“Vocês querem ser jornalistas?” ironiza convidada na 44ª Semana de Jornalismo da PUC-SP

Confira os bastidores da mesa de Jornalismo de Guerra e Cobertura Internacional e a visão dos mediadores sobre o evento
por
Guilherme Nazareth
Marina Jonas
|
10/11/2022 - 12h

 

A 44ª Semana do Jornalismo veio com tudo. Três palestras ao dia sobre temas espinhosos e importantes envolvendo a profissão do jornalismo, com convidados ilustres e, ainda de quebra, realizada na semana antecedente ao segundo turno das eleições mais importantes da história brasileira, desde o período ditatorial no país. Ou seja, com um toque a mais de política nas discussões. 

Mesa de Jornalismo de Guerra e Cobertura Internacional
Reprodução: YouTube - TVPUC

O Centro Acadêmico (CA) do curso de jornalismo da PUC-SP, Benevides Paixão, teve papel central na organização dos encontros e trabalhou 24 horas por dia para que as reuniões saíssem do papel, dando vida ao evento. No último dia da Semana, integrantes do corpo diretivo do CA mediaram o debate sobre Jornalismo de Guerra e Cobertura Internacional, logo de manhã, iniciando de forma agitada a despedida. 

A mesa contou com os jornalistas Yan Boechat, João Paulo Charleaux, Martha Raquel e Marsílea Gombata, profissionais que viajam e cobrem áreas de conflito por todo o mundo. Tanto para a mídia tradicional, quanto para o jornalismo independente, a cobertura de situações conflituosas e guerras nunca é fácil. Há de ter estômago. 

O debate foi levado por caminhos diferentes daqueles esperados por seus mediadores, Camilo Mota e Júlia Zuin. A missão de mediar uma mesa composta por profissionais com jornadas e experiências pessoais tão diferentes, ainda que semelhantes de profissão, não é uma tarefa simples. Mas, antes desse desafio, o primeiro era trazer os convidados para o evento. 

A PUC é altamente reconhecida na comunidade acadêmica. Talvez por isso, os puquianos, ao realizarem convites em nome da instituição, tenham maior adesão na sua aceitação, como diz Júlia: “Por ser a semana de jornalismo da PUC os convidados estavam super dispostos a vir. Caso tivéssemos convidado-os através do nome de alguma entidade não relacionada diretamente à instituição, não teria surtido o mesmo efeito.” Já Camilo, pensa diferente: “Muito mais que o nome, o interesse em compartilhar suas experiências com estudantes foi determinante para virem a participar. O fato de valorizarmos o trabalho deles ao fazermos o convite, acredito que já tenha favorecido para com que eles o aceitassem.”  

Desafio vencido. Agora, a mediação. Os mediadores tinham em mente a diferença de repertórios entre os convidados, até pelos diferentes veículos em que trabalham, e estavam prontos para eventuais discordâncias. “Sempre que chamamos pessoas para falarem em eventos grandes como esse, sabemos que, por mais que tenham profissões semelhantes, cada convidado tem a sua própria realidade, então claro que haverá discordâncias; só temos que perceber se essa discordância será grave ou não e tentar manter a discussão no nível profissional.”, fala Júlia.  

Em meio à conversa, surge o tópico Venezuela. E, começam as cutucadas entre os palestrantes. “No momento, a primeira reação que tive foi de preocupação, no sentido de para onde a discussão tenderia e de que o tema (Venezuela) pudesse tomar parte do debate e fugir do tema original.”, lembrou Camilo. Júlia completa:  “Como mediadora, vejo a importância de atentarmos para tentar levar a discussão da mesa para o tema original, não falar apenas sobre opiniões e narrativas pessoais que, algumas vezes, acabam sendo levadas ao extremo. É muito importante os convidados compartilharem suas experiências, mas temos que tomar cuidado para que os holofotes não fiquem sob uma pessoa só.”  

Camilo e Júlia dizem que o nível do debate, mesmo em momentos de tensão, foi “tranquilo” e “cordial”. “Apesar da discordância com base nas experiências diferentes dos convidados, o nível de argumentação entre ambos (Boechat e Marta) foi mantido", afirma Camilo em relação aos convidados que estavam mais ativos durante o momento acalorado da discussão. 

Então, os ânimos se acalmam. O destaque passa a ser os “perrengues” e as condições complicadas enfrentadas pelos jornalistas para realizarem cobertura internacional e, principalmente, em territórios de conflitos armados e guerras. “Vocês querem ser jornalistas?”, ironiza Marsílea ao público após o relato de Martha, que conta da falta de financiamento dos jornalistas ao irem para o exterior cobrirem conflitos. O público ri, mas um pouco assustado. No entanto, Camilo conta ter recebido um feedback positivo da plateia. hi

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