A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) nesta terça-feira (23), como mandante da invasão ao site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), junto ao hacker Walter Delgatti Neto, há dois anos. A invasão aconteceu em novembro de 2022 e os documentos falsificados foram inseridos no sistema do CNJ por Delgatti no início de 2023.
De acordo com a PGR, Zambelli vazou conversas de integrantes da força-tarefa das investigações da Operação Lava-Jato, além de produzir um mandado de prisão contra Alexandre de Moraes, com assinatura falsificada do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o objetivo de ambos era obter vantagem de ordem midiática e política. “Os acusados buscavam obter vantagem de ordem midiática e política, que adviria do projeto de desmoralização do sistema de Justiça, bem como causar danos ao funcionamento da máquina administrativa judiciária”, informa a denúncia.
“Walter Delgatti, sob o comando de Carla Zambelli, evidentemente sem autorização expressa ou tácita de quem de direito, invadiu o sistema e utilizou a credencial violada de dois funcionários em atividade, bem como criou credencial falsa com privilégios de magistrado”, diz trecho do documento, publicado nesta semana.
Agora, a primeira turma do STF decidirá se aceitará ou não a denúncia. O relator do caso é o próprio Alexandre de Moraes. O ministro deu 15 dias para as defesas de Zambelli e Delgatti se manifestarem, o prazo acaba no dia 08 de maio.
Delgatti afirma ter recebido em torno de 40 mil reais da parlamentar para invadir qualquer sistema do Judiciário. Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, o hacker reafirmou o pedido da deputada e adicionou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) lhe prometera anistia caso cometesse atos ilícitos.
A defesa de Delgatti disse ao g1 que ele é réu confesso e a denúncia perpetrada a Zambelli só confirma que ele falou a verdade. Já a defesa da parlamentar afirma ter recebido a denúncia com surpresa por não existirem provas da participação da parlamentar. “A narrativa dele [Delgatti] acusando a Deputada e terceiras pessoas foi desmentida pela própria investigação”, diz a defesa da deputada.