"Vício digital" cresce entre os jovens durante a quarentena

A utilização excessiva da Internet causa ansiedade nas pessoas por ficarem confinadas dentro de casa.
por
Leonardo Cavazana Nunez
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24/09/2021 - 12h

Por Leonardo Cavazana Nunez

Em período de isolamento um dos problemas mais comuns dessa geração aumentou consideravelmente: a dependência da tecnologia já que muitos utilizam gadgets como ferramenta para se distraírem durante o período confinado em casa. Segundo pesquisa do Laboratório Delete-Detox Digital e Uso Consciente de Tecnologias, da Universidade Federal do Rio De Janeiro (UFRJ), realizada entre novembro de 2020 e janeiro de 2021, 62,5% das pessoas usaram tecnologias por mais de três horas todos os dias, e 49,1% por mais de quatro horas, durante o período de isolamento.

Fonte: Acervo pessoal, Caio hideaki Yoshida 

Fonte: Acervo pessoal, Caio Hideaki Yoshida

Entre esses jovens está Caio Hideaki Yoshida, 19 anos, morador de Biritiba Mirim, estudante de Administração. Ele relata que utiliza a tecnologia de forma excessiva. “Eu passo grande parte do dia conectado em plataformas como Instagram e YouTube, e quando estou estudando é através do meu computador ou celular”, confessa.

Segundo Yoshida esse uso excessivo em frente a tela vem trazendo muitas consequências. “Então, a meu ver posso ter ficado mais ansioso passando tanto tempo olhando apenas para a tela” e ainda completa: “Talvez eu usasse isso como uma válvula de escape para o tédio e também resultado em maior procrastinação com estudos”, avalia.

Fonte: Acervo pessoal, Ruan Bintencourt Ramos

Fonte: Acervo pessoal, Ruan Bittencour Ramos

Outro jovem, Ruan Bitencourt Ramos (20), estudante de Psicologia da Universidade São Judas, a frequência do uso da tecnologia também aumentou. “Sim, o ser humano é, por evolução, um animal social, temos uma necessidade biológica de convivência, intimidade e trocas com outro indivíduo. As redes sociais possibilitam uma proximidade, em um período de isolamento social são indispensáveis para preencher tal necessidade humana”, afirma.

Ramos relata que dentro da sua área esse debate tem uma grande importância no combate desses vícios.“Por etimologia, vício é falta de algo, a psicologia, por meio de terapias e acompanhamentos procura controlar e descobrir a causa de tais faltas, curando desde o começo, desde as raízes dos vícios para uma melhor qualidade de vida do paciente”, define.

Os dois estudantes acreditam que há como combater esse problema que está entre a maioria dos jovens. Para o morador de Biritiba Mirim, sua visão é pessimista, mas afirma que acredita em uma solução. “De certa forma, talvez seja improvável que consigamos fugir das telas, pois elas estão cada vez mais presentes e funcionais em nossas vidas. Porém é muito importante que invistamos em nossas vidas reais para evitar problemas futuros”, considera. Já o estudante de psicologia acha maneiras viáveis de tratamento. "Por meio de terapias, aulas sobre a responsabilidade nas redes e conscientização da importância da saúde mental na vida e cotidiano da população”, finaliza.