Realizado no Teatro Oficina nesta terça feira (14/06), o evento contou com a presença de lideranças indígenas femininas componentes da Bancada do Cocar, pais de santo, lideranças políticas e culturais para o lançamento da pré-candidatura de Sônia Guajajara a Deputada Federal, pelo PSOL.
A narrativa expressa pelos discursos foi a de que São Paulo é uma terra indígena, que o vocabulário destes povos originários (como Mooca, Itaquera, Carapicuíba, etc) compõem e integram o dia-a-dia urbano sem se destoar da cidade; que a luta indígena não está longe da capital do estado.
“A partir de hoje é impossível negar a presença dos povos indígenas na política”, diz Zé Celso (diretor e dramaturgo) em seu discurso de abertura logo após ser saudado pelas lideranças da Bancada do Cocar. Célia Xakriabá, pré-candidata a Deputada Federal em Minas Gerais pelo PSOL, segue o dramaturgo na ordem dos discursos e exclama que “o Brasil nunca existiu nem nunca existirá sem as mulheres indígenas”. Xakriabá segue dizendo que as mulheres precisam transformar o Congresso Nacional no Congresso Ancestral e que o século 21 (vinte e um) é das mulheres indígenas.
Também estava presente no evento Sidnei Nogueira, ou Pai Sidnei de Xangô, que, tirando os sapatos, anunciou que não poderia se “furtar de reverenciá-las da maneira como merecem: colocando a minha testa no chão por vocês [Bancada do Cocar]”. Guilherme Boulos, como penúltimo a discursar, reiterou o fato de que ele e Sônia não são concorrentes, mas companheiros; diz que não quer chegar ao Congresso sozinho, quer chegar em grupo.
Sônia Guajajara foi a última na lista de discursos e apresentou a importância dos povos indígenas para o mundo, revelou que eles correspondem a 5% da população mundial e que 82% da biodiversidade do planeta se encontra em terras indígenas. Diz que as empresas que poluem os rios, que poluíram Mariana e Brumadinho, seguem impunes, mas que quando esses são poluídos: ”não é só o rio que se perde, a nossa cultura vai junto. Todo mundo vai sentir sede, vai ver a água correr, mas a água estará contaminada”.
Guajajara anuncia que o primeiro projeto de lei que a Bancada do Cocar irá promover vão ser as derrubadas das estátuas e a troca de nomes das estradas que carregam a memória de quem fez sofrer os povos indígenas do Brasil. Constata que os partidos atualmente não são capazes de compreender a luta ou a história dos povos e que “o futuro é ancestral, o futuro é indígena”.
Em clima de festa o evento é encerrado. As lideranças presentes se confraternizaram e as crianças indígenas do Jaraguá, que ao início cantaram músicas em conjunto, fizeram uma fogueira do lado de fora para se esquentar e continuaram cantando.