Transatlântico Oceania: Colômbia

A seleção colombiana aposta em jovem promessa mundial e na experiência das atletas convocadas para superar a última campanha do mundial
por
Maria Clara Magalhães
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11/07/2023 - 12h

A seleção colombiana de futebol feminino embarcará rumo à Austrália e Nova Zelândia para o que será a maior edição da Copa do Mundo da modalidade, em toda a história. Entre as 32 equipes classificadas para a competição, as colombianas vêm esbanjando talento, conduta e ambição para superar a última campanha de sua segunda participação no mundial, em 2015: as oitavas de final. 

Com as cores amarelo, azul e vermelho, o país localizado no extremo norte do continente sul-americano conta com uma grande diversidade étnica e geográfica e mais de 50 milhões de habitantes. Banhado pelo oceano Pacífico e também pelo mar do Caribe, a multiplicidade da paisagem é contemplada por parte da cordilheira dos Andes, Floresta Amazônica e do Círculo de Fogo do Pacífico - região sujeita a terremotos e erupções vulcânicas. 

A miscigenação é bem semelhante à brasileira, e molda totalmente a cultura local. Os povos originários - chinchas, quimbayas e taironas, os colonizadores - em maioria, espanhóis - e de matrizes africanas - grande parte, escravizados, caracterizam a mistura no país do café. 

Com inúmeros ritmos musicais, destacam-se a Cúmbia - fusão de ritmos indígenas, africanos e de influências espanholas, o Vallenato - influências folclóricas - e o Reggaeton - raízes latinas, caribenhas e europeias. Nomes como Maluma, J Balvin e Shakira destacam a popularidade musical da Colômbia. 

A comida típica tem como base peixes, o milho e a mandioca. Além disso, o país carrega o título de um dos melhores produtores de café no mundo. A altitude, o solo e o clima, elevam o grau de qualidade do grão exportado. O país colombiano possui a maior produção mundial de esmeraldas. Em contraponto, é também o principal produtor de cocaína no mundo, Pablo Escobar, por exemplo, é um grande personagem do território, devido ao narcotráfico. 

Tendo Bogotá como sua capital, o país tem como idioma oficial o espanhol e atrai turistas de todo o mundo devido a cultura diversificada e atrativa. As celebrações não são deixadas de lado, já que contam com o tradicional Carnaval de Negros y Blancos, a Feria de Manizales e o grande Carnaval de Barranquilla.

Desfile no Carnaval de Negros y Blancos
Desfile no Carnaval de Negros y Blancos. Foto: Reprodução/EFE 

QUALIDADE COLOMBIANA 

Na lista que classifica as seleções nacionais de futebol feminino, em um ranking feito pela FIFA, a Colômbia ocupa a 25ª colocação. Em um contexto sul-americano, fica atrás apenas do Brasil (que ocupa a 8ª). Olhando para o futebol, isso é mais evidente quando na última edição da Copa América, ainda em 2022, as brasileiras sagraram-se campeãs e as colombianas ficaram com o vice-campeonato. 

A Colômbia, que esbanjava atitude e competitividade, chegou invicta na final e ainda garantiu a classificação para a Copa do Mundo. Apoiadas em peso pela torcida, já que sediaram o torneio, ainda impulsionaram um título extracampo, expondo escândalos das condições precárias e os descasos vivenciados no âmbito do futebol nacional em meio aos protestos na grande final. 

Com poucas oportunidades internacionais, a seleção participou pela primeira vez do mundial ainda em 2011, e foram eliminadas na fase de grupos. Quatro anos depois, em 2015, com um melhor desempenho, foram eliminadas nas oitavas de final para os Estados Unidos - que seriam as campeãs daquela edição.

Atletas da seleção colombiana em protesto, com os braços levantados e as mãos fechadas, durante a exibição do hino nacional na Copa América
Jogadoras em protesto durante campanha na Copa América por melhores condições. Foto: Reprodução/CONMEBOL 

PRANCHETA DE NELSON ABADIA 

Escolhido pela experiência com o futebol colombiano e a confiança de ex-dirigentes, Nelson Abadia já atuou como técnico do América de Cali e como assistente técnico da seleção feminina. Desde 2017 comanda a Colômbia, e venceu de forma inédita os Jogos Pan-Americanos de 2019. 

Em um elenco com experiência europeia e com atletas que atuam também no futebol brasileiro, o técnico aposta na formação 4-2-3-1 e na competitividade das peças para buscar as ambições no campeonato.  

A transição ofensiva da equipe acontece com a recuperação da posse de bola ainda no meio-campo (ou na própria saída de bola colombiana), e com bolas esticadas para as atacantes, potencializando as que atuam pelas pontas, para encontrar uma defesa adversária mais exposta. A habilidade individual lá na frente é o ponto forte da equipe para buscar a aproximação ao gol e achar o melhor espaço na área para a finalização das jogadas. 

A Colômbia é um time que agressivo dentro das perspectivas aplicadas pelo ritmo de jogo, muitas vezes, quando encontra uma defesa adversária sólida e bem postada, utiliza finalizações de fora da área, já que apresenta dificuldades em quebrar as linhas defensivas. 

Defensivamente, a equipe mantém fixa a linha de quatro e por vezes, libera uma das laterais quando tem uma segurança defensiva maior, para auxiliar na construção do time. A marcação individual é um forte para impedir a progressão adversária.

O técnico Nelson Abadia
O técnico da seleção da Colômbia, Nelson Abadia. Foto: Reprodução/EFE Leonardo Muñoz

A GRANDE PROMESSA SUL-AMERICANA 

Linda Caicedo, atacante versátil que pode atuar, por exemplo, como falsa 9 ou ponta-esquerda, com apenas 18 anos já é um grande nome do futebol colombiano e atua no Real Madrid. A atleta iniciou os trabalhos no futebol profissional com apenas 14 anos. 

Artilheira e campeã com o América de Cali, em 2019, liderou a seleção Sub-17 até a final e a Sub-20 às quartas no mundial das categorias. Na Copa América foi fundamental para garantir a classificação para a final, marcando o gol da vitória e desbancando a Argentina, consequentemente, auxiliando também para a classificação da Copa do Mundo deste ano e para os Jogos Olímpicos. 

A colombiana é velocista e habilidosa, foi eleita ainda a melhor jogadora da Copa América, mesmo tendo ficado com o vice-campeonato. Criativa, denominá-la como promessa soa até como injustiça, já que é cotada como experiente devido a tudo que construiu com a camisa da seleção e lidera o projeto do atual clube que atua. 

A atleta Linda Caicedo, vestindo a camisa 11 da seleção e comemorando o gol que marcou em cima da Argentina, ainda na Copa América
A joia colombiana, Linda Caicedo. Foto: Reprodução/FIFA 

OLHO NELAS 

Ainda no ataque, destaca-se Catalina Usme – a maior inspiração de Linda Caicedo – que atua pelo América de Cali. Com 33 anos, a atacante tem 50 gols vestindo a camisa da seleção colombiana, é explosiva, goleadora e técnica. Nas últimas 14 partidas que atuou, conta com participação em gols em todas elas. 

Leicy Santos, a clássica camisa 10. A atleta atua pelo Atlético de Madrid, dita o ritmo da equipe, é versátil e possui o pé calibrado. Na campanha da Copa América, teve quatro assistências e carrega experiência desde o Sub-17 da seleção, na qual era capitã. 

Nesta edição de mundial, as Colombianas chegam instigadas a superar o seu resultado na competição, conquistado em 2015. Na primeira fase a sul-americana enfrenta Alemanha, Coréia do Sul e Marrocos pelo grupo H. Em sua estreia, a Colômbia enfrentará a Coréia do Sul, no dia 24 de julho, no Allianz Stadium, às 23h00 (horário de Brasília).