Novo projeto de Dua Lipa é contagiante, revigorante e espontâneo, mas sem tanto brilho quanto seus precedentes
por
Vitor Nhoatto
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07/05/2024 - 12h

 

Depois de dois anos de espera, na última sexta-feira (3), o terceiro álbum de estúdio da cantora inglesa de descendência albanesa, Dua Lipa, chegou. Com onze faixas, estética bem trabalhada e sonoridade respaldada por Kevin Parker, ex-integrante da banda Tame Impala, "Radical Optimism" é como um mergulho musical refrescante, apesar de truncado.

A nova era da cantora prometia fazer jus ao estrondoso sucesso de "Future Nostalgia", seu último álbum, ao passo que prometia trazer novos ares. O último grande trabalho, de 2020, foi responsável por consolidar Dua no cenário internacional da música, a colocando entre as mega estrelas globais do pop em termos de desempenho comercial, crítico e popular.

Lançado em plena pandemia, com inspiração dos anos 90 e 80 e pensado para as pistas de dança, as expectativas desanimadoras diante do lockdown foram amplamente superadas, e a carreira exitosa da cantora continuou. O álbum conquistou vários certificados de platina mundo afora, além do título de música do ano com Levitating, em  2021, pela Billboard. Future Nostalgia é um dos 15 melhores álbuns do século, ainda segundo a revista estadunidense.

Antes dele, o álbum auto-intitulado de Dua, seu primeiro, lançado em 2017, já havia aberto a estrada do sucesso. Duplo vencedor no Grammys de 2019, com seis faixas certificadas de platina, como o primeiro grande hit da artista, "New Rules", e sendo o álbum de uma artista feminina mais escutado da história do Spotify, o sarrafo para o novo projeto era altíssimo.

Nova perspectiva

Iniciada a largada para a vinda de Radical Optimism oficialmente em 9 de novembro do ano passado com "Houdini", após provocações nas redes sociais alguns meses antes, um novo rumo era indicado. O lead single apresentou um som diferente à cantora até então, com elementos do rock e pop psicodélico, além de um videoclipe que estreava o novo visual da cantora, agora ruiva, e letra provocativa e instigante.

 

Em entrevistas a programas de televisão e rádios, Dua contou que o novo projeto era para si uma nova fase como artista e também como pessoa, na qual se sentia mais confiante, preparada e disposta a ousar. Tais ideias explicam a escolha do nome e da capa, que representam a coragem de enfrentar novos mares, a parte do Radical, fazendo isso com serenidade e sabedoria, por isso do Optimism. No entanto, a sonoridade se perde em algumas músicas e não se traduz tão consistente e convincente quanto a estética.

Os trabalhos no álbum começam com a faixa "End Of An Era", marcada por um frescor convidativo. O instrumental é alegre acompanhado por um baixo, e os vocais remetem a um clima tropical descontraído. Tal atmosfera também está presente em "These Walls", menos carregada que a primeira, ao narrar uma relação sem futuro, na qual nenhuma das partes quer terminar por conveniência e medo de se machucar.

Uma temática recorrente na discografia da artista sempre foi o amor, tido por ela como um dos melhores e mais necessários assuntos no mundo. Porém, diferente de algumas estrelas pop, suas letras não são necessariamente autobiográficas, e Dua prefere manter sua vida pessoal mais reservada. Suas composições na maioria das vezes buscam animar e encorajar pessoas, como em "Training Seasons", segundo single lançado em fevereiro, com uma vibe dançante e empoderada e bem produzida por Kevin Parker.

"Whatcha Doing" mantém o alto astral com seu instrumental bem anos 90, mas peca um pouco ao carregar demais a canção com sintetizadores, sufocando o brilho da voz única de Dua. Em seguida a velocidade diminui em "French Exit", termo em inglês que significa sair de uma festa sem se despedir. A letra é bem humorada, há maior uso de instrumentos analógicos e um som que puxa levemente a um estilo mais acústico. Além disso, no pós refrão, ela canta em francês filer à l'anglaise, expressão equivalente ao nome da canção, que significa sair ao jeito inglês. O trocadilho entre os países historicamente rivais busca destacar que toda relação é de duas vias e depende da perspectiva que é vista.

Mergulhando no House e Disco, "Illusion" convida o ouvinte a dançar enquanto dá uma injeção de autoestima. As referências às pistas de dança dos anos 80 ganham frescor na faixa lançada pouco tempo antes do álbum completo, como terceiro, e até então último single. O videoclipe, propriamente gravado em uma piscina olímpica em referência à molhada capa do projeto, é colorido e de ótima direção, feito por Tanu Muiño. 

 

Ainda trazendo elementos de outras culturas, "Maria" se distancia um pouco do pop ao flertar com o flamenco. Se sobressaem instrumentos como a flauta e o violão enquanto Dua canta sobre aprender com relações passadas. Sendo uma das quatro faixas que Kevin Parker não produziu, junto a "These Walls", "Falling Forever" e "Anything For Love", a sonoridade é curiosa e não tão carregada como as demais.

Já "Falling Forever" é uma balada romântica bem Europop, com um refrão que destaca a potência vocal da cantora, trecho que inclusive abre a faixa. A letra é reflexiva e bem trabalhada, abordando a possibilidade e a vontade de que o fogo de uma relação não se apague. Em entrevista ao canal Zach Sang Show, ela conta que a canção retrata a sua relação atual, com o ator britânico Callum Turner.

Após o baque emocional, o ouvinte se depara com uma espécie de interlúdio, "Anything For Love". Tido como uma música como as demais e não uma pausa propriamente, mantendo a cantora fiel ao não uso de interlúdios, a faixa é como uma quebra desnecessária. Com um ritmo que se anima no segundo verso, poderia funcionar se o álbum fosse mais extenso, mas com apenas duas outras músicas após ela, parece um pouco deslocada.

Encerrando o álbum, "Happy For You" tem um ar revigorante e de finalização. A letra traz uma perspectiva de superação e amadurecimento diante de um relacionamento passado no qual ambos seguiram em frente. Dua conta em entrevista ao a Zane Lowe para a Apple Music que a faixa é uma contemplação de como amadureceu e hoje enxerga as coisas com otimismo. Com ambientação de pássaros ao fundo e sons da natureza, o instrumental dominado pela bateria abraça o ouvinte e não esmaga a voz da artista como em algumas outras faixas produzidas por Kevin Parker, e encerra o projeto adequadamente.

Sensação final

Ao fim da jornada, constata-se mais uma continuidade da sonoridade e da carreira da artista do que uma mudança radical, como sugere o título. Com três singles lançados, o projeto é robusto e alegre. "These Walls" e "Happy For You'' destacam as habilidades vocais. Enquanto isso, "French Exit" e "Maria" frisam a originalidade lírica, mantendo a irreverência de Dua Lipa, responsável por seu sucesso. Porém, o álbum não é tão bem trabalhado como deveria e sem tanto fôlego e coerência como em "Whatcha Doing" e "Anything For Love".

Como seus antecessores, espera-se que o "Radical Optimism" ganhe versões estendidas, por conta da pequena duração e por Dua ter revelado em entrevista ao programa Jimmy Kimmel Live que compôs 97 músicas ao todo. Para comparação, o Dua Lipa (Deluxe) conta com 17 faixas e sua reedição de 2018, 25. O Future Nostalgia, por sua vez, possui 13 faixas, enquanto que o relançamento The Moonlight Edition de 2021 possui 19. 

Bem produzido, o projeto não tem tanto brilho quanto o seu primeiro álbum e principalmente quanto o Future Nostalgia, mas é cativante e refrescante. As letras são interessantes e possuem ganchos excelentes como em "Training Seasons" e "Illusion", e a sonoridade, apesar de algumas vezes ser confusa ao decorrer da jornada de 36 minutos, entrega emoção.

O dia de lançamento contou com 20.5 milhões de streams no Spotify, a quinta maior estreia até então entre as artistas femininas neste ano, revelando a força da artista. Porém, somente "These Walls" entrou no top 50 da plataforma no dia, juntando-se aos três singles "Houdini", "Training Seasons" e "Illusion", entregando as pequenas pontas soltas do álbum.

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Finalista do Prêmio Jabuti, distribui autógrafos e exibe a 3ª edição da trilogia
por
Luenir Gomes Batista
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06/05/2024 - 12h

 

Professor da Pontifícia Católica de São Paulo (PUC-SP), estreou seu novo livro, na quarta-feira (24/04), no anfiteatro do TUCA. O evento contou com a participação de especialistas acadêmicos e de ficção que discutiram sobre a obra e o uso da inteligência artificial nos dias atuais.

O romance de estreia de Fernandes, Os dias da peste, foi publicado pela primeira vez em 2009. A narrativa cyberpunk segue o formato de diário, que conta em primeira pessoa a história do despertar das máquinas na perspectiva de um técnico em informática, o professor universitário Arthur Mattos. Na trama, acompanhamos o protagonista tentando resolver os problemas e entender o que está acontecendo com os computadores, que começarão a seguir alguns comandos que não foram dados, como se adquirissem consciência própria.

Embora a criação de IA seja uma temática recorrente na ficção científica, a obra de Fernandes apresenta suas particularidades que ultrapassam a barreira do ficcional, construindo uma espécie de metanarrativa e metacrítica. Essa característica gera uma grande conversa entre o autor e o leitor sobre um mundo num processo de transformação que em um primeiro momento se mostra sorrateiro e vertiginoso.

Pollyana Ferrari, professora da PUC-SP presente no evento, faz analogia ao livro e conta que um dos problemas da nova geração é a falta do hábito de leitura e que isto se dá pela aceleração, já que a tecnologia nos submete a isso. “Hoje em dia tudo é acelerado, áudio no modo acelerado, série em modo acelerado […] Mas com o livro não é assim, as pessoas não têm mais paciência.” 

Fausto Fawcett, um dos convidados e autor do prefácio do livro, conta sobre a inspiração do autor "Fábio se inspirou num livro sobre a peste que assombrou a Inglaterra em 1666 escrito por Daniel Defoe (o mesmo que escreveu Robinson Crusoé) intitulado Diário do Ano da Peste, publicado em 1722.” 

 

Imagem da capa da 3ª edição de os dias da peste (Reprodução: Editora Desconcerto)

 

Outras edições

Nelson Freiria, comentarista de livros e cultura cyberpunk, relatou que a primeira edição das produções de Fernandes, por ser uma publicação da Tarja Editorial, apresentava o problema das páginas brancas e finas, com grande transparência em algumas condições de luz, podendo ser um inconveniente para alguns leitores, assim como a fragilidade do papel. E acrescentou que o prefácio foi escrito por Adriana Amaral. Já em outras edições, essas características mudaram.

 

  Capa da 1ª trilogia (Reprodução: Editoria Tarja)   Imagem capa da 2ª edição(Reprodução: portfólio do autor)

Na segunda edição, apesar da oportunidade de alterar datas e outros detalhes da trama, como tecnologias e softwares, o autor optou por não mexer em sua obra. No entanto, houve uma mudança no prefácio, que agora conta com as palavras de Fausto Fawcett, conhecido músico carioca e autor de "Santa Clara Poltergeist" (1991). 

Ao final do evento o autor finalizou com autógrafos, e disse “Este livro veio para a complexidade, não para explicar”.

Imagem em auditório da PUC, autor distribui autógrafos ao final do evento (Foto: Lueny)

Sobre o autor

Fábio Fernandes (1966) é jornalista e escritor, doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, onde atualmente ministra o curso de Jornalismo. Seus esforços literários vão além da escrita, já que ele também traduziu vários livros, incluindo obras notáveis ​​como Laranja Mecânica e Bons Presságios. Entre suas criações estão os romances Os Dias da Peste, DE VOLTA À URSS (finalista do Prêmio Jabuti 2020), O amor vai nos separar, Sob pressão e Rio 60 Graus, além das coletâneas de contos Amor: Tem Arqueologia e 16 anos. Além disso, realizou pesquisa de pós-doutorado na ECA-USP sobre narrativas utópicas e atua como líder do grupo de pesquisa interdisciplinar Observatório do Futuro, filiado à PUC-SP.      

Como adquirir o livro 

A obra está  disponível em e-book e físico no Amazon, Kindle e no site Desconcertos editora.

Para mais informações acesse o site: OS DIAS DA PESTE (Volume I da TRILOGIA DA PESTE) – Desconcertos Editora

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A precursora da música pop atraiu mais de 1,6 milhão de espectadores para seu espetáculo
por
Pedro da Silva Menezes
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06/05/2024 - 12h

Na noite de sábado (04) Madonna transformou Copacabana na maior pista de dança do mundo. A cantora realizou o encerramento da The Celebration Tour na cidade do Rio de Janeiro. O evento patrocinado pelo Itaú comemorou 100 anos do banco e 40 anos de carreira da artista. Em um palco com o dobro do tamanho original, 812 metros quadrados, o show gratuito celebrou a história da rainha do pop.

Madonna durante abertura do show com “Nothing Really Matters”.
Abertura do show com “Nothing Really Matters”. FOTO: Pablo Porciuncula/ AFP

A cidade maravilhosa sentiu o efeito Madonna. Em dados publicados pelo governo do estado, a cidade recebeu cerca de 150 mil turistas nacionais e internacionais. Houve 96% de ocupação dos hotéis. 

O investimento para que o evento ocorresse chegou a R$60 milhões. O valor foi compartilhado entre o Itaú, Heineken, a prefeitura e o governo do Rio de Janeiro. "O show faz parte da política de atração de grandes eventos para a cidade, como ocorre com a realização do Rock In Rio, ou no Carnaval e Réveillon", explica a gestão. O retorno para a economia local foi de mais de R$300 milhões, segundo Cláudio Castro, governador do estado.

Em sete atos, a lenda da música revive momentos de sua história e ressurge com discussões importantes. Ela extraiu 25 canções dos seus 14 álbuns de estúdio para setlist. Durante “Live To Tell” surgem fotos nos telões de personalidades internacionais - e brasileiras - que faleceram em decorrência da AIDS. 

Madonna em performance de "Live to Tell" com imagens de vitimas da AIDS nos telões.
Renato Russo e outras vítimas da AIDS, durante homenagem. FOTO: Divulgação/ Globo

Em “Vogue ", Anitta subiu ao palco para celebrar a cultura LGBT+. Na apresentação, há um desfile de dançarinos executando o estilo que inspirou a música. O número teve a presença de Estere, filha de Madonna,  que ganhou nota 10 da artista brasileira com seus passos. Este momento e outros contam com a participação dos filhos adotivos de Madonna. Mercy James, de 18 anos, David Banda, também de 18, e as gêmeas Stella e Estere, de 11, abrilhantaram o palco em diferentes momentos da performance.

Anitta e Madonna dando notas ao desfile de Estere, filha de Madonna, durante performance de "Vogue".
Madonna, Anitta e Estere durante “Vogue”. FOTO: Manu Scarpa/Brazil News

Pabllo Vittar subiu ao palco ao som de “Music” com instrumental feito por Pretinho da Serrinha e os jovens ritmistas da "Tropa do Little Black". Com camisa do Brasil as duas estrelas pop dançaram e Madonna fez o famoso passo de dança ‘quadradinho’ na cara de Pabllo. Com o verso “Música faz as pessoas se unirem”. A artista deixou claro que além de honrar sua própria trajetória estava exaltando a cultura brasileira.

 

No estilo mais Madonna possível, ela beijou seus dançarinos em “Open Your Heart” e em  “Hung Up” sua bailarina transexual Jal Joshua. Na música “Fever”, a diva interagiu com uma representação sua dos anos 90  em referência ao documentário “Na cama com Madonna” e simulou uma masturbação. O espetáculo teve desde flerte com “Jesus” até bailarinos apenas de calcinha. 

A face provocativa de Madonna a tornou revolucionária para a música, usando a sexualidade como forma de resistência, ela conseguiu se consagrar no mercado musical em tempos onde a expectativa era a feminilidade pura para as mulheres. Sua carreira abriu espaço para a voz das mulheres que vieram após dela. “A coisa mais controversa que já fiz foi permanecer.”, ela replica sua fala durante a aceitação do prêmio de mulher do ano pela revista Billboard no concerto.

Beijo entre Madonna e dançarina.
Beijo entre Madonna e dançarina. FOTO: Manu Scarpa/ Brazil News

Em duas horas de show, aos 65 anos, Madonna mostra o porque é considerada a rainha do pop. As discussões propostas pela artista ultrapassam o mundo da música e os palcos. A identificação com os movimentos prol LGBT+ e feminista são representação disso. Após ser obrigada a adiar a turnê devido a infecção bacteriana em 2023 e ter ficado em coma induzido por quatro dias, a estrela é um símbolo de sobrevivência, resiliência e resistência. Ela se tornou atemporal, desafiando a finitude do tempo. Neste espetáculo ela uniu o presente, o passado e o futuro com confiança de que imortalizou seu nome na história.

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Ainda é possível apreciar o jazz em São Paulo; conheça os lugares que o celebram
por
Beatriz Yamamoto
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04/05/2024 - 12h

B. B. King ao vivo no Bourbon Street - São Paulo 2006
B. B. King ao vivo no Bourbon Street - São Paulo 2006/ Foto: Folha de São Paulo

Na terça-feira, 30 de abril, foi comemorado o Dia Internacional do Jazz. A data, criada pela UNESCO e celebrada pela primeira vez em 2012, foi idealizada pelo pianista e compositor Herbie Hancock, considerado um dos grandes pianistas da história do jazz, que tocou ao lado de Miles Davis e Chick Corea. Além disso, é reconhecido por suas contribuições para trilhas sonoras de filmes, como a vencedora do Oscar "Round About Midnight" (1986) e a premiada Palma de Ouro no Festival de Cannes, "Blow up" (1966).

Celebrado como uma forma de arte em constante evolução, o jazz continua a inspirar e cativar pessoas no mundo todo, refletindo as experiências e lutas dos afro-americanos e demonstrando a universalidade da música como linguagem de expressão e conexão. Essa data de comemoração tem o papel de reconhecer o gênero musical como um meio de desenvolver e aumentar os intercâmbios culturais e de educação.

Breve História do Jazz

O jazz surgiu entre 1890 e 1910 em Nova Orleans, sendo uma manifestação cultural única da cultura afro-americana, com raízes profundas no blues e nas canções de trabalho dos negros. Sendo um veículo de liberdade e expressão criativa, o estilo musical ganhou popularidade rapidamente nas primeiras décadas do século XX. Ao longo dos anos, passou por uma evolução marcada por diferentes subgêneros, como ragtime, swing, bebop e free jazz, influenciando profundamente a música mundial. 

Influência do Jazz para o Brasil

O Jazz e a música brasileira têm muito em comum, apesar da distância, especialmente pela influência da música africana trazida pelos diversos povos escravizados. Essa influência gerou um novo movimento que se fortaleceu no início da década de 1960, chamado bossa nova. Composta por elementos de diferentes gêneros musicais, o samba e o jazz, o novo gênero ficou consagrado em agosto de 1958, quando chegou às lojas o compacto de João Gilberto com a música "Chega de Saudade" de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

Nas palavras de Ruy Castro, escritor e jornalista brasileiro, conhecido por suas obras sobre a música e a cultura brasileira, "o surgimento da Bossa Nova foi um momento único na história da música brasileira, uma revolução silenciosa que mudou para sempre a maneira como o mundo percebe a nossa música", conforme relatado em seu livro "Chega de Saudade: A História e as Histórias da Bossa Nova”.

Também é importante ressaltar os dois Festivais de Jazz de São Paulo, em 1978 e 1980, e do Rio Jazz Monterey Festival, no Rio de Janeiro, em 1980. Eles foram determinantes para despertar o interesse de milhares de pessoas, que passaram a dar maior atenção à nossa música instrumental. Artistas como Peter Tosh, B.B. King, Etta James, Lou Williams, Hermeto Pascoal e Dexter Gordon marcaram presença nesses eventos.

Etta James no Festival Internacional de Jazz de São Paulo em 1978/ Foto: Bernadino G Novo
Etta James no Festival Internacional de Jazz de São Paulo em 1978/ Foto: Bernadino G Novo

Festivais como esses ficam na lembrança, mas ainda é possível apreciar o jazz em São Paulo. Confira locais em São Paulo que tocam jazz:

 

JazzB Club 

O JazzB, um clube de jazz e música instrumental, apresenta uma programação mensal diversificada, que vai desde tributos a Duke Ellington até “Cartoon in Jazz". O espaço oferece algumas mesas e um parklet na calçada, mas para desfrutar da música, é necessário estar dentro do estabelecimento.

Quando: Quinta 17h - 00h | Sexta - 18h - 01h | Sábado 12h - 01h | Domingo 12h - 17h

Ingressos: R$15 - R$55

Onde: Rua General Jardim, 43 - República, São Paulo

Instagram: https://www.instagram.com/jazzbclub/

 

Madeleine Jazz

Localizado na Vila Madalena, o bar proporciona uma atmosfera intimista e descontraída, onde os clientes podem desfrutar da extensa carta de vinhos e jazz ao vivo. 

Quando: Terça - Sábado 20h - 01h

Ingressos: R$15 - R$55

Onde: Rua Aspicuelta, 201 - Vila Madalena, São Paulo

Instagram: https://www.instagram.com/bar_madeleine/

 

Bourbon Street Music Club

O Bourbon é um dos locais clássicos do jazz na capital paulista, já recebeu no palco nomes como B.B. King, Ray Charles e Nina Simone. Sua programação é dedicada ao jazz, mas também abrange outros estilos musicais, como blues, soul, funk e MPB, com apresentações de quinta a domingo. Além disso, a cada fim de semana, eles promovem o "Bourbon Street Jazz Café", um espaço gastronômico aberto para rua com programação gratuita.

Quando: Terça - Quarta 19:30 - 01h | Quinta 19h - 02h | Sexta 19:30 - 02:30 | Sábado 12:30 - 18h; 19h - 02:30 | Domingo 12:30 - 18h; 19h - 23:30

Ingressos: Programações gratuitas; R$75 -R$95

Onde: Rua Dos Chanés, 127 - Moema, São Paulo

Instagram: https://www.instagram.com/bourbon_street/

 

Mile Wine Bar Jazz 

O bar presta homenagem ao renomado trompetista Miles Davis em seu nome. Com um ambiente charmoso, o estabelecimento oferece apresentações ao vivo de jazz, blues e soul, enquanto disponibiliza uma vasta variedade de vinhos.

Quando: Terça - Sábado 17h-00h | Domingo 18h - 22h30

Ingressos: R$14 - R$29

Onde: Rua Antônio de Macedo Soares, 1373 - Campo Belo, São Paulo

Instagram: https://www.instagram.com/mileswinebar/

 

Blue Note

Localizado dentro do Conjunto Nacional na Avenida Paulista, o Blue Note SP mantém o clima do clube original em Nova York com qualidade dos shows, a proximidade da plateia com os músicos e o ambiente intimista. Sua programação vai com programação de qualidade que vai de  improvisações do jazz à interpretações da MPB, passando pelo Groove do Blues à novos artistas. 

Durante a semana  o “Almoço & Jazz” e aos domingos o “Brunch Music”, o espaço também se destaca na gastronomia, com um cardápio inspirado nos anos 70. 

Quando: Terça - Quarta 19h - 00h | Quinta 19h - 01h | Sexta - Sábado 20h - 23:30

Ingressos: R$45 - R$450

Onde: Avenida Paulista, 2073 - Consolação, São Paulo

Instagram: https://www.instagram.com/bluenotesp/

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O primeiro filme da trilogia prequel da saga volta para os cinemas no final de semana dos dias 4 e 5 de maio.
por
Juliana Bertini de Paula
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03/05/2024 - 12h

Em 1999, o 4º filme da saga Star Wars foi lançado. Dirigido por George Lucas, "Ameaça Fantasma" conta a infância de Anakin Skywalker - um lendário Jedi que tomaria rumos diferentes daqueles esperados.  Em ordem cronológica no universo, esse longa é o primeiro da sequência. 

O filme terá seu relançamento, em comemoração de 25 anos, nos cinemas no dia 4 - considerado o dia mundial de Star Wars por conta da sua pronúncia em inglês May the forth (quatro de maio) que se assemelha a frase icônica "May the force be with you". As sessões serão exclusivamente no sábado (4) e domingo (5) em mais de 224 salas em diferentes cinemas de todo o Brasil.

Capa do filme na plataforma Disney+. Foto: Divulgação/Disney+
Capa do filme na plataforma Disney+. Foto: Divulgação/Disney+

Em 1977, Star Wars: Uma nova esperança - primeiro filme da saga a ser lançado - arrecadou a maior bilheteria da época, 775 milhões de dólares. Além disso, venceu 7 Oscars na premiação do ano seguinte. 

O sucesso estrondoso da primeira trilogia - Episodios 4, 5, 6 - garantiu a continuação da saga e uma sequência de 3 filmes prequel, filmes que se passam anterior a história principal, foram lançados 16 anos após o filme ‘O Retorno de Jedi - Episódio 6’. 

Atualmente a saga conta com 22 produções, 11 filmes e 11 séries. Um novo produto já possui data de lançamento, The Acolyte, série do universo expandido de Star Wars, se passa um século antes de “Ameaça Fantasma”. A estreia dos dois primeiros episódios será no dia 4 de junho exclusivamente no Disney +, após o debute, serão lançados um episódio por semana até 16 de julho.

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Novo filme de Luca Guadagnino traz um trisal no mundo do tênis e já é sucesso de bilheteria
por
Beatriz Camargo de Oliveira
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03/05/2024 - 12h

O diretor Luca Guadagnino leva ao público o longa-metragem Challengers (Rivais, na tradução brasileira), lançado no Brasil na última quinta-feira (25). Tendo dirigido outros sucessos como “Me Chame Pelo Seu Nome” e “Até os Ossos”, Guadagnino dessa vez aborda o triângulo amoroso dos três tenistas Tashi Duncan (Zendaya), Art Donaldson (Mike Faist) e Patrick Zweig (Josh O'Connor). 

Na trama, a ex-prodígio Tashi Duncan era um dos nomes mais promissores do mundo do tênis, até sofrer uma lesão ainda em seu período de ascensão, que a impediria de voltar para as quadras. Ainda quando nova, ela conhece os aspirantes a tenistas Patrick Zweig e Art Donaldson, que futuramente torna-se marido de Duncan. 

Em uma história em que o passado alcança o presente, Tashi torna-se treinadora de Art, tornando-o vencedor de um Grand Slam – maior premiação do tênis –, mas após uma sequência de derrotas, a única estratégia que o casal encontra é uma partida contra Zweig, ex-amigo de Art e ex-namorado de Tashi. Envolta em polêmicas e tensões de seu passado e presente, Tashi Duncan encontra-se em meio a antigas rivalidades e um trisal dentro desse romance esportivo.

O filme vem sendo um sucesso, tanto pela crítica quanto pelo público, já tendo arrecadado 2,6 milhões de dólares  mundialmente até o dia 26 de abril. Contando com um elenco de peso, Challengers é protagonizado por Mike Faist (“Amor Sublime Amor”), Josh O'Connor (“The Crown”, “Peaky Blinders”) e Zendaya (“Euphoria”, “Duna”), que também leva o título de produtora do filme.

Da esquerda para direita: Josh O'Connor, Luca Guadagnino, Zendaya e Mike Faist. Imagem: Getty Images
Da esquerda para direita: Josh O'Connor, Luca Guadagnino, Zendaya, Mike Faist. Imagem: Getty Images

Com performances envolventes e surpreendentes, Challengers nos faz simpatizar com personagens que possuem algumas das atitudes mais questionáveis e até mesmo torcer pelo seu sucesso. Mostrando o passado e presente de um relacionamento turbulento entre as personagens principais, a trama aborda os percalços do mundo esportivo e expande o conceito de competitividade e estratégia para fora das quadras. 

Em uma trilha sonora que conta com produções originais de Atticus Ross e Trent Reznor, além de músicas de outros artistas, como é o caso de “Pecado” de Caetano Veloso, o filme nos deixa ansiosos e na ponta da cadeira aguardando as mais inesperadas decisões dos personagens, deixando o público de queixo caído com cenas inesperadas e instigantes. Dentro de quadra, tudo passa a envolver todas as intimidades vividas fora do campo pelos tenistas.

Guadagnino faz o uso do tênis como ferramenta de expressão dos sentimentos e as dinâmicas dos relacionamentos dos personagens ilustram as obsessões e os desejos e, junto da instigante trilha sonora, leva o público a perceber os diferentes olhares, etapas e situações das vidas envolvidas na história. Tudo torna-se “um jogo” e toda raquetada na bola é reflexo das ações fora de quadra onde a partida se mescla com as conversas entre as personagens.

A partir de um final um tanto quanto inconclusivo, Challengers é uma obra que aborda originalmente toda essa competição – dentro e fora das quadras, as paixões – platônicas ou não – e traz toda uma nova euforia para aqueles que, até então, não se interessavam pelo mundo do tênis.

Imagem: Niko Tavernise/MGM
Imagem: Niko Tavernise/MGM

 

O crescimento das escritas livres em massa nas redes sociais
por
Beatriz Lima
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02/05/2024 - 12h

Com o avanço das redes sociais a partir dos anos 2000 e a imersão dos jovens cada vez mais intensa nesses veículos, a sociedade se adaptou a viver com o ‘online’, quase como uma vida dupla. Tudo o que está presente na realidade agora também tem sua forma virtual, principalmente após o período pandêmico.  

Isso não seria diferente para a literatura, onde jovens vem cada vez mais se interessando pela escrita e vem buscando novos meios de divulgá-las. Aplicativos como ‘Wattpad’, ‘Spirit’ e ‘Archive of Our Own’ (AO3) eram utilizados, há 14 anos atrás, majoritariamente nos Estados Unidos para a escrita das famosas ‘fanfics’ - histórias fictícias criadas por fãs com o intuito de se aproximarem de seus ídolos, que se popularizaram entre jovens fãs de diversos nichos artísticos pelo mundo – mas agora, essas histórias se tornaram inspiração para filmes, séries ou até foram publicadas como livros  que circulam pelo mundo afora. 

Obras hoje famosas, já foram inicialmente fanfics.  Como a trilogia de ‘Cinquenta Tons de Cinza’, que se tratava de uma história de ‘Crepúsculo’, ou até mesmo a própria saga Crepúsculo, que foi baseada em uma fanfic sobre o vocalista da banda de rock ‘My Chemical Romance’, Gerard Way. Outro exemplo, é a franquia de livros e filmes ‘After’. que consistia em uma fanfic do cantor inglês Harry Styles. 

Em entrevista à AGEMT, a jovem Leona Nunes, 17, escritora e leitora assídua desse conteúdo diz que, ao dar início a prática de ler fanfics, conseguia se sentir, de certa forma, mais próxima e mais íntima de seus ídolos. “Ler e escrever conteúdo sobre eles exige que eu conheça no mínimo um pouco deles, ler algo que os envolve é muito mais estimulante. Uma vez que o público-alvo consome um conteúdo de pessoas que sentem afeição, tudo se torna mais envolvente e fácil de se aproveitar.”, complementa. 

É comum,  autores utilizarem de suas obras para, também, ressaltar e dar visibilidade a temáticas sociais, como a luta contra a homofobia, transfobia e a visibilidade a transtornos mentais e ao Espectro Autista. A fanfic ‘Senhor Coelho’, escrita pela jovem Ana, carrega uma história fictícia de romance homoafetivo que gira em torno de dois membros do grupo de K-pop Stray Kids, Han Jisung, um jovem pai solo dedicado ao seu filho doente, e Lee Minho, um médico diagnosticado com TEA (Transtorno do Espectro Autista) que busca salvar a criança. Ao longo da trama, a autora – também diagnosticada com TEA – traz como objetivo informar o público sobre o transtorno, pois, ela afirma, ser mais fácil aprender com o entretenimento.

Em entrevista à AGEMT, Ana Bittencourt, 20, a autora de ‘Senhor Coelho’, diz um pouco sobre seu processo de aceitação como pessoa no Espectro Autista, “Recebi meu diagnóstico aos 19 anos de idade, e foi algo que eu realmente não esperava. Foi doloroso, estranho, e eu neguei na primeira vez, mas no segundo profissional não consegui me convencer de que era um erro. De certa forma, tudo fez sentido, mas eu não entendia, a minha noção sobre autismo era totalmente limitada. Eu já estava escrevendo “Senhor Coelho” quando fui ao primeiro neuropsicólogo, e quando recebi a notícia, foi como abrir uma porta para uma nova descoberta.” 

No final de cada capítulo da obra, a escritora faz questão de explicar os comportamentos do personagem com TEA, com base em pesquisas, conversas com profissionais e suas próprias vivências, como forma de fazer os leitores entenderem suas ações e as informar sobre o Espectro sem estereótipos e de maneira divertida. Assim como, a própria escritora disponibiliza em sua página do ‘X’ um informativo de sua fanfic, repleto de informações complementares e curiosidades sobre toda a temática por trás da história. 

“Pesquisas e mais pesquisas me fizeram criar o personagem principal, Minho, no intuito de descobrir mais sobre mim. Ao escrever ele, suas peculiaridades, sua personalidade, cada detalhezinho que fazia dele alguém único, eu aceitei que não era o fim do mundo ser uma pessoa autista, que eu podia lidar com aquilo, que eu poderia me encaixar de verdade. O Minho é um personagem que foi muito machucado por ser quem é, mas busca melhorar a cada dia, assim como a maioria de nós, adultos autistas”, completa a jovem autora.

Abordar essas temáticas nas fanfics fortalece a luta pela visibilidade das problemáticas sociais e, de forma marcante, apoia as pessoas a se expressarem e não terem vergonha de quem são. Ana diz ainda: “O autismo adulto ainda é um assunto que, infelizmente, carrega muita desinformação e estereótipos na mídia no geral, e quase ninguém se preza a tirar cinco ou dez minutos de seu tempo para pesquisar em sites e livros que tratam o assunto. Juntando um tópico de interesse (K-pop), um tema muito procurado (romance) e uma pauta pouco falada (TEA adulto), uma forma diferente de informar e visibilizar é criada e disponibilizada para todos, sendo muito mais fácil de compreender e estimular a curiosidade.”

Ainda assim, existe um certo preconceito de alguns em relação à produção de fanfics e, também, descaso do público com o trabalho dos autores do gênero . Quando questionada sobre já ter sofrido algum desrespeito por ser uma escritora independente de um conteúdo muito específico, Ana afirma que sente que se falasse que escreve um livro seria muito mais levada a sério: “Sinto que, se eu falasse que escrevo um livro, mas não citasse a plataforma, levariam mais a sério e não teriam aquele típico olhar de ‘ah, então não é importante’ que nós, escritores, recebemos quando descobrem que o nosso meio é independente.” 

Os jovens escritores também utilizam o‘X’ (antigo ‘Twitter’) como plataforma para suas obras, nesse espaço as fanfics são conhecidas como ‘AU’, do inglês ‘Alternative Universe’. As AUs consistem em posts em sequência com a própria escrita narrada ou em uma sequência de ‘prints’ de mensagens e narrativas que completam a história - como um meio de economizar espaço, pois a plataforma disponibiliza um limite de 4 imagens por postagem. 

A jovem Flavia (@tolovchan no X), 25, formada em Psicologia e autora da au ‘Somos de Mentira’, diz em entrevista à AGEMT sua visão sobre a inserção das fanfics e au’s no mundo literário “Acredito que sempre tenha feito parte da literatura, mas agora estamos nomeando e categorizando. Tenho certeza de que essa foi a entrada para a leitura/escrita de muitas pessoas. Mas é claro que, além de tudo, agora também existe uma visibilidade maior por conta da internet. O mais bacana nisso é a possibilidade que as pessoas estão encontrando na publicação independente e, sem dúvida, a facilidade que as redes sociais dão ao público para acessar a escrita dessas pessoas.” completa.

Atualmente existem AU’s no ‘X’ com mais de um milhão de visualizações, como é o caso de ‘Somos de Mentira’,que retrata uma história fictícia entre Jisung e Minho, dois membros de um grupo sul-coreano de K-pop, chamado Stray Kids. Mesmo ainda não concluída, a obra assegura mais de 6.000 curtidas e 2.000 repostagens, trazendo um incentivo positivo à popularização de fanfics e, também, estimulando a escrita e leitura dos jovens e adolescentes imersos nessa cultura.

As fanfics online facilitam de maneira significativa o acesso à literatura. Em um mundo tão imerso nesse meio virtual é importante que haja mecanismos para que o hábito da leitura, e escrita, não se percam. “É uma forma das pessoas acessarem a leitura de forma muito fácil e muito frequente, e tudo isso acontecer pelo celular/computador de certa forma ajuda a inserir a leitura na vida das pessoas sem que elas necessariamente precisem buscar por isso. É um bom estímulo inicial na minha perspectiva, muitas pessoas criam o hábito a partir disso.” finaliza Flavia.  

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De peças de teatro a exposições, confira todas as atrações que a capital paulista oferece
por
Maria Eduarda Camargo
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02/05/2024 - 12h

Com o fim de abril, maio não fica para trás na agenda cultural. Entre exposições, experiências interativas, e até a famosa Virada Cultural de São Paulo, diferentes tipos de passeios são uma opção viável para os paulistanos durante o mês. Confira agora o que há de imperdível no lazer paulistano.

Música

Festival Nômade SP

Realizado no parque Villa Lobos, o Festival Nômade traz nomes de peso para a cidade, como Alceu Valença, Pabllo Vittar, Baco Exu do Blues, Maria Gadú, Urias e Nando Reis, durante os dois dias de atrações.

Pabllo Vittar
Pabllo Vittar, uma das atrações do Festival Nômade. Foto: @pabllovitar Via Instagram

 

Quando: 25 e 26 de maio

Onde: Parque Villa Lobos (Av. Prof. Fonseca Rodrigues, 2001, 70, Alto de Pinheiros, Alto de Pinheiros, São Paulo, SP)

Ingressos: R$ 74 a R$ 184

 

Municipal Circula – Coro Lírico Municipal e Pastoras do Rosário no CEU Vila Curuçá

O Theatro Municipal de São Paulo apresenta um evento externo com o Coro Lírico Municipal, no show das Pastoras do Rosário em seu primeiro álbum, Da Nebulosa ao Brilho. Segundo o site do Theatro Municipal, o grupo foi formado em 2017, “na Igreja do Rosário dos Homens Pretos da Penha de França, na zona leste de São Paulo”, e possui influências de moçambiques e congadas no ritmo.

Pastoras do Rosário
Pastoras do Rosário durante evento no Itaú Cultural, em novembro de 2023. Foto: Cassandra Melo

 

Quando: 25 de maio - 11h

Onde: CEU Vila Curuçá (Av. Marechal Tito, 3.452. Vila Curuçá, São Paulo/SP)

Ingressos: Entrada gratuita

 

Virada Cultural de São Paulo

Virada Cultural
Palco Heliópolis, na Virada Cultural de 2023. Foto: André Porto/UOL

A 19ª edição da Virada Cultural de São Paulo ocorre entre os dias 18 e 19 de maio, e conta com diversos shows e apresentações em espaços públicos, além de parcerias com centros culturais. O evento é realizado pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. O lineup da Virada Cultural 2024 ainda não foi divulgado.

 

Quando: 18 e 19 de maio

Onde: Locais indisponíveis até a data de publicação do texto

Ingressos: Entrada gratuita

 

Arte e fotografia

MAM: Sergio Milliet

A nova aquisição do Museu de Arte Moderna de São Paulo, o MAM, é a série de pinturas a óleo sobre madeira de um dos maiores artistas do modernismo brasileiro, Sergio Milliet. Disponível até 12 de maio, a aquisição remonta a exposição de 1969 do artista, com pinturas oriundas de amigos próximos.

Foto: Jamile Rkain/Acervo MAM
Pintura sob madeira, do acervo do MAM do artista Sergio Milliet. Foto: Jamile Rkain/Acervo MAM

 

Quando: até 12 de maio

Onde: Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portões 1 e 3)

Horário de funcionamento: terça-feira a sábado, das 10h às 12h30 e das 13h30 às 18h

Ingressos: R$ 30 a inteira; R$ 15 a meia. Entrada gratuita aos domingos.

 

IMS: Koudelka

A exposição fotográfica conta com os três maiores trabalhos de Josef Koudelka, representante do movimento humanista na área, e retrata a etnia cigana na cidade de Praga, em 1968. Intitulada Exílios, a fotografia de Koudelka pode ser visitada no Instituto Moreira Salles, com entrada gratuita.

Koudelka
Fotografia de Jousef Koudelka para a exposição "Exílios", disponível no IMS. Foto: Josef Koudelka/Magnum Photos/Acervo IMS.

 

Quando: 18 de maio até 15 de setembro

Onde: IMS (Avenida Paulista, 2424 - Galerias 2 e 3 - 7º e 8º andares, São Paulo)

Horário de funcionamento: Terça a domingo e feriados (exceto segunda) das 10h às 20h. Última admissão: 30 minutos antes do encerramento

Ingressos: Entrada gratuita

 

Cinema

Sessão de curtas dos anos 90 e 80 na cinemateca

A cinemateca brasileira apresenta duas mostras de curtas dos anos 90 e 80, dentro da mostra Jorge Furtado: Tudo isso aconteceu, mais ou menos, com cerca de 5 curtas por mostra.

Cena do FIlme "Ângelo Anda Sumido"
Cena do FIlme "Ângelo Anda Sumido", de 1997, do diretor Jorge Furtado. Foto: Reprodução/Ângelo Anda Sumido/Cinemateca brasileira.

 

Quando: 4 de maio - 18h (sessão anos 90); 5 de maio - 17h15 (sessão anos 80)

Onde: Sala Grande Otelo (Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Mariana / SP)

Ingressos: Entrada gratuita

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Exposição termina com a Comissão da Verdade na PUC-SP
por
Rodrigo Lozano Ferreira
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02/05/2024 - 12h

O museu, localizado no prédio onde existiu o DEOPS (1964-1985), iniciou em abril, em memória aos 60 anos do Golpe Militar, uma série de exposições e atividades culturais que buscavam de forma interativa, refletir sobre a memória da ditadura. 

A última exposição, ocorrida no sábado dia 27/04 abordou a atuação da Comissão da Verdade “Reitora Nadir Gouvêa Kfouri”, criada na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 2013, assim como a história de resistência da universidade. Junto com todas as instalações, a visita é imperdível para quem quer conhecer esse momento da história.
 

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Exposição PUC-SP no Memorial da Resistência. Foto: Rodrigo Ferreira

O próprio prédio, como um monumento vivo que carrega uma história tão violenta, incita a reflexão antes mesmo de entrar, entre a caminhada de 7 minutos da estação da Luz até um dos mais violentos centros de repressão da nossa história, passa-se pelas ruas na área de uma "cracolândia", e há uma demonstração prática da violência, ao ver a polícia militar ao enquadrar com seus fuzis, a população que passava pela rua, conta Sofia Rocha, estudante de História na PUC-SP, que visitou o memorial pela primeira vez, para a faculdade.

“O momento mais marcante não foi no museu, mas nos arredores, nós de São Paulo, sabemos que o centro é perigoso, mas muitos policiais com fuzis enormes faziam abordagens violentas e aleatórias contra usuários de crack e qualquer pessoa negra, justamente quando (eu) caminhava para um dos maiores centros de repressão da ditadura.”

 

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Vista do terceiro andar do Memorial da Resistência. Foto: Rodrigo Ferreira

Chegando lá, há uma série de exposições fixas, como um grande arquivo organizado ao público, com informações gerais sobre a ditadura, uma grande linha do tempo, e enfim a história da própria instalação, que preservou as celas com seus rabiscos nas paredes, remonta cenários, cartas de e para detentos e o estreito corredor de banho de Sol (quase nunca utilizado).

“Eu achei legal, como faz relação com as violências atuais, a questão sensorial nas celas, com o cheiro e as paredes escritas, até achei o nome de uma familiar. Gosto muito do filme batismo de sangue, e tem várias referências de filmes sobre a ditadura. “

Conta Lola Aguiar, estudante de arqueologia pelo MAE-USP (Museu de arqueologia e etnografia na Universidade de São Paulo), que visitou a exposição para aula de museologia.

No terceiro andar do prédio, a visita continua com a exposição temporária “Mulheres em Luta! Arquivos de Memória Política”, com curadoria de Ana Pato. A exposição traz um largo acervo fotográfico e audiovisual, de testemunhas, casos de perseguição e violência. 

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Exposição "Mulheres em Luta! Arquivos de memória política". Foto: Rodrigo Ferreira

“No terceiro andar me chamou a atenção, por ter mais informações em audiovisual, reconstrução de cenário de um filme e quadros. Como mulher também me tocou mais, por ver a vulnerabilidade sexual que elas (as mulheres na ditadura) enfrentavam”, diz Sofia Rocha.

Para Lola Aguiar: “o terceiro andar estava com uma ótima iluminação, e a autonomia que o visitante tem para andar, tá muito bonita. Mas a sinalização tá ruim e confusa, quase não vi que tinha uma sala atrás, também é maçante, muita informação, não dá pra ver tudo em um dia.

A estudante, ao analisar a exposição também notou a questão da inclusão: “nenhuma acessibilidade, no QR code só tinha a tradução para inglês, sem libras ou braille, a não ser nos vídeos, também não tem nenhum guia para acessibilidade”.

A exposição também contou com uma oficina de arte e memória, em que os participantes imprimiam em um tecido, uma foto ou imagem presente no acervo de sua escolha. O estudante de música da USP, Léo, participou da oficina e contou um pouco sobre.

“Viemos visitar o memorial na semana passada, e hoje viemos fazer uma oficina de impressão em tecido relacionado a violência contra as mulheres. É muito interessante, achamos que os recursos seriam caros, mas é bem simples, apenas a imagem, sulfite, cola e impressão a laser. Vamos levar para casa.”

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Léo após oficina de arte e memória no Memorial da Resistência. Foto: Rodrigo Lozano


A visita é de fato emblemática para todos que querem aprender e nunca esquecer. “Manter a memória é a importância, precisamos saber que as coisas aconteceram, precisamos ser realistas, muitas violências são naturalizadas, 60 anos parece muito tempo mas não é nada, não é nada se formos parar para pensar no Brasil e no mundo de hoje, essas violências seguem acontecendo, a gente precisa lembrar, revisitar, aprender, ouvir e contar essas histórias, se não essas memórias somem, e não podem sumir”, comenta Léo.

“É muito impactante ver o nome de pessoas que você conhece fazendo parte dessa história, e pensar o museu como esse espaço de manter viva uma memória, ao preservar os arquivos e educar”, completa Lola.
 

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A Universidade Católica de São Paulo durante a ditadura militar tinha um jeito muito próprio de resistir, mas mostrou que ditador se combate
por
Rafael Francisco Luz de Assis
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01/05/2024 - 12h

Por: Rafael Luz de Assis

Quando falamos da ditadura civil-militar brasileira e movimento estudantil, lembramos de algumas instituições. A PUC pode não ser uma das primeiras a vir a mente, mas sua história é rica, e merece ser relembrada.  

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Manifestantes carregam estudante morto a tiro durante o confronto. Crédito: Arquivo Público do Estado de São Paulo.

 

São casos bem famosos e sempre que falamos de resistência estudantil, algum desses já vem à cabeça. Mas e a PUC? A tradicional universidade católica de São Paulo tem seus causos e foi sim um polo importante de resistência à Ditadura.  

Diferentemente de outras universidades do país, por ser uma Pontifícia amparada na Igreja, a Católica não sofreu com tantos assédios institucionais e desmonte de projetos acadêmicos. Claro passou basicamente ilesa. Devido ao fato de ter conseguido continuar com seu plano pedagógico e acadêmico quase completo, a universidade acabou recebendo uma boa parte de professores que eram perseguidos, expulsos e aposentados compulsoriamente de outras entidades, entre eles, destaca-se Paulo Freire, Florestan Fernandes, Octavio Ianni, Maurício Tratenberg, Bento Prado Junior, entre outros.  

Em 1965, o TUCA (teatro da universidade católica) é inaugurado com uma peça considerada extremamente subversiva, “Morte e vida Severina” de João Cabral de Melo Neto já no ano de 1968 recebeu Caetano Veloso cantando “É proibido, proibir.  

O Ministério da Educação do regime, e a United States Agency for International Development (USAID, uma agência estadunidense de ajuda ao desenvolvimento) firmam um acordo educacional em que na verdade era um alinhamento da educação brasileira com os interesses estadunidenses, e que foi vendido como adequação brasileira as melhores práticas educacionais do mundo. Surpreendentemente, a implementação desse projeto na USP ocorreu sem maiores tormentas.  

Já na PUC os alunos ocuparam as instalações da reitoria e dos jardins por dois meses e só após comissões paritárias entre professores e alunos, que propuseram novos currículos que visassem à formação de uma consciência crítica e comprometida com a realidade a manifestação cessou.   

Já nos primeiros anos do regime ditatorial, ficou evidente que o movimento estudantil era um dos “inimigos” a serem caçados. Nas universidades públicas foram proibidos os DCEs (Diretório Central dos Estudantes) e CAs (Centros Acadêmicos) sob a alegação de que promover “qualquer ação, manifestação ou propaganda de caráter político-partidário, bem como incitar, promover ou apoiar ausências coletivas aos trabalhos escolares”. A UNE também foi extinta.

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O prédio na praia do Flamengo 132, sede da União Nacional dos Estudantes desde a década de 1940 – 05/10/1963 – Fundo Correio da Manhã/Arquivo Nacional ​​​​

 

Mais uma vez se aproveitando do caráter institucional da PUC que por ser católica passava batida pelo moralismo vigente, em 1977 os estudantes voltam a tentar se organizar e se posicionar referente a situação precária do ensino superior no país, a PUC cumpre o importante papel de sediar a 29ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que havia sido proibida de acontecer pela ditadura.   

O marco de truculência da ditadura e da resistência na PUC também é em 1977. Depois de uma manobra audaciosa dos estudantes que promoveram uma série de encontros relâmpago para ludibriar os militares, que queriam barrar as reuniões, alunos de todo o Brasil se encontraram no campus Monte Alegre, eram cerca de 70 delegados estudantis de todo o país. Foi o primeiro ato pró-UNE depois de vários anos.  

O movimento estudantil ficou em êxtase e como a reitoria tinha negado a abertura do TUCA justificando temer repressão policial, os estudantes fizeram um ato de “comemoração” em frente ao teatro. Cerca de 2000 estudantes segundo a CVPUC (Comissão da Verdade da PUC), estavam ao início da leitura da carta aberta quando o então coronel Erasmo Dias que chefiava o DEOPS (Departamento Estadual de Ordem Política e Social) paulista e seus mais de 900 policiais, invadiram o campus Monte Alegre e levaram mais de 800 pessoas presas e fichadas no órgão.  

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Mais de 800 Estudantes foram detidos e levados para um estacionamento passando por uma "triagem" - Comissão da Verdade/PUC

 

Foi então que a reitora da instituição, primeira reitora de uma universidade católica, a senhora Nadir Kfouri, foi ao socorro dos alunos e ao chegar encontrou todos sentados esperando orientações e o Coronel veio em sua direção, estendeu a mão a cumprimentando, nesse momento Kfouri diz a frase que ficou marcada para história dessa instituição como resistência do movimento estudantil no país: “não dou a mão a assassinos”.  A invasão da PUC é um marco da resistência dos estudantes, os “puquianos” se orgulham de lembrar que torturador tem que ser tratado como tal. 

Vale deixar aqui a menção vergonhosa ao fato de o Governador do Estado de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) em uma via de entroncamento na cidade de Paraguaçu Paulista (cidade natal do coronel), faz uma homenagem ao "Deputado Erasmo Dias", personagem que segundo o mandatário nunca foi condenado por "atos praticados por sua vida pública pregressa". Lembrando que o Coronel nunca foi condenado pois a lei criminosa da anistia proibiu o julgamento dessa caterva.  

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Policiais levaram estudantes para delegacia para autualos. Comissão da Verdade/PUC 

 

Atualmente, foi criada no Memorial da Resistência em São Paulo uma mostra temporária como forma de relembrar a força e a luta vivenciada na PUC-SP durante o período da ditadura militar. A exposição, que vai até 2025, conta com cinco eixos de exploração: Invasão da PUC-SP e a resistência à ditadura; Docentes, artistas e intelectuais acolhidos pela PUC-SP; Comissão da Verdade da PUC-SP Reitora Nadir Gouvêa Kfouri; Arte e resistência no TUCA; e A defesa radical da democracia. 

A democracia volta depois de anos, o regime repressor é expulso (não podemos dizer eternamente pois temos ainda hoje quem peça seu retorno), e a PUC não deixou a luta. Antes mesmo de se tornar realidade nacional, a instituição criou a própria comissão da verdade, CVPUC - Comissão da verdade da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, que, assim como a própria universidade, com suas marcações históricas imortalizadas, ainda segue como exemplo de resistência contra opressão de todas as formas. 

  

  

Esta matéria foi produzida como parte integrante das Atividades Extensionistas do curso de Jornalismo da PUC-SP.   

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