O evento ocorreu na noite desta terça-feira (10) em um dos endereços de compras mais luxuosos da capital paulista, o Shopping Iguatemi JK, um dos maiores da América Latina. O coquetel de lançamento contou com a presença de Celina Hissa, fundadora e diretora criativa da marca, consumidoras já cativas, curiosos que passavam por acaso, jornalistas e parceiras que fizeram o sonho sair do papel. Uma curiosidade é que a marca é a primeira de moda autoral nordestina a desembarcar por lá.
Catarina Mina foi o nome escolhido pela dona em 2008, com o foco de expandir para todo o Brasil, a moda que nasceu no Ceará, na sua forma mais crua, composta por bordados, crochês, rendas de bilro (um município da região de Trairi que por causa desse trabalho emprega mais de cinco mil mulheres), labirinto (um tipo de renda muito detalhista e que está próxima de ser extinta), filé (uma espécie de bordado característico da cidade de Jaguaribe) e a tecelagem na palha da carnaúba (uma palmeira-símbolo que abrange os estados do Ceará, Piauí e Maranhão).
A sustentabilidade é um pilar fundamental e indispensável para a grife, o que a levou a se consolidar como uma referência e, mais importante, a integrar o Pacto Global da ONU.
A etiqueta atualmente trabalha com 30 comunidades artesanais que envolvem cerca de 450 artesãs brasileiras, fornecendo não apenas uma fonte de renda estável para elas, mas também promovendo uma verdadeira cadeia sustentável, que têm como princípio valorizar a cultura e a mão de obra local, gerando cada vez mais visibilidade e dignidade para o trabalho dessas mulheres.
A partir de 2019, todas as bolsas carregam um QR Code que redireciona o cliente para o contato da artesã que fez aquele produto, que além da foto, contém também de onde ela veio e sua história.
Em entrevista para a AGEMT, a fundadora da Catarina Mina, Celina, revelou que trazer a marca para um espaço de prestígio representa uma grande conquista. Ela enfatizou a relevância de valorizar o trabalho artesanal de quem as produz, afirmando que o verdadeiro luxo vem do fazer à mão. Para ela, isso conecta diferentes realidades, permitindo que a marca alcance novos públicos e perspectivas.
A coleção, que está presente no Shopping JK, comercializa apenas as peças mais trabalhadas e com uma maior riqueza de detalhes, sendo elas muitas vezes vindas de desfiles, representando um status de exclusividade para os compradores, além dos drops de acessórios que poderão ser encontrados por lá.
A abertura deste espaço é um marco significativo, não apenas pela expansão da moda nordestina em um local majoritariamente ocupado por grifes internacionais, mas também pela capacidade da marca cearense, focada no trabalho artesanal, de quebrar paradigmas impostos por esse cenário. A presença da Catarina Mina neste local ressignifica o conceito de luxo, tradicionalmente associado a marcas estrangeiras. Este feito não só destaca a força que a moda brasileira vem ganhando nos últimos tempos dentro do próprio país, mas também abre portas para uma nova forma de consumo, onde a sustentabilidade e o respeito pela ancestralidade brasileira ocupam o centro das atenções.