A sobrevivência dos sebos em um mundo digitalizado

Em um mundo dominado por telas há quem ainda prefira sentir as páginas de um livro.
por
Julia Lourenço
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29/06/2022 - 12h

Por Julia Lourenço Rocha

A era digital trouxe uma revolução no consumo de entretenimento, nunca antes na história houve tantas opções para consumo imediato como hoje. Filmes, músicas, livros, tudo a um clique de distância. Entretanto esse consumo instantâneo de conteúdo faz com que a sociedade se torne cada vez mais impaciente, diversas plataformas digitais proporcionam para seus usuários ferramentas para acelerar vídeos e áudios. No mundo digital, tempo é dinheiro. 

O prazer de folhear um livro, sentar e desfrutar de uma leitura parece bem distante desta realidade, tanto que muitos apostaram ser o fim dos livros físicos, mas este tem se mostrado resistentes ao tempo. Para o Professor Doutor em Ciências da Comunicação, Norval Baitello Junior, as novas formas de mídia vão se acrescentando as antigas e isso faz com que elas jamais deixem de existir, ainda que reservadas a espaços alternativos. 

As altas taxas de publicação no Brasil, somadas a baixa demanda, tornam o preço final dos livros ainda mais elevados para o consumidor final, e em busca de melhores preços ou de exemplares raros, os sebos ganharam espaço entre o publico leitor. Anthony trabalha a 15 anos no Book Box, sebo que herdou do pai no Mercadão de São Miguel Paulista, com mais de 40 anos de existência e muito conhecida na região, há quem passe e pergunte pelo “magrão” como era chamado o pai de Anthony, muitos saem com lagrimas nos olhos ao saber de seu falecimento. 

O maior desafio veio durante a Pandemia, sem poder trabalhar no Mercadão, a solução foi migrar para a internet, mas Anthony conta que se adaptar ao mundo digital não tem sido uma tarefa fácil, já que ele mesmo afirma que a troca de experiências durante a venda é sua maior prioridade. Já para Acácio, a internet mais ajudou que atrapalhou, o gerente da Sebolândia do Alto da Lapa conta que a exposição nas redes trouxe mais visibilidade a seu negócio e ajudou a alcançar novos clientes. Além dos livros, discos e CDs antigos são bastante procurados, já que itens de colecionador são facilmente encontrados nestes espaços, proporcionando uma rica mistura geracional entre o publico consumidor. 

Em relação ao futuro, Acácio se mostra bastante otimista, “da mesma forma que os discos foram substituídos pelos CDs, e estes pelos mp3, mas agora voltaram a apresentar alta procura, assim também acontecerá com os livros, eu creio que o mercado de livros nunca vai minguar, de uma forma geral”.  

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