“A charge é um papel auxiliar no processo de construção da civilização” diz Aroeira

Conheça o que há por trás das charges do mineiro Renato Aroeira
por
Marcela Foresti
|
02/04/2021 - 12h

 

O chargista Renato Aroeira nasceu em Belo Horizonte e cresceu em uma família de desenhistas e jornalistas, começou sua carreira na adolescência ilustrando os livros paradidáticos da mãe, que era professora  e as apostilas do pai, que era professor de desenho: "é aquele aprendizado na oficina familiar”. Aos 17 anos passou a ilustrar a coluna de esportes do Jornal de Minas, escrita pelo pai.

Além de fazer ilustrações na coluna de esporte, ele também passou pelas de humor e atualmente política. Fez charges em jornais como O Dia, O Globo, Estado de São Paulo, entre outros.

Ele conta que só foi realmente entender  política no Movimento Estudantil e na construção da imprensa sindical.

Aroeira explica que quando faz suas charges políticas prefere que elas sejam mais complicadas, mesmo que isso faça com que nem todos entendam. Isso porque ao longo dos anos percebeu que quanto mais simples o humor nas charges, mais preconceito há nela: “o humor simplificado tende a ser um humor muito raso”. 

Com o tempo, o chargista aderiu ao politicamente correto e aos lugares de fala, para que não se torne um humor sem graça e que fale apenas sobre as minorias que já sofrem diariamente: "não bato em quem está apanhando”. Aroeira diz que como um crítico social, ele tem a função de  criticar a estrutura que garante a permanência do que está errado.

Outra função de suas charges é tentar informar com humor e fazer com que as pessoas entendam os acontecimentos e fatos, para que assim consigam tirar suas conclusões sobre os assuntos. “Eu tento desenhar para que as pessoas entendam”, ironiza. 

Por outro lado ele não tem a  intenção de  que suas charges resolvam os problemas. “Eu não espero que uma charge resolva nenhum problema, nem atice nada, nem provoque uma revolução ou coisa parecida”, confessa. Para ele a charge é uma pecinha num componente cultural que é necessário para a sociedade mudar de rumo:  “a charge tem um papel auxiliar no processo de construção da civilização”.

No seu processo de criação, ele explica que normalmente já sabe o que quer dizer e só precisa  procurar algum fato que combine com o que ele já tem em mente. Aroeira faz em média de 15 a 20 desenhos por semana, sendo destes 7 charges. 

Além de chargista, Aroeira também é saxofonista e  participa do grupo “Trio das Quartas” ao lado da esposa Cláudia Barcellos, que é violinista e radialista.