Transatlântico Oceania: Haiti

Com sufoco, haitianas estreiam na Copa do Mundo em grupo desafiador
por
Bianca Novais
|
11/07/2023 - 12h

Localizado na América Central, o país caribenho divide o território da ilha Hispaniola com a República Dominicana, compondo o arquipélago das Grandes Antilhas. É o terceiro maior país do Caribe, atrás apenas de Cuba e República Dominicana, com 11,45 milhões de habitantes em 2021, segundo dados do Banco Mundial. A população da capital, Porto Príncipe, tem pouco mais de um milhão de pessoas e as línguas oficiais do país são francês e crioulo haitiano.

O Haiti é reconhecido por ser o primeiro país independente da América Latina, tendo expulsado os franceses do território em 1804, com a primeira – e única – revolução de negros escravizados bem-sucedida das Américas. Mais recentemente, desastres naturais e instabilidade política têm sido os assuntos mais associados ao país.

Devido às dificuldades políticas e econômicas enfrentadas pelo Haiti, o país recebe ajuda humanitária de diversas organizações internacionais e nações, como o Brasil. Após o terremoto devastador que atingiu o país em 2010, o Brasil foi um dos principais países a se envolver na resposta humanitária e na reconstrução do Haiti, enviando uma missão militar chamada Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti. Além do aspecto militar, o Brasil também enviou equipes médicas e de resgate, bem como suprimentos essenciais, como alimentos, água potável, medicamentos e abrigos temporários.

A cultura haitiana é diversa e enraizada nas tradições africanas e nativas. A música tem expoentes notáveis, com artistas como Wyclef Jean e Tabou Combo ganhando renome internacional. Outra expressão cultural importante é o vodou, religião sincrética que combina crenças africanas e católicas é uma parte central da identidade haitiana, profundamente enraizado na vida cotidiana. As cerimônias de vodou envolvem música, dança, rituais e culto aos espíritos.

Praia de Labadee, no Haiti. Foto: Reprodução/Expedia.com.
Praia de Labadee, no Haiti. Foto: Reprodução/Expedia.com.

Debutantes

As haitianas vão disputar sua primeira Copa do Mundo, tendo se classificado na repescagem do Mundial. Disputaram as classificatórias da CONCACAF (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e do Caribe), ficando em terceiro lugar do Grupo A na fase de pontos.

O resultado levou a seleção para a repescagem mundial, onde passou por Senegal por 4 a 0 e garantiu a vaga ao vencer o Chile por 2 a 1, superando Tiana Endler, uma das melhores goleiras do mundo. Melchie Dumornay foi o nome da classificação marcando os dois gols.

 

Le presse-papiers de Delépine

Nicolas Delépine está no comando da seleção do Haiti desde fevereiro de 2022. O técnico francês de 44 anos priorizou a experimentação de esquemas táticos nos últimos seis jogos, resultando em três vitórias e 3 derrotas. Apesar de ter trabalhado com algumas jogadoras no clube que treinou anteriormente, o Grenoble Foot 38 da França, chega para a Copa do Mundo ainda buscando um encaixe eficiente das suas peças.

Durante as eliminatórias da CONCACAF, o Haiti enfrentou os EUA com uma postura defensiva, no esquema 5-3-2, mas acabou sofrendo um 3 a 0. Já contra o México, Delépine optou pelo 4-4-2, favorecendo o meio-campo povoado e com Dumornay e Borgella avançadas. Nessa organização, o Haiti cravou 3 gols na rede mexicana ainda no primeiro tempo.

Nicolas Delépine, técnico da seleção haitiana. Foto: Reprodução/Instagram: @wiwsport.
Nicolas Delépine, técnico da seleção haitiana. Foto: Reprodução/Instagram: @wiwsport.

Pérolas das Antilhas

A dupla da frente Roselorde Borgella, 30, e Melchie Dumornay, 19, são as principais jogadoras da equipe haitiana. Camisa 9 no Dijon da França, Borgella joga na seleção profissional do Haiti desde 2011. São 21 jogos e 18 gols pela seleção. Nas classificatórias, marcou dois gols na semifinal contra Senegal.

A jovem Dumornay se provou decisiva nas classificatórias, sendo os dois gols contra o Chile assinados por ela. Considerada uma das jogadoras mais promissoras da geração, Dumornay recebeu em 2022 o prêmio de melhor futebolista adolescente pelo portal de notícias esportivas Goal NXGN. Atua como meio-campista pelo Lyon, também da França, e iniciou sua carreira em competições internacionais aos 12 anos, pela seleção sub-15 do Haiti, em 2016. Em 2019, foi convocada para a seleção profissional e, desde então, marcou 12 jogos e 8 gols.

Melchie Dumornay, prodígio da seleção haitiana. Foto: Reprodução/Fifa.com.
Melchie Dumornay, prodígio da seleção haitiana. Foto: Reprodução/Fifa.com.