The Town: Bruno Mars faz jus ao público brasileiro

Com show sedutor e agitado, o cantor manteve plateia empolgada do início ao fim; problemas de organização continuaram no segundo dia de evento
por
Bianca Novais
Luana Galeno
Vitor Nhoatto
|
05/09/2023 - 12h

O segundo dia do festival The Town aconteceu neste domingo (3), no autódromo de Interlagos, zona sul de São Paulo, com Alok, Luisa Sonza, Ney Matogrosso, Seu Jorge, Matuê, Bebe Rexha e o aguardado Bruno Mars. 

A primeira data esgotada do evento continuou falhando na organização. Pelo segundo dia seguido, as filas para entrada estavam enormes e desorganizadas. Apesar disso, o metrô, transporte indicado pela organização, funcionou de forma mais eficaz, mesmo cheio. 

As instalações de patrocinadores e stands de alimentação funcionaram bem e sem filas. Já os banheiros, um investimento entre a produção e a prefeitura de São Paulo, foi mais um ponto de frustração, com filas mal organizadas e falta de manutenção da limpeza. 

 

 

Matuê começou os trabalhos com quarenta minutos de atraso por problemas de áudio, causando um efeito cascata no festival, mas que conseguiu ser revertido para Bruno Mars iniciar sua performance às 23h05. A apresentação do trapper foi uma homenagem a sua avó e a sua cidade natal, Fortaleza. O artista trouxe a animação que duraria todo o segundo dia do The Town. Dono dos hits Conexões de Máfia e Kenny G, mostrou sensibilidade com discursos de outros artistas nordestinos, como Belchior, durante a performance. Também demonstrou relevância no cenário musical, já que tinha plateia muito cheia, diferentemente da primeira apresentação de sábado.

 

Matuê em sua apresentação com a imagem de sua avó no telão. Foto: Divulgação/Instagram/@matue
Matuê em sua apresentação com a imagem de sua avó no telão. Foto: Divulgação/Instagram/@matue

 

Logo depois, inaugurando o palco principal Skyline, Luísa Sonza levou coreografias ensaiadas, trocas de figurino e vocais impressionantes, principalmente em Penhasco e Penhasco2, sendo esta de seu álbum Escândalo Íntimo, lançado na última semana. Os sucessos Braba, Sentadona, Cachorrinhas e Modo Turbo também fizeram parte da setlist, animando o público.

A artista aproveitou o espaço para homenagear Marília Mendonça com Melhor Sozinha e seu novo romance, Chico Veigas (conhecido como Chico Moedas), foi destacado pelas câmeras, sorrindo enquanto ela cantava Chico, canção escrita para ele. Em Lança Menina - homenagem a Rita Lee -, Sonza desceu do palco e foi carregada nas costas enquanto interagia com o público para o encerramento de seu show.

 

 

 

 

Ney Matogrosso levou seu bloco para rua em um show com figurino dourado e uma verdadeira performance artística, aos 82 anos. Com energia de sobra, Ney colocou o público para dançar com Homem com H e Sangue Latino.

 

Ney Matogrosso no palco The One. Foto: Divulgação/Instagram/@thetownfestival
Ney Matogrosso no palco The One. Foto: Divulgação/Instagram/@thetownfestival

 

Nos palcos Skyline e Factory, se apresentaram simultaneamente Alok e Teto, grandes nomes da música brasileira. O primeiro trouxe para o Skyline seus maiores sucessos, como Fuego e Hear Me Now, convidando o parceiro Zeeba para a performance. Foram anunciados também lançamentos inéditos como Nossos Dias, para novembro, além de uma parceria com The Chainsmokers e outra com Bebe Rexha. O segundo, apesar da performance bem produzida, causou estranhamento ao ser alocado no palco Factory e não ter seu show transmitido em nenhum veículo oficial.

Teto tem hoje mais de seis milhões de ouvintes mensais no Spotify, sucesso refletido no mar de pessoas que foram vê-lo no festival. Sua alocação em um palco secundário fez com que seus espectadores ficassem desconfortáveis. O público que acompanhou de casa também ficou desapontado, já que nem o Multishow, Canal BIS ou GloboPlay transmitiram sua apresentação. 

O discurso de inclusão de artistas do estilo trap feito pela organização pareceu então superficial, já que no dia anterior também não foi televisionada a performance de KayBlack, artista em ascensão com quase 10 milhões de ouvintes mensais. 

 

 

 

 

A headliner internacional Bebe Rexha iniciou sua apresentação com a emocionante Me Myself & I. O carisma da cantora americana carregou a multidão, além de seus vocais excepcionais e presença de palco. Apresentou seus hits que misturam pop, eletrônico e rock como I'm a Mess, Sacrifice e Meant To Be

Uma grande surpresa foi a participação ao vivo de Luísa Sonza em I Got You, cantada por ambas como Só Dá Tu, versão brega da canção concedida pela Banda Favorita. Repetindo ainda o que fez no Rock In Rio de 2019, chamou ao palco alguns fãs durante Hey Mama. Bebe fechou sua apresentação com I'm Good (Blue) e foi para a galera, com uma bandeira do Brasil em mãos, interagindo muito com os fãs.

Seu Jorge transformou o palco The One em um salão de samba rock, entoando com animação seus sucessos Carolina, Mina do Condomínio, Amiga da Minha Mulher e Quem Não Quer Sou Eu. Chamou Edi Rock, do Racionais MC's, para reprisar That's My Way, apresentada pelo grupo de hip hop no dia anterior, sob forte chuva. O público acompanhou o cantor no refrão de Alma de Guerreiro, saudando São Jorge, e a saideira foi com a famosa Burguesinha. "Salve São Paulo! Salve a música brasileira!", pediu ao encerrar a apresentação.

 

Seu Jorge no palco The One. Foto: Divulgação/The Town.
Seu Jorge no palco The One. Foto: Divulgação/The Town.

 

Com a apresentação mais antecipada da noite, Bruno Mars não desapontou os fãs brasileiros e entregou um show animado, sedutor e nostálgico. Mostrou o alcance de seu talento com solos de guitarra, dançando com sua banda igualmente multi-talentosa e xavecando o público em português. 

Iniciando o show com dança me 24K Magic, que dá nome ao seu último álbum, logo avisou em português: "tô aqui, São Paulo!". Essa foi a primeira de muitas declarações em nossa língua ao longo da noite. A intimidade foi crescendo com os hits de sua coletânea mais recente. Bruninho - como pediu para ser chamado, no palco - se dedicou na coreografia com sua banda em Finesse e Treasure enquanto a plateia retribuía com coro. Abrindo brecha para em qualquer momento de silêncio do palco, o público clamar "Bruninho! Bruninho!" ou "Bruno! Bruno!" .

Após Calling All My Lovelies, quando tocou solos de guitarra em uma Fender Stratocaster dourada, Bruninho trocou o instrumento por um telefone sem fio dos anos 1980, também dourado, e levou a plateia à loucura com a declaração em nosso idioma, durante Pick Up The Phone: "Eu quero você, gatinha".

 

Bruninho Mars tocando guitarra durante Calling All My Lovelies. Foto: Reprodução/Multishow.
Bruninho Mars tocando guitarra durante Calling All My Lovelies. Foto: Reprodução/Multishow.

 

A romântica Marry You veio em seguida e o grupo voltou para a coreografia em Runaway Baby. Quando alguém já poderia se perguntar se Bruno não tocaria piano, uma de suas especialidades, ele enfim se sentou ao teclado para um pot-pourri de canções mais antigas, pedindo para o público acompanhá-lo na voz. 

Desde músicas que compôs para outros artistas até hits como Talking To The Moon e Leave The Door Open, do projeto em parceria com Anderson .Paak, o Silk Sonic, Bruninho trouxe nostalgia e emoções aos fãs, que não o deixaram só em nenhuma canção.

A intimidade do showman com seu público brasileiro foi aumentando conforme o tempo e foi utilizada para performar When I Was Your Man. Ele relatou ter sido uma canção difícil de compor e que era difícil de cantar. Se ele não quisesse, não precisaria entoar uma palavra, pois o público cantou toda a letra, do início ao fim.

Surpreendendo a todos, o tecladista John Fossitt teve seu momento de brilhar tocando Evidências, de Chitãozinho e Xororó. Bruno, então, apresentou toda sua carismática banda, de extrema qualidade, e estendeu a bandeira do Brasil no alto. A finalização do seu show parecia precoce mesmo depois de 1h30 de duração.

O bis era inevitável, e Bruninho tocou um de seus maiores sucessos, Uptown Funk, deixando a dança para a plateia e reservando a energia para o próximo domingo (10), onde Bruno Mars retorna ao palco Skyline para encerrar o The Town.

Plateia vibrando ao fim do show de Bruno Mars no The Town. Foto: Maria Elisa Tauil.
Plateia vibrando ao fim do show de Bruno Mars no The Town. Foto: Maria Elisa Tauil.

 

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