Neste domingo (28), Jair Messias Bolsonaro - candidato do Partido Liberal (PL) - participou do debate presidencial na Band junto aos demais candidatos à presidência do Brasil. Jornalistas e presidenciáveis o questionaram sobre a harmonia entre os poderes, fome no Brasil, corrupção na gestão da pandemia e a desregulamentação da venda de armamentos e munições dentro do país.
Em um debate morno, Bolsonaro (segundo nas pesquisas de intenção de voto) agiu como de costume ao chamar o candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “ex-presidiário”, defender “Deus, pátria, família e liberdade” e atacar abertamente a jornalista Vera Magalhães - chamando-a de “vergonha para o jornalismo brasileiro” - após pergunta sobre política de vacinação que o incomodou.
Desarmonia entre os poderes
O jornalista Rodolfo Schneider perguntou a Jair Bolsonaro sobre a desarmonia entre os poderes Legislativo, Judiciário e Executivo. O candidato do PL explicou que escolheu os seus ministros pelos critérios técnicos, sem ingerência política, mesmo que, no auge da pandemia, um ex-militar - Eduardo Pazuello - tenha administrado o ministério da Saúde e causado a crise de falta de oxigênio em Manaus.
O atual líder do Executivo confirmou intrigas com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), mas afirmou não ter problema com poder nenhum: “O respeito não falta por minha parte”. Em seguida, aproveitou a oportunidade para atacar a operação da Polícia Federal contra os empresários bolsonaristas autorizada pelo presidente do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) na última terça-feira (23).
Petrobrás e Corrupção
O atual presidente, argumentando com fake news, insistiu que o prejuízo na Petrobras foi de R$ 900 bilhões por corrupção durante os governos petistas. Porém, segundo o Estadão Verifica, o rombo na Petrobras é de R $6, 17 bilhões. Jair tentou intimidar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação ao dinheiro desviado - o qual afirmou que poderia ser usado para a transposição do Rio São Francisco mais de uma vez. De acordo com o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União Secretaria Federal de Controle Interno, 88% dos pagamentos da transposição ocorreram durante os governos de Lula e Dilma.
Ainda sobre corrupção, Bolsonaro defende: “cadê a corrupção, a nota? Não tem nada!” após chamar Lula (PT) de “ex-presidiário” - apelido ao qual, em resposta, o petista pediu direito à réplica que foi negado pelos moderadores do debate.
MAPA DA FOME DAS NAÇÕES UNIDAS
O candidato do Partido Democrátido Trabalhista (PDT), Ciro Gomes, perguntou a Jair Bolsonaro sobre a volta da fome no Brasil e como a insegurança alimentar afeta o país. O atual presidente culpou a política do “fique em casa” pela inflação econômica e saudou a deflação brasileira e a queda do desemprego - cuja taxa caiu para 9, 3%. Porém, os brasileiros considerados “desocupados” ainda são 10,1 milhões.
O candidato do PL enalteceu o como os índices da extrema pobreza, provavelmente, diminuirão até o final de 2022 - de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) - embora tenha afirmado que “alguns passam fome sim”. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), só houve crescimento da extrema pobreza durante o começo do governo Bolsonaro até 2021.
DISCUSSÃO SOBRE A VACINA
O momento de maior tensão no debate foi o que seguiu a pergunta sobre a queda na política de cobertura vacinal nos últimos anos feita por Vera Magalhães a Ciro Gomes (PDT).
Questionando a queda na porcentagem de vacinação (como a da “Tríplice viral que foi de 71% em 2021 a nem 50 % neste ano”), Magalhães pergunta ao Pedetista em quais medidas a desinformação difundida pelo presidente da república pode ter contribuído para agravar a pandemia e quais planos tem para a retomada de um plano de vacinação funcional.
Em resposta, Ciro Gomes afirma que “tudo está fora do lugar” e se indigna ao mencionar o desemprego no país. Menciona a brutalidade pela qual o trabalhador informal brasileiro passa todas as semanas e as metas de vacinação que cumpriu em seus mandatos.
Bolsonaro, em comentário à resposta de Ciro, não falou de políticas de vacinação e atacou a jornalista. “Você dorme pensando em mim. Você faz afirmações mentirosas ao meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro. A senhora foi conivente com a corrupção”, afirma o presidente. Este comportamento reflete o constante ataque que o atual presidente da República vem fazendo a jornalistas durante seu mandato, responsabilizado por 147 das 430 agressões sofridas por jornalistas no Brasil no último ano.