(Soldados frente ao Palácio presidencial em La Paz. foto: Juan Karita AP)
Na tarde desta quarta-feira (26), militares do Exército da Bolívia invadiram o palácio presidencial - antiga sede do governo -, colocaram tanques nas ruas e ocuparam a Praça Murillo, que fica em frente ao palácio presidencial, na capital La Paz.
Em uma rede social, no início da tentativa de golpe, o presidente Luis Arce denunciou “movimentações irregulares” de unidades do exército boliviano. “A democracia deve respeito”, escreveu Arce.
A invasão foi liderada pelo general Juan José Zuñiga, ex-comandante do exército. Entre os momentos de tensão, nas quase quatro horas de ação, o presidente Arce chegou a ficar cara a cara com Zuñiga na porta do palácio. Em transmissão de uma emissora local, Zuñiga disse que “o país não pode continuar assim” e pediu pela formação de um novo gabinete de ministros.
No início da semana, o general havia sido destituído do cargo de comandante do exército após ameaçar prender o ex-presidente boliviano Evo Morales - que vai concorrer nas eleições - caso ele volte ao poder. Através das redes sociais, Morales convocou a população a defender a democracia de “alguns grupos militares que atuam contra a democracia e o povo”.
O movimento golpista foi desmobilizado após ordens de Arce e do novo comandante do exército, José Wilson Sánchez, nomeado na terça-feira (25). Os militares que participaram da ação, deixaram o palácio escoltado por soldados que não aderiram aos planos de uma ruptura institucional.
Em pronunciamento ao povo boliviano, o presidente do país anunciou a destituição dos comandantes das Marinha e Aeronáutica, e anunciou novos chefes para as duas Forças. A Procuradoria-Geral da Bolívia abriu investigação contra os envolvidos na tentativa de golpe, incluindo o general Zuñiga. A Suprema Corte boliviana condenou os atos e pediu apoio da comunidade internacional à democracia no país.
As ações golpistas foram rechaçadas até por opositores do governo Arce, como a ex-presidente do país, Jeanine Áñez. “Repúdio total à mobilização de militares na Praça Murillo, pretendendo destruir a ordem constitucional. Nós bolivianos defendemos a democracia”, afirmou Áñez.
Líderes da América Latina se posicionaram contra o golpe. Por meio das redes sociais, o presidente Luís Inácio Lula da Silva condenou a tentativa e reafirmou o “compromisso com o povo e a democracia no país irmão".
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil também emitiu nota. “O Governo brasileiro condena nos mais firmes termos a tentativa de golpe de Estado em curso na Bolívia, que envolve mobilização irregular de tropas do Exército, em clara ameaça ao Estado democrático de Direito no país”, disse. “O Governo brasileiro manifesta seu apoio e solidariedade ao Presidente Luis Arce e ao Governo e povo bolivianos”, diz o Itamaraty.
Pedro Sanches (presidente da Espanha), Santiago Pena (presidente do Paraguai) Andre Manuel (presidente mexicano) e Alberto Fernandes (ex-presidente da Argentina) também repudiaram o ataque.