A quarentena no estado de São Paulo começou no dia 22 de março, obrigando diversos trabalhadores a ficarem em suas casas trabalhando a partir do “Home office”. Só agora o processo de confinamento começa a ter uma flexibilização em alguns munícipios e cidades. Apesar de alguns trabalhadores executarem suas funções em seus domicílios, outros não tiveram essa oportunidade, principalmente os autônomos, entre eles os rimadores de vagões que não estão nesse tempo de pandemia indo para as linhas, deixando os trens e metros menos alegres e poéticos.
Entre esses poetas está Rafael Gomes Alves (18) morador de Itapevi, que antes da pandemia tinha como profissão espalhar sua arte, com suas rimas de improviso pelos trens e metros de São Paulo. “Não estou mais indo por conta da pandemia. Acho que é melhor do jeito que está, os riscos são altos, tanto para mim para quem vai estar assistindo”.
Segundo Alves ainda existiria o agravante da segurança, pelo fato de que é ilegal a pratica de comércio ambulante, de qualquer que seja o tipo nos vagões de São Paulo. “Acho que a CPTM aumentou a segurança, pra evitar contágio pelos produtos dos ambulantes.”Foto do acervo de Rafael Gomes Alves
Para Thiago de Araújo Pires (24), também morador de Itapevi, igualmente praticante de rimas improvisadas pelos vagões da cidade, não está praticando sua forma de sustento na quarentena e também acredita que as segurança nas linhas tenha aumentado. “Não estou indo mais para os vagões por causa da escolta de segurança dentro dos vagões e por causa da pandemia, estou evitando o mínimo de contato com outras pessoas”.
“Acho que por conta da pandemia as pessoas estão tendo gastos maiores, o que vai fazer elas quererem um ganho maior e se arriscarem mais, o que de alguma forma vai aumentar a repressão”, acrescenta Pires para justificar a questão do aumento da dificuldade que os autônomos tem para trabalharem nos trens e metros de São Paulo, ainda mais no momento atual. O artista de rua também revela, assim como Alves não estar trabalhando com nada no momento. “No momento estou desempregado”.
Foto do acervo de Thiago de Araújo Pires
A situação não está a mesma para todos os trabalhadores informais, por exemplo para Eduardo Trevisan (41), motorista de aplicativo a rotina está a mesma, até mais puxada segundo ele. “Só para ter uma noção antes da quarentena em quatro horas de trabalho das sete às onze, fazia cerca de dez a doze corridas, hoje em quatro horas eu faço de seis a sete corridas”.
“Na região central diminuiu bastante (trânsito), mas dentro dos bairros e avenidas regionais o trânsito continua o mesmo como se não houvesse quarentena”, complementa ainda Trevisan em relação a quantidade de carros na cidade.
O motorista ainda afirma estar seguindo padrões de higiene, usando equipamentos de proteção individual e para seu veículo pessoal, que ele usa para trabalho. “Eu tenho álcool em gel no carro e uso também um frasco de água com água sanitária, passo nas portas e maçanetas do carro. Faço uso de máscara.” O profissional acredita que os clientes estão atentos com a atual situação de saúde e bastante preocupados em relação a higiene. “Todos os passageiros que eu transportei são bem conscientes com os equipamentos de proteção. Perguntam se eu tenho álcool em gel e estão bastante preocupados com o que vai acontecer com essa pandemia”.
Foto do acervo de Eduardo Trevisan
Priscila Barbosa Rodrigues (35), cabeleireira informal, moradora do Jardim Veloso, no município de Osasco, também acredita que o número de atendimentos diminuiu nessa quarentena e revela ter um padrão novo para atendimento, devido a problemática sanitária que assola o Brasil e o mundo. “Nossa diminuiu muito. Atendo somente três clientes no dia, com horários mais distantes um do outro, e no intervalo dos horários, higienizar as cadeiras, bancadas com álcool e cloro no chão.”
Rodrigues entende o perigo de trabalhar no atual momento e da facilidade de contágio em seu ambiente de trabalho, além de acreditar que a dinâmica no salão tenha se diferenciado, devido a tensão. “Tem pessoas que não tem nenhum sintoma e não sabe que está com o vírus e é onde pode acabar passando o vírus. As pessoas também tem conversado muito pouco.”
Foto do acervo de Priscila Barbosa Rodrigues