Trabalhadores negros ainda são vítimas de racismo no Brasil 

A empresa varejista divulga trainee apenas para negros, causa polemica e levanta o debate sobre o racismo no mercado de trabalho
por
Luiza Mazzer e Yerko Maurício
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20/11/2020 - 12h

A empresa varejista Magazine Luiza divulgou, em meados de setembro, que haverá um processo seletivo para o ano de 2021 apenas com candidatos negros. A empresa justificou ao Jornal G1 que o objetivo é “levar mais diversidade racial aos cargos de liderança”. 

Cartaz de divulgação do programa de trainee do Magazine Luiza (foto: Magazine Luiza) 

 

 

 

           Essa ação é bastante significativa, pois segundo dados divulgados pela empresa, 53% de seus funcionários são negros, mas apenas 16% deles ocupam cargos de liderança. Nesses dados revela-se o racismo estrutural da sociedade que não contrata negros para trabalhos posições de destaque dentro das empresas ou para trabalhos intelectuais , apenas para uma mão de obra menos qualificada. “É vergonhoso como o Brasil trata os trabalhadores negros, nós somos normais como todos e merecemos o mesmo respeito” disse Anderson Santos, um dos candidatos à vaga da Magazine Luiza, que afirma que os trabalhadores negros têm menos chance de trabalho. 

Além da Magazine Luiza, outras empresas aderiram à iniciativa, como o Programa Trainee Liderança Negra, da empresa alemã Bayer, de produtos químicos farmacêuticos, e a empresa alimentícia Elanco que está priorizando a contratação de negros e deficientes em seu programa de estágio. Contudo, o pioneirismo da Magazine Luiza gerou polêmicas. A empresa recebeu diversas acusações de estar praticando “racismo reverso”, isto é, discriminação contra brancos. 

Segundo informações coletadas pelo G1, 67% dos profissionais negros já perderam oportunidades de emprego por conta de sua cor e de sua aparência no trabalho, e 92% acreditam que ainda existe racismo na contratação de profissionais em empresas. 

Ademais, 67% dos candidatos que perderam suas vagas afirmam que foram desmerecidos pela sua aparência e 53% afirmaram terem passar por mudanças estéticas para serem aceitos em suas entrevistas.     

 

Foto: FRETACOM-BASEA 

 

        Santos, ao ser questionado se já sofreu discriminação na entrega de um currículo afirmou: “Diversas vezes. Eles acreditam que, por sermos de uma cor diferente, não podemos trabalhar do mesmo jeito que os brancos. Eu penso que deve ser isso, por que não faz sentido eles praticarem racismo com um trabalhador”. 

O mercado de trabalho ideal seria todos fossem iguais e que todos recebessem as mesmas chances, mas sabemos que isso não acontece no cenário brasileiro. 

Grupos que foram excluídos historicamente, como à população negra, tendem a possuir condições menores de se preparar. Esse cenário faz com que pessoas negras tenham baixo acesso a formação acadêmica e sejam eliminadas no início dos processos seletivos. 

Cada vez mais empresas buscam reduzir a desigualdade racial no seu quadro de colaboradores. Existem várias formas de ações afirmativas para se alcançar uma representatividade racial igualitária. 

 
 

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