“Todas as pessoas deveriam saber preservar suas cordas vocais o melhor possível" diz fonoaudióloga Laura Leite

No Dia Mundial da Voz ouvimos alguns profissionais que utilizam a voz como instrumento principal de trabalho
por
Adriano Madruga, Giovanna Morais de Almeida, Victor Henrique Santos
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10/06/2021 - 12h

Microfones vermelhos pendurados em estrutura de ferro No dia 16 de abril comemoramos o “Dia Mundial da Voz”, dia destacado para reforçar e conscientizar a população sobre a importância da voz, e divulgar informações sobre doenças que possam impactar a fala, auxiliando assim as pessoas a identificarem possíveis sintomas e obterem um diagnóstico precoce.

Diversas profissões têm a voz como ferramenta principal de trabalho, entre elas temos cantores, radialistas, jornalistas, vendedores, fonoaudiólogos, professores, e tantos outros. Apesar de vital, muitas vezes a voz não é cuidada da forma correta, sendo levada ao desgaste o que prejudica as cordas vocais. A professora, Tânia Neves, 55, conta que durante as aulas presenciais os desgastes na voz eram frequentes. “Antes da pandemia trabalhava em período integral numa escola infantil, então o expediente se estendia das 7 horas da manhã até as 5 horas da tarde. Fazia algumas pausas no dia, mas na maioria do tempo estava falando o que gerava muito cansaço vocal. Houve semanas que mesmo com gargarejo, pastilhas e chá de gengibre acabei passando todos os dias rouca” diz Neves.

A professora fala também sobre como tem sido a rotina na pandemia, “Estou dando aulas remotas agora, e para não gerar desgaste nem nas crianças e nem nos pais que acompanham seus filhos nas aulas, reduzimos o tempo de aulas para 3 horas diárias. Em questão da voz isso ajudou muito, já que não passo mais o dia inteiro falando”, conta a professora. É recomendado que professores realizem aquecimentos vocais antes de longos períodos falando, mantenham-se hidratados bebendo cerca de 2 litros de água por dia e não façam refeições pesadas antes das aulas

O Consenso Nacional sobre Voz Profissional informa que cerca de 2% dos professores em atividade já foram afastados por licença médica ou restrição de função por problemas atribuídos a voz. Tânia conta como ‘driblou’ as consequências de horas falando e conseguiu amenizar o dano nas cordas vocais quando dava aulas presenciais, “Depois de alguns dias com dores de garganta passei no médico que me indicou repouso absoluto da voz e aconselhou que adquirisse um autofalante portátil para dar as aulas. Ao retornar as aulas com o autofalante foi um alívio, não precisava mais falar tão alto porque a caixinha de som tinha regulagem de volume e foi uma ‘sensação’ com as crianças, todas ficaram curiosas com o fato da professora dar aulas de microfone agora”.

Em entrevista com a fonoaudióloga Laura Leite, são apresentamos pontos fundamentais de sua profissão e a importância para diversos setores da sociedade, principalmente na comunicação "O Fonoaudiólogo é um profissional da área da comunicação e da saúde, nós nos preocupamos em como melhorar e tratar a voz de nossos pacientes, sem deixar de lado a importância de como ela deve soar! Trabalhamos em diversas áreas e setores da sociedade, e temos um trabalho crucial na hora de ajudar grandes comunicadores no país a transmitir de maneira limpa e clara a mensagem que o maior número de pessoas compreenda".

"Esse tipo de terapia consiste em construir uma nova identidade para a voz da pessoa, através de exercícios vocais e de respiração principalmente, podemos melhorar não apenas a voz em si da pessoa, mas outros problemas como a língua presa, que é extremamente comum no mundo todo, além da respiração em si, que é obviamente crucial a todos nós", conta a Laura sobre a terapia fonoaudiológica.

A fonoaudióloga informa também como é tratar problemas vocais, tal como a gagueira, "Em alguns casos, a cura completa principalmente da gagueira não ocorre, a pessoa pode infelizmente continuar com alguns pequenos "deslizes", mas através de um tratamento que pode levar um bom tempo, o resultado pode sair melhor que o esperado e melhorar muito a comunicação.
O "fanho" e o "gago" ambos passam por um problema latente no mundo todo que é a questão do bullying, principalmente na infância, isso pode causar marcas e problemas psicológicos e sociais que vão muito além da questão da voz, por isso temos uma grande responsabilidade, quando recebemos um paciente que sofre de algum distúrbio, em não apenas melhorar sua comunicação da melhor forma possível, mas integra-lo de uma maneira bem melhor na sociedade."

 No universo artístico, o uso da voz, principalmente entre atores e cantores, é uma ferramenta crucial para o trabalho.

O uso intensivo da voz pode fazer o ator perder uma peça importante e o cantor perder um grande show por exemplo, portanto, os cuidados que ambos devem ter com sua principalmente com suas cordas vocais.

Entrevistamos Tania Maria Barbosa, 50 anos, Tania durante grande parte de sua adolescência e infância cantou tanto em corais da escola quanto em corais de igreja, chegando até a fazer parte de competições de canto com seu colégio na época.

Tania disse que sempre tentou cuidar o máximo possível da voz, evitando de tomar e comer alimentos com temperaturas muito frias ou muito quentes, como sorvete e café respectivamente. Ela relatou ainda que devemos entender a voz como um músculo, e o canto se baseia nas várias formas que esse músculo se movimenta dentro da sua garganta, aliado as cordas vocais, que são a parte mais importante quando se trata da voz e do som que você quer emanar.

O quanto você ouve segundo ela, também é uma parte crucial para não desgastar suas cordas vocais.

“Estar em lugares com muito barulho, faz você desgastar sua voz ainda mais, pois aumentamos o volume da nossa fala, portanto ao aumentar esse tom, aumenta a força com que as cordas vocais tem de se mover e o choque entre elas, assim elas (as cordas vocais) ficam inchadas, gerando a rouquidão”.

Tania acredita que exercícios vocais deveriam ser incentivados para todos, não apenas para aqueles que trabalham com a voz diuturnamente: “Todas as pessoas deveriam saber preservar suas cordas vocais o melhor possível, pois é algo que vai te acompanhar por toda a vida”.

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