O Professor de Sociologia, Antônio Fonseca de Deus, conversou com à AGEMT sobre como as pessoasm “consomem” o tempo no seu dia-a-dia acelerado. Antônio começa a entrevista lembrando que o tempo é uma criação humana e com o advento da Revolução Industrial esse tempo passou a ter conotação econômica e financeira. Observa também que o “relógio” neste período e ainda hoje, virou cronometro e toda nossa rotina de vida, passou a ter minutos contados, com começo, meio e fim. Trazendo para nossa atual realidade, aponta para uma triste constatação: como gerir o nosso tempo entre trabalho, família e lazer?
Se antes (no período áureo da Revolução Industrial) o gerenciamento do tempo tinha como base única e exclusivamente o “trabalho nas fábricas”, hoje, este gerenciamento é muito mais complexo: gerenciar a vida num todo, buscando equilíbrio entre trabalho, lazer e descanso. Consequentemente, esta “falta” de gerenciamento culmina em questões de saúde, levando ao esgotamento físico e em grande parte psicológico.
Ele chama à atenção para outra triste constatação: as novas gerações (Z e Alpha), apesar da genialidade das novas tecnologias, utilizam muito de seu tempo de forma improdutiva, criando um “descontrole” do tempo. Lembrou do ocorrido com uma amiga no seu horário de almoço na empresa, confessando ter utilizado todo tempo destinado à alimentação, vendo postagens nas redes TikToK e Instagram, esquecendo seu prato com comida no micro-ondas.
Ao ser questionado sobre as formas de “utilizar” o tempo pode vir a gerar um conflito social, ele respondeu: "dificultando acesso à cultura, ao lazer, ao descanso, com certeza pode gerar conflitos sim; já vemos alguns setores econômicos pelo mundo que enxergam que um dia a mais de descanso na semana, possa melhorar a qualidade de vida das e consequentemente um melhor rendimento de seus colaboradores", afirma Antônio.
Ele também acrescenta que não enxerga um conflito social sem ter relação com qualidade de vida, e dentro dos conflitos de classe ele faz uma relação da “Mais-Valia – Karl Marx), cujo o tempo é dinheiro para quem o controla. Com relação às propostas do Estado para melhorar a maneira de como as pessoas gastam o tempo, ele diz que, se for pensar em leis trabalhistas uma restruturação do tempo de trabalho (remuneração e carga horária) seria providencial, afinal o mundo muda a todo momento e é imperativo que o mercado de trabalho acompanhe tais mudanças; desde que as pessoas consigam conciliar qualidade de vida, como ter mais tempo para a família, lazer e descanso. O IDH dos países desenvolvidos (e em desenvolvimento) aponta para isto.