Há quem diga que a crise econômica que vivenciamos desde 2014 é bastante similar com aquela que ocorreu em 1929. O contexto pode até diferir, não vivemos num período entre guerras e a especulação financeira não foi o estopim do nosso colapso, mas o cenário pós-crise é bastante similar.
O consumo das famílias brasileiras despencou, assim como a capacidade de produção da indústria. O desemprego é elevadíssimo e influencia, de forma direta, o poder de compra das famílias. Se essa mesma situação fosse relatada no século passado para algum economista, ele diria que estamos lhe apresentando as consequências da crise de 29.
A história é benéfica pois nos dá parâmetros. Sabemos o que motivou a quebra da bolsa de valores norte-americana, sabemos as consequências desse colapso e, o mais importante, sabemos como a crise foi superada.
John Maynard Keynes foi o responsável por elaborar uma teoria econômica que apresentasse uma ação anticíclica capaz de estancar os vazamentos da teoria neoclássica, vigente até então. O sistema de trocas elaborado pelos neoclássicos não é tão simples e orgânico quanto parece. Nem sempre o dinheiro retorna para a economia real.
Keynes acredita que a superação da crise se encontra nos gastos do Estado. Portanto deve-se investir em saúde, educação, transporte e outras despesas que garantem o funcionamento da máquina pública. É através do financiamento de terceiros, que geram bens de capitais, bens intermediários e bens de consumo, que haverá o aumento do emprego e consequente elevação do salário e do consumo.
O problema é que o Brasil se encontra extremamente endividado, o que inviabiliza os investimentos públicos. Uma saída seria o país encontrar uma maneira de enxugar a dívida pública, sem congelar os gastos no setor. Mas com Paulo Guedes e companhia, isso não acontecerá.
Assim, uma boa saída seria deixar de lado a ideia de estado mínimo. Quanto mais investimentos o Estado realizar, mais emprego e arrecadação o país irá gerar. Vale lembrar, que a normalização da taxa de desemprego, é essencial para fazer a economia voltar a rodar. Então, devemos, sim, ser Keynesianos.
No mês de junho foi aprovado pela Anvisa (A Agência Nacional de Vigilância Sanitária) duas propostas preliminares que podem liberar o cultivo da planta de Cannabis sativa no Brasil para fins medicinais e científicos, além da produção de medicamentos nacionais com base em derivados da substância.
Na nota de esclarecimento dada no 1° semestre de 2019 presumem que apenas empresas possam cultivar a planta em ambientes controlados sob supervisão da Anvisa e de autoridades policiais, e que a venda seja feita diretamente para a indústria farmacêutica ou entidades de pesquisa.
De acordo com as normas, serão aplicáveis apenas a medicamentos para pacientes com doenças debilitantes graves e/ou que ameacem a vida e sem alternativa terapêutica. Pesquisas consistentes comprovam os benefícios dos ativos da maconha, como o canabidiol, para o tratamento de diversas doenças, entres elas a esclerose múltipla.
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica, crônica e autoimune- ou seja, as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões cerebrais e medulares. Os pacientes são geralmente jovens, em especial mulheres de 20 a 40 anos. A doença não tem cura e pode se manifestar por diversos sintomas, como por exemplo: fadiga intensa, depressão, fraqueza muscular, alteração do equilíbrio da coordenação motora, dores articulares e disfunção intestinal e da bexiga.
A ABEM (Associação Brasileira de Esclerose Múltipla) estima que atualmente 35 mil brasileiros tenham Esclerose Múltipla. Diante dessas informações, conversamos com a Pesquisadora Científica Alice Esteves Dias para saber mais.
A quanto tempo você trabalha na ABEM?
Cerca de 15 anos
Qual a sua opinião do cannabis medicinal no tratamento da esclerose múltipla?
O uso do canabidiol (CBD) como tratamento complementar e adjuvante da Esclerose Múltipla (EM) pode ser opção vantajosa, desde que prescrito criteriosamente por médicos especialistas. As expectativas são as melhores para o uso do CBD na EM, pois algumas evidências científicas apontam para resultados satisfatórios. Contudo, estudos mais abrangentes são requeridos, inclusive para analisar os efeitos a longo prazo nos diferentes tipos de EM.
Quais as vantagens ou desvantagens desse medicamento para o tratamento?
A vantagem do uso do CBD é a aparente eficácia em espasticidade e dor, sintomas bastante incapacitantes em pessoas com EM. Além disso, há a disponibilidade de produtos industrializados na forma de gotas, cápsulas e spray nasal em concentrações variadas.
Em contrapartida, a desvantagem atual é que existem ofertas paralelas e sem qualquer critério de fabricação atuando livremente na comercialização do cannabis, o que torna o uso incerto e perigoso, pois estimula a automedicação. Vale ressaltar, que essa condição pode desencadear reações adversas inesperadas e prejudiciais.
Porque você acha que só foi aprovado agora a liberação do cultivo de maconha medicinal para indústria e ciência?
Os avanços científicos abarcam diversas abordagens na direção do melhor manejo das doenças, inclusive para a EM. Nesse sentido, toda e qualquer liberação medicamentosa obedece etapas, o que necessita de tempo hábil para aprovação segura.
Se você tiver uma pesquisa relacionado ao assunto e quiser falar um pouco sobre, sinta-se a vontade.
Até o momento, não há nenhuma pesquisa relacionada ao uso do CBD em EM na ABEM.
A pesquisadora da ABEM nos indicou a paciente Marli Falchi, que é uma portadora da doença e usuária do Canabidiol. Conversamos e ela nos relatou sua história e trajetória com o medicamento.
Marli Falchi começou a ter os sintomas em 2006, mas foi em 2007 que saiu o diagnóstico: Esclerose Múltipla. Desde então, começou a luta para uma vida melhor e mais saudável devido às condições de sua doença. Em 2015 ela procurou sobre o óleo do cannabis, se associou à Abrace Esperança e tomou o remédio por 2 anos.
Mas antes disso, uma conhecida lhe trouxe o óleo da Espanha escondido.
Tomava três gotas por dia, “era ótimo, comecei a me sentir muito bem.” Após esses dois anos com o medicamento ela achou que não estava mais fazendo o efeito esperado, acabou descobrindo outro lugar que fazia Canabidiol com um óleo mais forte.
Em 2018 começou a fazer o consumo diário, porém, já estava fazendo o uso de muitos remédios antidepressivos, e optou por parar com o medicamento a base de Cannabis.
No mesmo ano, resolveu retornar com o uso, “Aí eu tinha parado, retornei ao óleo com um mais forte, óleo de florianópolis”. Marli fez tudo por sua conta. Tomava as gotas conforme a associação explicava. E Por que? Segundo ela, o médico que passou a receita do óleo do cannabis falou que tinha que comprar o remédio importado, “Primeiro que é caríssimo e outra que eu não conseguia achar quem vendia”. Foi a partir daí que começou a tomar o óleo da Abrace e de florianópolis. Durante a conversa ela deixou claro que não falaria como consegue e quem fornece.
“Eu tive uma prova esses dias, fiquei uma semana sem tomar o óleo porque acabou e eu fiquei horrível! Essa semana que fiquei sem, eu fumava apenas a planta. Nossa!! Eu só queria ficar na cama e dormir.”
Quando começou com o óleo, seu médico falou pra ir diminuindo com o medicamento baclofeno, relaxante muscular de ação central usado para tratar espasmos, soluços persistentes e neuralgias, sua rotina era de 5 comprimidos por dia.
“Passei a tomar 2, 3 … 2, 1. Agora estou com 1 de manhã e 1 de noite, para prevenir crises. Mas o que está me segurando é o óleo da cannabis, eu tenho certeza. Quando eu fumo é momentâneo, já o óleo, funciona pro dia inteiro.”
Atualmente, uma médica que ela frequenta, indicou que aumentasse a dosagem de óleo do cannabis, mas não gostou muito, “Fiquei pior! É um efeito rebelde, nem menos e nem mais. Tem que ser na medida.”
Marli diz que com o uso do óleo tem mais clareza, que pensa melhor.
“Eu fiquei mais esperta, não durmo à tarde. Tenho ideias novas… eu nunca gostei de ler, mas agora que eu escrevo, pretendo escrever um livro e falar toda minha experiência. Eu uso cannabis tem 4 anos e se eu puder usar mais, eu vou usar. Indico pra todo mundo que tem o mesmo problema que eu. Me faz tão bem que quero passar para frente.”
BOX
A luta de milhares de ativistas e pacientes brasileiros que militam no campo da cannabis medicinal teve mais uma importante vitória neste início de 2019. Isso porque a Justiça Federal determinou que o Governo comece a disponibilizar medicamentos à base de cannabis no SUS, o Sistema Único de Saúde.
Por conta das ações de pacientes que entraram na Justiça para ter garantido o direito ao tratamento com cannabis medicinal baseando-se nos artigos 196 e 200 da Constituição. Os trechos tratam do acesso à saúde pública como garantia de todo cidadão, além de abordar as próprias funções do SUS. Na decisão o juiz também concluiu que o não fornecimento do medicamento, inacessível para muitas pessoas por conta dos altos custos de importação, fere os direitos constitucionais.
Por muitos anos foi tirado da mulher o direito de se descobrir e também o direito de sentir prazer. De conhecer seu corpo, de ter explosões de felicidade. Para as mulheres existe padrão em como agir, pensar e falar quando o assunto é sexo. Demorou muito tempo até a ciência levar a sério o orgasmo feminino. Enquanto o ápice do prazer entre os homens é estudado desde meados de 1930, as mulheres só foram ser estudadas de fato durante um orgasmo em 2011. Em 2018 foi divulgado que apenas 22% das mulheres brasileiras chegam ao orgasmo. As mulheres heterossexuais são o grupo que chega menos vezes, enquanto as lésbicas atingem 86% e as mulheres bissexuais 66%, informa uma pesquisa da UOL. Existe a teoria que algumas mulheres recebiam massagens pélvicas para induzir paroxismos histéricos ou orgasmos como parte de uma cura, segundo a série Explicando Netflix. Entretanto, masturba-las era um trabalho desgastante então, com o desenvolvimento da tecnologia, ajudaram a criar o vibrador. Desde os anos 1970 quando algumas feministas vendiam brinquedos sexuais em pequenas lojas, houve uma expansão na indústria. Em 2017, estima-se que sejam mais de 15 milhões de dólares.
Os vibradores são objetos projetados para buscar de várias maneiras o prazer da mulher, saindo até mesmo do comum: como uma parte do corpo humano. Dessa forma, o vibrador surge como um aliado. É preciso em primeiro lugar, ter autoconhecimento, sobre o próprio corpo e os desejos.
Cada vez mais vídeos tem repercutido nas redes sociais, chamando atenção do público pela forma que os casais encontram para se divertirem sexualmente, com o uso de vibrador por via de aplicativos para celulares. Muito se fala sobre os aspectos positivos e negativos da Internet, no quesito prazer, ela não decepciona. O avanço da tecnologia, trouxe a possibilidade de se satisfazer com o parceiro ou parceira mesmo que a distância, acrescentando ainda mais diversão na vida sexual do casal.
Conversamos com a Priscila Sueli, dona da sex shop Diva Pimenta, para relatar melhor sobre a busca das mulheres pelo prazer. A preocupação sobre o afastamento da relação corpo a corpo é discutido cada vez mais conforme a tecnologia desenvolve. Em relação aos vibradores, quando perguntado se isso pode afetar a vida sexual, Sueli acredita que o uso de vibradores via aplicativos, na verdade, só tem a acrescentar e aproximar.
Como muitos percebem a timidez e a procura da autonomia do próprio prazer ainda são um tabu, “Eu morria de vergonha. Como existe ainda no Brasil e a gente sabe, tem muita gente travada, eu era muito envergonhada, quem tinha menos timidez era minha mãe”, contando sobre sua própria experiência. O fato de ter uma sex shop a fez sentir mais confiante e aventureira, sobre o próprio prazer, percebendo que essa é a essência da sua profissão.“Eu aprendi com elas (clientes) o lado profissional do sex shop, que é tenta ajudar. Quando a pessoa entra ela não quer que a gente pense na sacanagem, às vezes ela até quer salvar um casamento, namoro, introduzir alguma coisa que vai alegrar a relação”
E por essa razão que os vibradores são considerados uma forma de fortalecimento da independência, da autonomia e do empoderamento feminino. Não é preciso se contentar com relações ruins ou aceitar menos esforço e dedicação do que você merece. Como resultado, há impactos positivos não somente na felicidade e prazer, como também em questões relacionadas à saúde íntima como a lubrificação vaginal, fortalecimento do assoalho pélvico e facilidade de atingir o orgasmo.