Elifas Andreato: O combate da opressão pela arte

Capista renomado da MPB lutou durante cinco décadas contra a repressão e buscou diante de suas obras expressar a força da liberdade.
por
Vinicius Vilas Boas, Maria Clara Alcântara
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29/03/2022 - 12h

Um dos maiores artistas plásticos do Brasil, Elifas Andreato morreu nesta terça-feira (29), aos 76 anos, resultante de um infarto. Elifas dedicou grande parte da sua carreira à luta contra o totalitarismo e a defesa pela democracia no Brasil.

Elifas começou sua carreira, durante a ditadura, como estagiário na revista Abril, passando a conviver com pensadores contrários ao regime militar. Com isso, produziu o livro negro da ditadura militar, que foi exposto aos militares quando um de seus companheiros foi preso, resultando em uma perseguição ao artista.

Após essa eventualidade, saiu da revista Abril e participou da fundação do jornal semanal “Opinião”. Nessa época vivenciou a repressão diretamente dentro da redação.

Elifas Andreatto
Foto: Arquivo pessoal

Um dos seus episódios marcantes foi quando o artista resolveu desenhar o D. Paulo Evaristo Arns. O censor, que avaliou a obra, deu um tapa na cara de Elifas e o jogou em um camburão, aprisionando o artista por aproximadamente 3 horas, por conta da cor vermelha escolhida para a roupa do cardeal. Durante sua prisão, foi interrogado e sofreu com violência e humilhação.

      Após ser solto, começou a ilustrar livros e se destacou com uma coleção da Ática chamada Nosso Tempo pela utilização de metáforas, com o intuito de despistar a censura. Mesmo diante da morte do seu companheiro Vladimir Herzog, com imenso medo, continuou a produzir suas obras.

        Andreato lembrava da época da ditadura militar como uma fase muito difícil em sua vida e uma mancha na história do país. Entretanto, dizia que foi o período de maior fertilidade e criatividade de sua geração. 

        Elifas produzia artes como: capas de discos, quadros, cartazes e esculturas, procurando sempre estabelecer diante de suas obras a luta contra o autoritarismo vivenciado. Buscava, também, trazer intérpretes para suas obras e reforçar a importância da luta pela liberdade de expressão.