No dia 7 de agosto de 2023, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) assinou o contrato para o começo do projeto Smart Sampa, em que se trata da instalação de um programa de monitoramento e reconhecimento facial. A previsão é da instalação de 40 mil câmeras por toda a cidade. O Prefeito alega que o programa será utilizado para identificar desaparecidos e foragidos, com base nos dados disponibilizados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Nunes também acredita que o projeto ajudaria com saúde e mobilidade urbana, sem contar a questão da segurança.
O Smart Sampa pode ser considerado irresponsável, já que reconhecimento facial de médias a longas distâncias ainda é muito embrionário, pouquíssimas câmeras tem a resolução e capacidade de manter a qualidade de imagem a longas e médias distâncias, sem contar a diferença de iluminação, podendo resultar em falsos positivos, provocando perseguições a inocentes, mas não significa que seja inviável num futuro próximo, a tecnologia avança em passos largos.
Além de reconhecimento facial, as câmeras do Smart Sampa seriam capazes de detectar movimento, fazer analises de perímetros, leitura automática de placas e também analisar o fluxo de veículos. O mais polêmico destas possibilidades é a leitura automática de placas em conjunto com o reconhecimento facial, juntando isso tudo a um sistema de monitoramento em conjunto com as redes sociais, sendo elas: Meta (Facebook e Instagram), X (Twitter), TikTok, Youtube e etc, ou seja, a prefeitura quer saber o que você faz online, podendo usar isso contra você, o estado te monitoraria de qualquer forma, transformando a cidade em um "Big Brother", o banco de dados da prefeitura saberá seus padrões, rotas diárias e todos os lugares que já esteve, vigilância parecida com a do livro "1984".
A medida de segurança não vale a pena comparando a falta de liberdade e privacidade que se perde, abre margem para uma ditadura das telas e para perseguições políticas, já que utilizam da segurança como desculpa para nos controlar, em uma manifestação por exemplo, todas as pessoas presentes lá serão reconhecidas e poderão sofrer punições.
O que de acordo com filósofo sul coreano Byung Chul Han, no livro "infocracia", hoje vivemos em uma midiocracia em transição para a telecracia, quando a política se submete as mídias de massa e o entretenimento determina a mediação de conteúdos políticos e deteriora a racionalidade. Para Han, os debates políticos se tornaram algo sobre performance, e não sobre argumentos políticos,
Mas o que Chul Han não esperava é que a medida das teletelas realmente seria inserida na sociedade, pegando como exemplo a própria Smart Sampa, mas isso não anula a Telecracia, já que não se criou nenhum alerta para os paulistanos, que se rendem as informações manipuladas e não criam opinião própria, vivem em suas bolhas e se contentam com esse vício as telas. A Telecracia se junta ao mundo fictício de Orwell em 1984 e se torna o que é hoje.
A questão de vigilância e monitoramento não é nova, na pandemia de Covid-19, o ex-governador João Dória disse que se a população não ficasse em casa, o governo rastrearia a população pelos seus celulares e puniriam essas pessoas. Isso não vem apenas pelo estado, hoje as grandes corporações tem acesso a todas nossas informações em rede, e podem a utilizar para manipular eleições. A Cambrige Analytica, por exemplo usou a vigilância para eleger em 2016 Donald Trump nos Estados Unidos e nada impede que outras empresas estejam fazendo o mesmo para seus próprios interesses.
Em entrevista a AGEMT, o diretor de tecnologia (CTO) e analista focado no setor de rastreamento, que preferiu não se identificar, diz que é de interesse das corporações midiáticas saberem o que gostamos, odiamos e buscamos, para usar disso como fonte de lucro, podendo vender estes dados para outras empresas, deixando a privacidade quase que nula. Perguntado sobre a possibilidade de estarmos sendo ouvidos a todo momento: "existem muitas teorias de conspiração ao redor de celulares nos ouvirem o tempo todo, uma parte deles não tem capacidade de manter o microfone aberto o tempo todo, a bateria se esgotaria muito facilmente, mas mecanismos como Alexa já deve ser utilizado para isso, como também em microfones de computadores, voltando aos celulares, acredito que futuramente as baterias serão potentes o suficiente para sermos vigiados", acrescenta o engenheiro.
Sobre a Smart Sampa, o analista acredita ser uma medida política para controle das massas, para uma consolidação do poder estatal, limitando nossas liberdades e aumentando o impacto do estado em nossas vidas, se dizendo favorável a sociedade.