Arquitetura hostil: o que é?

Cidade mais rica do Brasil mantém estrutura urbana que colabora com as desigualdades sociais
por
Geovana Bosak
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13/11/2023 - 12h

 

Ao caminhar pela cidade de São Paulo, é possível notar pedras, objetos cortantes e pontudos nos viadutos, bancos, fachadas de lojas e até mesmo nas calçadas. Esses elementos que, à primeira vista, podem parecer parte do design urbano, são chamados de arquitetura hostil. Estrategicamente, as estruturas dispostas em determinados locais são projetadas para evitar que as pessoas, principalmente aquelas em situação de rua, permaneçam no espaço, privando-as de locais de repouso, limitando um direito básico e tornando sua sobrevivência ainda mais difícil.

 

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Estrutura metálica curvada sobre muro. Foto: Geovana Bosak. 

 

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Ponto de táxi sem assento. Foto: Geovana Bosak
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Direito trancado: Banco com cadeado. Foto: Geovana Bosak
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Pessoa sentada ao lado de um objeto pontudo. Foto: Geovana Bosak

 

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Barreiras sobre banco. Foto: Geovana Bosak

 

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Placa de proibido sentar. Metais limitam o acesso. Foto: Geovana Bosak

 

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Estrutura metálica em escadas na rua Líbero Badaró. Foto: Geovana Bosak

 

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Sem acesso: Metais em frente à loja. Foto: Geovana Bosak
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Contraste entre cidade e a arquitetura hostil. Foto: Geovana Bosak

 

 

Notar essa realidade em uma das cidades mais ricas da América Latina levanta questionamentos éticos e sociais sobre o uso do espaço urbano, que deveria promover a interação social, a mobilidade eficiente e a acessibilidade para todos os cidadãos. No entanto, a arquitetura hostil acentua as desigualdades sociais pré-existentes e se apresenta como uma resposta simplista e, muitas vezes, desumana para uma conjuntura complexa. É preciso pensar e cobrar sobre a responsabilidade social na construção das cidades. À medida que a metrópole continua a se transformar e evoluir, a sociedade e os responsáveis pelo planejamento urbano são desafiados a repensar e reformular suas abordagens, garantindo que o espaço público seja verdadeiramente acessível e inclusivo para todos os seus habitantes, independentemente de sua condição social. Negar esse espaço é negar a vida e a existência dessas pessoas.

 

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Eu existo. Motoqueiro olhando para a vida de uma pessoa em situação de rua . Foto: Geovana Bosak