“Confesso que quando voltei ao Brasil, fiquei assustada com o descaso da população em relação ao COVID.” disse Ozenir Neri Prieto, 42 anos, que passou oito meses em Portugal com a família. “Tanto financeiramente como psicologicamente, estávamos desanimados com nosso país, violência, política, saúde, educação e impostos. A ideia principal era ter qualidade de vida, poder ver meu filho andar na rua sem desespero e sem medo.” explicou a professora de português, sobre o que motivou a mudança.
Para Prieto as diferenças entre Brasil e Portugal são imensas, e ela argumenta que não há comparação “A visão pandêmica dos governantes de Portugal é o oposto do governo brasileiro, aliás de toda União Europeia, a seriedade no controle, teste e distanciamento, acho que o principal é que lá o governo colocou a saúde em primeiro lugar e aqui colocaram a economia. Resultado disso é que Portugal está com a pandemia controlada e retornando a movimentar a economia, enquanto aqui estamos um caos em todos setores.”
Ainda sobre diferenças entre os países, Ana Luiza Ferreira, 19 anos, estudante de Nutrição completa a fala de Prieto e relaciona os comportamentos distintos das populações, em Portugal era completamente o oposto do povo brasileiro, “No 1° lockdown em março de 2020, as pessoas respeitavam bem mais as regras da quarentena, era raro ver gente nas ruas, a não ser para ir ao mercado/farmácias, o governo era rígido e atuava o mais rápido que conseguiam. E no Brasil, percebi que as pessoas não estavam levando tão a sério, e o governo brasileiro também não soube lidar com a crise e ficou a desejar na fiscalização”.
Em relação às medidas de vigilância, Ferreira opina que em Portugal a população respeitava bastante e estavam conscientes da situação da pandemia,e que não só o governo, mas a mídia deveria ter sido mais prestativa ao transmitir as informações.
A jovem, que atualmente voltou para Portugal para continuar os estudos, afirma que está mais complexa a entrada no país. “ Antes da pandemia não precisava de visto para entrar no país e agora necessita para provar que não está vindo a passeio, por conta da quantidade de casos e risco que o Brasil está apresentando, é obrigatório o teste de PCR, e a pessoa tem cumprir o isolamento por 15 dias, além de ser monitorada pelo governo local.”
Já em um contexto fora da Europa, Lori Rampani, 19 anos, que passou três meses em Washington, DC, morando na faculdade, não teve uma experiência tão destoante de Portugal, “Eu senti grandes diferenças falando em pandemia. Principalmente na forma que os jovens e adolescentes se comportam em relação a distanciamento social e máscara. Lá eles levam muito mais a sério do que o jovem brasileiro leva, estão realmente preocupados com o COVID.”
A percepção nas politicas publicas também é muito distinta. “Em relação ao governo eu sinto que lá eles têm vacina para vacinar a população duas vezes. Quando fui vacinada nos Estados Unidos, minha mãe, que tem 60 anos e já se classifica como idosa, não tinha sido ainda. É uma situação completamente diferente da do Brasil, então nesse sentido foi meio que um choque, chegar e já ter um monte de gente vacinada.”. Comparando as decisões tomadas pelos governos, ela garante, "Comprar a vacina antes, acho que é a resposta mais óbvia. O Brasil poderia estar muito melhor, se o governo não tivesse ignorado os emails da Pfizer por exemplo, não digo que nem os Estados Unidos, mas poderíamos estar quase lá.”.
