Renato Aroeira é um cartunista que teve seu início de carreira em Minas Gerais, sua cidade natal, no caderno de Esportes do Jornal Minas. A princípio, Aroeira fazia ilustrações na coluna, que era de seu pai. Antes disso, o cartunista desenhava para os livros da mãe que fazia livros paradidáticos.
Quando perguntado sobre seu início de carreira, Renato Aroeira fala sobre a mãe e o pai e diz que “é um aprendizado na oficina familiar”, pois veio de uma família de desenhistas, jornalistas e também cartunistas. Além disso, ele conta que começa a ser cartunista trabalhando com educação, primeiramente, e depois vai para a área do cartoon.
Em seguida, Aroeira começa a falar sobre a transição de sua carreira para a política, que é sua área atualmente, “Quando eu comecei lá no Jornal de Minas, ilustrando a coluna do meu pai, o editor geral gostou dos desenhos e me chamou, perguntou se eu queria fazer charge política e claro, não sabia direito fazer, mas fiz”. Mas, o cartunista conta que a transição real e seu aprendizado de política, ocorre com o Movimento Estudantil e a construção da imprensa sindical. Ele diz que, nesse momento, foi quando começou a realmente entender política, e não só desenhar as charges para os jornais.
Logo após a conversa sobre sua mudança, Renato Aroeira é questionado a respeito do desafio da representação política atual nas charges. Assim, ele conta que prefere explicar mais do que qualquer outra coisa, pois existem diversas interpretações acerca do que é desenhado. Não só isso, Aroeira diz “você deve ter a preocupação, como repórter ou um redator quando constrói a matéria, de ser preciso no que está dizendo; se for uma coluna de opinião, deixe claro que é uma opinião, assim como a charge”.
Ainda sobre a construção da charge, o cartunista finaliza dizendo que não gosta de simplificar - algo que ele fazia antes - pois torna-se preconceituoso, de todas as formas, e que prefere explicar claro e completamente, por mais que nem todos os leitores compreendam.
Após essa explicação das charges, é perguntado para Aroeira sobre o acontecido de 2019, em que ele recebeu um processo de Rodrigo Fux por conta de uma charge onde o presidente Bolsonaro e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, formavam o símbolo do nazismo, a suástica, ao darem um abraço. Aroeira diz que Netanyahu precisa ser criticado, visto que sua gestão é um desastre humanitário e ambiental; e em relação ao Bolsonaro, o cartunista conta que já havia sido processado por outras charges contendo o presidente ironicamente. Ele completa que a charge é inteira e totalmente irônica, e que “o uso da suástica como crítica ao comportamento autoritário, é permitido”.
Finalizando, Aroeira responde sobre ser julgado no quesito do “politicamente correto” e ele diz “na verdade, coisas e piadas que eu achei engraçado em alguns momentos da minha vida, não consigo mais achar, então, eu penso que como tudo na minha vida eu escolhi uma maneira, tenho mais de um caminho, e meu caminho diz ‘é seguinte, eu não bato em quem tá apanhando’” e dá o exemplo de não fazer charges sobre mulheres, indígenas e negros.