Transatlântico Oceania: África do Sul

Atuais campeãs da Copa da África, veja como as sul-africanas chegam ao Mundial.
por
Gustavo Zarza
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11/07/2023 - 12h

Quem pensa que a África do Sul vive só de Waka-Waka está muito enganado. Essa é uma das nações mais importantes da história humana, que também possui muitas outras curiosidades. A África do Sul é a terceira maior economia do continente africano, a base das suas atividades estão na exploração mineral, sendo uma das maiores exploradoras de ouro e diamantes no mundo, e também inclui o turismo. No país há um dos maiores parques de safári do planeta que fica na reserva nacional Kruger, contando com uma enorme diversidade de espécies.

 

Cidade do Cabo
Cidade do Cabo, África do Sul (Foto: TripAdvisor)

 

Porém, não há diversidade somente nos animais. São mais de 57 milhões de pessoas por todo o território sul-africano, sendo 80,9% de negros, 8,8% de mestiços, 7,8% de brancos e 2,5% de indianos, segundo a agência oficial de estatística da África do Sul. Mesmo a população negra sendo a maior, ela é dividida em diversas tribos de origens diferentes, o que faz com que o país tenha 11 línguas oficiais.

Essa mistura também ocorre nos esportes. Os sul-africanos gostam de três deles. O rugby, que é um esporte de bastante tradição, não é por acaso que eles conquistaram o mundial três vezes. O futebol, que é a paixão da população negra e a modalidade mais praticada no país, e o Críquete, tradicional entre os imigrantes indianos.

Outro fato interessante são as capitais. A África do Sul, diferente de vários países do globo, possui três. Pretória, onde fica o poder executivo, Cidade do Cabo, local do poder legislativo e Bloemfontein, onde está o poder judiciário.

Um dos maiores patrimônios da África do Sul, no entanto, são os seus quatro prêmios nobéis da paz, todos ligados a luta contra o sistema opressivo do apartheid. Tendo como o seu maior representante o ex-guerrilheiro preso por 27 anos e ex-presidente da nação, Nelson Mandela.

Mulheres e homens lutaram juntos pelo fim do apartheid, mas no momento da democratização os direitos das mulheres acabaram ficando de lado. A sociedade sul-africana por conta de suas tradições e culturas ainda é muito machista. Costumes como pagar o dote da mulher, ou a lobola como eles chamam, para casar é algo comum.

Estatísticas apontam que 48 mulheres são estupradas por hora na África do Sul. Mesmo com todas as adversidades, elas trabalham, cuidam dos filhos, dos maridos e até dos netos. Todos esses fatos só evidenciam a força das mulheres desta nação.

Com essa força a Banyana Banyana vai para o mundial na Oceania. Banyana Banyana é um apelido carinhoso que a seleção recebeu, significando "garotas garotas".

 

ATÉ O MUNDIAL 

africa do sul
Jogadoras comemorando o título da copa africana de nações (Foto: CrioloSports)

A África do Sul chega a Copa do Mundo após vencer a Copa Africana de Nações com 100% de aproveitamento. A seleção já havia se classificado para o mundial quando chegou a final da competição, porém o time queria mais e venceu o Marrocos por 2 a 1, se consagrando campeã do torneio.

As sul-africanas ainda estão construindo a sua história no futebol mundial. Essa será a sua segunda participação em um Copa do Mundo, a primeira foi em 2019, quando elas caíram ainda na fase de grupos.

 

PRANCHETA DA ELLIS 

O time é comandado por Desiree Ellis e costuma jogar no 4-4-2, explorando um contra-ataque rápido e mortal. As jogadoras sul-africanas são conhecidas pela sua velocidade, mas possuem dificuldades em realizar jogadas mais trabalhadas. Além de que normalmente é criado um vão enorme entre a defesa e o meio de campo nas jogadas de ataque, o que pode ser aproveitado pelos adversários.

 

DESTAQUES DA BANYANA

Hildah
Hildah Magaia, craque da Banyana contra o Brasil (Foto: GE)

Entre os destaques, a seleção conta com grandes jogadoras, como a camisa 10, Linda Motlhalo, atleta do Glasgow City que recebeu o apelido carinhoso de "a Ronaldinho de Randfontein"; e junto dela a atacante Jermaine Seoposenwe, atleta do CF Monterrey, que tem 21 jogos e 11 gols pela África do Sul. Porém, a craque do time é Hildah Magaia, jogadora do Sejong Sportstoto da Coreia do Sul.  Ela é extremamente inteligente, forte e de muita velocidade, que é beneficiada pelo esquema tático da seleção, sempre infiltrando e deixando seus gols. Foi ela que marcou os dois gols que garantiram o título africano para a Banyana. Ao todo foram 12 jogos e 7 gols.

As expectativas para essa Copa não são altas. A diferença técnica e tática entre as seleções de mais tradição no futebol feminino são grandes. No grupo G, a África do Sul enfrentará as fortes seleções de Argentina, Itália e Suécia.

 

PROTESTO

Outro fator que dificulta a vida da Banyana foi o que aconteceu no dia 2 de julho. A seleção realizou uma manifestação por conta de atrasos nos pagamentos pela classificação do mundial. As principais jogadoras não entraram em campo no último amistoso em preparação para a Copa contra a Botsuana. Com isso a federação decidiu convocar outras jogadoras de última hora para a partida e acabaram perdendo de 5 a 0.

Mesmo com todas as adversidades, a seleção sul-africana possui um time interessante, com os encaixes certos e muita fé a Banyana Banyana pode ir longe.

 

JOGADORAS CONVOCADAS:

Goleiras:

Andile Dlamini (Mamelodi Sundowns)

Kaylin Swart (JVW FC)

Kebotseng Moletsane (Royal AM)

 

Defensoras:

Karabo Dhlamini (Mamelodi Sundowns)

Lebohang Ramalepe (Mamelodi Sundowns)

Tiisetso Makhubela (Mamelodi Sundowns)

Bambanani Mbane (Mamelodi Sundowns)

Bogenka Gamede (UWC)

Fikile Magama (UWC)

Noko Matlou (SD Eibar)

 

Meio-campistas:

Kholosa Biyana (UWC)

Sibulele Holweni (UWC)

Refiloe Jane (Sassuolo FC)

Linda Motlhalo (Glasgow City)

Nomyula Kgolae (TS Galaxy)

Robyn Moodaly (JVW FC)

 

Atacantes:

Gabriela Salgado (JVW FC)

Jermaine Seoposenwe (CF Monterrey)

Noxolo Cesane (Sem clube)

Melinda Kgadiete (Mamelodi Sundowns)

Wendy Shongwe (Universidade de Pretória)

Hildah Magaia (Sejong Sportstoto)

Thembi Kgatlana (Racing Louisville)

 

Suplentes:

Nthabiseng Majiya (Richmond United)

Amogelang Motau (UWC)

Regirl Ngobeni (UWC)