A tão sonhada vida universitária pode ser muitas vezes exaustiva. Representada muitas vezes por meio de filmes que idealizam a rotina na faculdade, o dia a dia dos estudantes pode parecer muito divertido e fácil, com festas e competições esportivas, porém, na prática não é bem assim. Quando ingressam em uma instituição, o primeiro grupo que integra novos indivíduos à faculdade costumam ser as atléticas. Por já abrigar alunos veteranos, muitos acabam integrando sua administração e times, o que gera uma grande força desse grupo dentro da universidade e resulta em uma sobrecarga nos estudantes.
Arthur Ciuffa, de 21 anos, faz licenciatura em física na Universidade Federal de São Carlos e relata que sua maior dificuldade é conciliar o esporte com sua vida acadêmica. O jovem pratica handebol há mais de 10 anos e integra a atlética de sua universidade. Ele diz que sua integração no time é fundamental para sua vida social e bem-estar, auxiliando em sua saúde mental, mas alerta jovens quanto a disciplina para conciliar tudo, “é necessário muita disciplina e às vezes precisamos de muitos anos para aprender essa disciplina”.
Em entrevista feita com o fisiologista, professor, consultor em atividade física, saúde e performance, Turíbio Leite Barros Neto para o portal Drauzio Varella da UOL, ele relata que o esporte gera endorfinas que promovem a paz e tranquilidade. O especialista ainda diz que “são as endorfinas, neuromediadores ligados à gênese do bem-estar e do prazer. Por ser um potente liberador de endorfina, o exercício físico cria a boa dependência quando praticado regularmente e faz falta como faria qualquer outra substância associada ao prazer.”
Com esses benefícios, a saúde mental dos jovens é diretamente influenciada, mas também é necessário saber conciliar os estudos com essa prática esportiva, que é o que relata a psicóloga Natalia Aparecida Elias de Oliveira, “a saúde mental tem um papel importante na carreira esportiva e acadêmica, pois é necessário trabalhar tanto a pressão psicológica quanto o estresse em ambos desempenhos.” A psicóloga também relata que os principais desafios enfrentados pelos jovens que enfrentam essa rotina é a pressão psicológica, o medo, além de sintomas ansiosos e depressivos.
Os jogos esportivos estão diretamente ligados à interação e criação de laços interpessoais. Os esportes em grupo são responsáveis pelo nascimento de muitas amizades que marcam a vida da maioria dos estudantes e mudam suas perspectivas, como a da Beatriz Loss, de 22 anos, que faz jornalismo na PUC-SP. A jovem relata que: “o esporte universitário marcou completamente a minha graduação. Foi no time que fiz minhas maiores amigas da faculdade, onde eu aprendi a trabalhar em equipe, aprendi a administrar um time (mesmo que pequeno), aprendi a ter empatia e me colocar no lugar dos outros. O esporte é tão importante pra mim, que virou tema do meu TCC.”
É evidente que o esporte é essencial para a vida de todos, ainda mais na juventude, que é a época em que se aprende a interação social e onde molda-se o caráter, porém, as faculdades não fazem nada para auxiliar com que o aluno consiga conciliar estudos e esporte. Ambos os entrevistados relataram que suas faculdades não possuem programas de apoio aos atletas-estudantes e que, pelo contrário, tendem a dificultar a prática desportiva nas dependências da faculdade. Caso a postura institucional fosse oposta, mais estudantes e atletas bem-sucedidos poderiam ser observados em nosso país.