Transporte público no país enfrenta racismo

Motorista da SP Trans é testemunha de caso: “Foi uma situação triste que não achei que iria viver”
por
Yerko Maurício Bazan Matias e Pietra Nóbrega
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23/11/2020 - 12h

    O racismo continua sendo um dos maiores problemas sociais enfrentados nos séculos XX e XXI no brasil, causando exclusão, desigualdade social e violência. Principalmente nos transportes públicos, onde aparecem muitos vídeos gravados nessa situação e viralizam na internet.

A maioria da população negra que usa transportes públicos já sofreu ou presenciou racimo em ônibus ou metros do Brasil. Devido ao alto nível de discriminação de pessoas brancas, que acham ter o poder de excluir as pessoas negras de um vagão ou assento pela cor da pele ser diferente.

A circulação de notícias e vídeos de racismo nos transportes da CPTM e a SP TRANS são extremamente altas ultimamente, quase todos os dias têm uma postagem de algum vídeo com o conteúdo de violência verbal contra pessoas negras na cidade de São Paulo.

Jailson Cabrera, motorista da SP TRANS, conta que presenciou um ato racista enquanto estava trabalhando: “Eu escutei uma discussão no fundo do ônibus mas não estava entendendo direito o que estava ocorrendo, depois de um tempo percebi que  uma mulher estava  xingando um homem negro por encostar nela sem querer, foi algo que eu nunca pensei que iria presenciar no meus dias de trabalho.”

 “Nunca tinha presenciado racismo antes, a minha primeira vez foi no meu trabalho, em uma situação que nunca pensei presenciar. E infelizmente no meu trabalho é onde escuto mais sobre casos de racismos”, conta Cabrera.

Segundo ele, "as empresas por trás dos transportes públicos de todo o Brasil, deveriam ter mais coerência em situações como essa e qualquer outro crime envolvendo pessoas que usam o transporte da empresa".

 

        O motorista defende que as pessoas envolvidas em casos de racismo deveriam ser multadas sem usufruir do transporte por um tempo, "pois é triste conviver com isso como se fosse normal”

        O estudante Paulo Vitor Arruda, de 19 anos, conta já ter sido vítima de racismo no metrô do centro de São Paulo. Segundo Arruda, ao entrar no metrô, avistou um lugar livre do lado de um homem mais velho.

      Ao sentar-se, o homem o pediu para ele não sentar ao laudo pois ficaria incomodado, e falou para ele ficar em pé ou ir para outro vagão.

      “Foi horrível, fique em choque na hora, não acreditei. Me senti impotente e como se fosse de outra espécie. Tudo que consegui fazer foi sair de perto dele, revoltado”, diz Arruda.

 Ele conta, que depois do ocorrido ficou algumas semanas evitando usar o metrô, pois não queria voltar ao local que tudo aconteceu.

     “Ser humano nenhum deve passar pelo que eu passei e se sentir como me senti. É desumano e muito injusto. Não devemos aceitar”, desabafa. O jovem acredita, que medidas mais severas devem ser tomadas pelo governo, pois "é inaceitável racismo nos dias de hoje".

   “Se existisse leis mais severas e com penas maiores as pessoas teriam mais respeito e não iriam cometer racismo com frequência. Deve-se tomar providências bruscas para que as pessoas negras possam viver com o respeito que merecem”, conclui Arruda. 

 

 

 

 

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