“Um dos dias mais tristes da minha vida”

Roberto Castro relembra as emoções de São Paulo e Vélez Sarsfield pela final da Libertadores de 1994.
por
Paulo Castro
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23/11/2020 - 12h

 

O Brasil pelo terceiro ano seguido era o palco da final da Copa Libertadores, torneio de futebol disputado pelos maiores clubes do continente. O São Paulo Futebol Clube enfrentava o poderoso Vélez Sarsfield da Argentina na busca pelo terceiro título seguido da competição. “Como esquecer aquela noite, até hoje fico pensando o que poderia ter acontecido de diferente”. Roberto Castro, 51 anos, original de São Paulo, capital, e apaixonado por futebol. “Com certeza foi um dos dias mais tristes da minha vida, tudo acabou em questão de segundos. Quando aquele último pênalti entrou, a alegria no estádio simplesmente acabou e o silêncio tomou conta de todos”.

O Morumbi naquela noite recebeu 92.560 pessoas, até hoje um dos maiores públicos da história da competição. A tristeza que o torcedor são-paulino sentiu era o começo do fim de um dos maiores esquadrões do clube, o elenco comandado pelo técnico Telê Santana ganhou duas vezes seguidas a Libertadores e o Mundial, feito que nenhum clube do Brasil conseguiu repetir. “Aquele time foi um dos melhores que eu já vi jogar, Zetti, Muller, Raí fizeram parte do clube que a gente aprendeu a amar e o jeito que eles jogavam eu nunca mais vi igual”.

O dia era 31 de agosto de 1994, o time brasileiro precisava ganhar de pelo menos 1 a 0 para levar a partida para as penalidades, o torcedor se mostrava confiante, com as glórias recentes e o ótimo aproveitamento que o São Paulo tinha na frente de sua torcida, o placar não era dos piores. “Eu estava tudo menos com a ideia de que nós perderíamos aquele jogo, a equipe era muito bem preparada mentalmente e tecnicamente, os torcedores estavam realmente bem confiantes e já pensa possibilidade de mais uma taça”. O clube paulista ganhou o jogo em tempo normal, com um belo gol do ponta Muller ainda no primeiro tempo.

O maior pesadelo para um torcedor de futebol é a disputa de pênaltis, e naquela noite não foi diferente. “Eu lembro que quando acabou o jogo, foi uma mistura de sentimentos. Um alívio que ainda tínhamos chances porém o medo de perder de uma forma tão cruel como é a decisão nos pênaltis”. A confiança do torcedor e de Castro logo caiu quando Palinha, um dos melhores jogadores do time, perdeu a primeira cobrança.

“Eles não erravam e a gente pedia para que Zetti pudesse fazer mais um milagre, mas dessa vez não deu”. O clube argentino acertou as cinco cobranças e levou a Libertadores do São Paulo e seus torcedores. 

 

O título do torneio internacional do Vélez foi o primeiro e único do clube, a conquista da América é vista como o maior feito até hoje do clube argentino. O craque do time era o goleiro José Luis Chilavert, que foi responsável pela defesa no  pênalti de Palinha.

“O futebol é assim, apaixonante, maluco, mas em muitos momentos nós dá uma alegria e calma que só ele sabe. Guardo tristezas daquele dia mas também muitas boas lembranças, a ansiedade, a festa com a torcida. Ver a taça com a outra torcida é triste, doeu e ainda doi demais mas nem sempre a vitória vem e quando ela chegar, tudo vai ter valido a pena”.