comunicação remota mais eficaz." Com a COVID-19, muitas pessoas passaram a valorizar e comprar de marcas locais, fortalecendo esse mercado e impulsionando a criação de diversas lojas em diferentes nichos. Isabella Marcela, dona da loja de biquínis Maré Alta Store, afirma: "Nossa marca ganhou uma grande visibilidade, especialmente durante a pandemia, quando as lojas físicas estavam fechadas e as compras online se tornaram a principal opção. No entanto, o investimento em marketing é essencial."
 

Peças da Shop Abelha - por: reprodução da internet
Peças da Shop Abelha (por: reprodução da internet)


Os proprietários de marcas de confecção própria precisam estar sempre atentos às tendências. Livia Sampaio, dona da loja Favorito Crochê, relata em entrevista à AGEMT como identificou a demanda por roupas de crochê: "Após me destacar entre meus amigos com roupas feitas pela minha avó, percebi que havia um público interessado nesse tipo de peça, e o crochê estava em alta na mídia, inclusive entre os famosos. Decidi investir nessa ideia, mas sei que ter uma marca própria vai além de comprar e revender roupas. Exige um planejamento abrangente." "O diferencial dessas marcas está em entender os desejos do mercado brasileiro, trazendo produtos que valorizam a diversidade, brasilidade, peças exclusivas em termos de design, cores e estampas", complementa Marianne.