A Jeduca (Associação de Jornalista de Educação) realizou nos dias 12 e 13 neste mês o 6° Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, que teve como tema “Eleições e a cobertura de educação nos próximos anos”. Entretanto, o evento também abordou assuntos como Lei de Cotas, o escândalo dos pastores no MEC, educação na Amazônia, entre outros.
Após dois anos sendo realizado de maneira online, a edição deste ano optou pelo formato híbrido, isto é, era possível assistir de casa as palestras que aconteciam no Teatro Fecap, localizado no Bairro Liberdade, em São Paulo.
17 atrações, entre palestras e oficinas, foram divididas ao longo desses dois dias.
A primeira delas teve como eixo a relação da educação na disputa presidencial. Para isso, os jornalistas da Jeduca, Antônio Gois e Renata Cafardo, convidaram representantes das quatro candidaturas melhores colocadas na pesquisa. Dessa forma, Lula (PT), Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) foram representados pelo deputado Reginaldo Lopes (PT), o ex-ministro Rossieli Soares e o economista Nelson Marconi, respectivamente. A equipe de Jair Bolsonaro (PT) nem mesmo respondeu ao convite da Associação.
A segunda mesa, por sua vez, debruçou-se sobre o trabalho de grandes veículos de comunicação para a revelação do escândalo do MEC (Ministério da Educação), revelado no primeiro semestre deste ano e que culminou na demissão de Milton Ribeiro, ex-ministro da pasta. Nessa ocasião, os palestrantes convidados reforçaram a importância de investigações coletivas. Diante disso, o jornalista Paulo Saldaña, da Folha de S. Paulo, afirmou: “O jornalismo resgata a sua missão mais nobre que é a de revelar aquilo que o poder quer esconder”.
Em seguida, os professores Raimundo Kambeba e Kátia Schweickardt conversaram com Karina Yamamoto, membro do Comitê da Jeduca, sobre os desafios de lecionar na Floresta Amazônica. Uma das questões levantadas pelos educadores foi a da padronização do ensino, eles defenderam que não há como uma pessoa de Manaus ter as mesmas necessidades educacionais que alguém de São Paulo, é imprescindível refletir sobre as particularidades locais.
Ademais, os palestrantes evidenciaram a ausência de coberturas jornalísticas nesse território. Em entrevista à AGEMT, Kambeba afirmou que falar da educação amazônica num congresso desse porte é de grande importância, pois “vão começar a olhar a educação da Amazônia de uma forma mais respeitosa e mais organizada [...] um evento como esse faz com que haja uma visibilidade maior para o processo de educação que queremos”.
Além da diversidade regional, a conferência contou com a representatividade racial em diferentes momentos, como nas palestras “Do Quarto de Despejos às escolas”, “O que jornalistas de educação devem priorizar na cobertura de eleições?”, “Educação com escolas fechadas: experiências internacionais”, “Jornalismo, leveza e humor: a educação sob diferentes abordagens”. Uma em especial discutia os aprendizados e desafios dos dez anos de Lei de Cotas, nela estavam presentes o professor de sociologia Luiz Augusto Campos, a doutora em educação Dyane Brito Reis, Luanda de Moraes, a primeira reitora negra da Uezo (Centro Universitário Estadual da Zona Oeste), no Rio de Janeiro, e o editor-chefe do portal Alma Preta, Pedro Borges.
Outro ponto interessante do seminário foi a participação de jornalistas de diferentes lugares, caso de Allan Arroyo Castro, Erick Juárez Pineda, Paula Casas Mogollón, Patience Atuhaire e Kalyn Belsha que são, respectivamente, da Costa Rica, México, Colômbia, Uganda e Estados Unidos.