(Imagem retirada do site Conexão Planeta.)
A primeira deputada federal indígena eleita pelo PSOL em São Paulo, com mais de 156 mil votos, Sônia Guajajara, tem uma história construída para lutar pela defesa dos povos originários, e em defesa dos biomas brasileiros.
Em ano de eleições, as mulheres estão cada vez mais presentes em atos políticos e as campanhas de candidatas indígenas chamaram atenção para os seus projetos, que buscavam apoio da população. “É importante ter vozes no Congresso Nacional que, representando o Estado mais rico do Brasil, defenda um dos nossos mais importantes biomas!”, mediou Sônia em seu site durante sua candidatura.
Um dos projetos de candidatura de Guajajara era a reconstrução de algumas organizações e instituições que foram desfeitas pelo Ministério do Meio Ambiente do atual governo. Além de lutar contra os garimpos, e grilagens de terra que são muito comuns em áreas de florestas.
“Vimos o esvaziamento de órgãos e entidades que se dedicam ao meio ambiente e à educação ambiental, além de inúmeras ações administrativas que, criminosamente, tem desmontado a política nacional de meio ambiente e do sistema de órgãos responsáveis por sua implementação. Junto a isso, sofremos o crescimento da violência contra os povos indígenas, ações criminosas como o ‘Dia do Fogo’ orquestrada por fazendeiros na Amazônia e o aumento de assassinatos de ambientalistas como Dom e Bruno”, diz Guajajara no site de campanha.
A deputada eleita é premiada e reconhecida por sua liderança: ela é considerada uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, de acordo com a Revista Time, e em sua candidatura contou com o apoio da cantora Anitta, de grande influência em movimentos políticos.
Guajajara também visa a proteção das vidas negras, LGBTQIA+ e defende a garantia de mulheres indígenas no poder, e luta pelos direitos das mulheres.
“Defender o direito à diversidade e à pluralidade dos modos de vida para que ninguém mais morra por ser quem é. Viemos para ocupar de vez os espaços de poder e de decisão para defender as mães, as chefes de família e as trabalhadoras que erguem o Brasil. Pelos nossos direitos e pela nossa sobrevivência!”, aponta ela.
Célia Xakriabá, também eleita pelo PSOL, em Minas, com mais de 101 mil votos, defende a proteção dos povos indígenas, a educação democrática, e a preservação dos ecossistemas brasileiros.”Quero levar essa experiência para o Congresso Nacional e contribuir com a reconstrução da democracia brasileira, que só será possível com a força de todos os povos que formam o nosso país”, diz Xakriabá em seu site.
Em ambas as campanhas, as pautas ambientais estão diretamente ligadas às pautas identitárias: para as deputadas, a resistência indígena é essencial para a manutenção dos biomas, e a supressão dos territórios e das culturas nativas levariam à morte das florestas. As propostas das mulheres chamaram atenção internacionalmente, nessa época em que as discussões sobre o meio-ambiente são de preocupação mundial.
O governo atual não está preocupado com a preservação dos ecossistemas, nem tão pouco com medidas para a proteção deles. De acordo com o Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), que monitora as degradações na floresta, no governo Bolsonaro houve um recorde de desmatamento: nos últimos 12 meses, de agosto de 2021 a julho de 2022, 10.781 km² de floresta foram derrubados.
“Para manter a floresta em pé, é preciso garantir a vida e os direitos de quem a habita e a preserva: povos originários e tradicionais que vivem da floresta e que têm sido alvos preferenciais dessa política genocida e ecocida”, diz Sonia.