https://d1fdloi71mui9q.cloudfront.net/vhYUWB23SPiVqkL0PxVC_CONJUNTO%20DE%20PROJETOS-LINKTREE.pdf Créditos:Malu Dini
Operando desde 2008 em São Paulo, o Slam do Corpo se define, em seu documento oficial, como: “ um grupo que pesquisa e produz arte, aberto a surdos e ouvintes que se interessam pela Língua Brasileira de Sinais” (Libras). Sendo o primeiro grupo brasileiro a fazer esse movimento, ele apresenta uma ponte entre a poesia, a palavra falada, os sinais e a performance, a qual valoriza o que o corpo tem a dizer.
As apresentações são abertas para o público e têm 2h30 de duração. Elas iniciam com o “corpo aberto”, momento no qual ocorrem apresentações livres de autoria e tempo de duração; e finalizam com a batalha, a qual possui regras:
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Os poemas devem ter até 3 minutos de duração e ser autoral, não é permitido o uso de figurinos ou objetos de cena;
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O evento é apresentado por uma dupla composta por um surdo e um ouvinte, e conta com dois tradutores intérpretes de Libras;
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Para a dupla vencedora, o prêmio é um conjunto de livros de arte e poesia.
O Slam do Corpo é um espaço de protesto, que a poesia mostra a realidade dos surdos, como revela a apresentação de Catharine Moreira e Amanda de Lima no Programa Manos e Minas na TV Cultura. "Eu sou surda e tenho a minha voz, não preciso falar sua língua pra ter voz.", diz a poesia das artistas, a qual revela como o preconceito com a Língua Brasileira de Sinais causa sofrimento.
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Separar o surdo da Libras é como separar a alma do corpo", diz David Farias, professor de Libras e intérprete. Ele coloca a importância da língua para a cultura surda, e reforça a importância da execução da LEI Nº 10.436, que exige intérpretes em estabelecimentos e instituições.
A inclusão é uma pauta importante no país. No Brasil, segundo o IBGE, cerca de 5% da população é surda. Esse número representa 10 milhões de pessoas, sendo que 2,7 milhões têm perda auditiva profunda.
Dessa parcela popular, como resultado da exclusão desse grupo, 7% têm ensino superior completo, 15% frequentaram a escola até o ensino médio, 46% até o fundamental e 32% não têm um grau de instrução. Esses dados foram apresentados pela pesquisa do Instituto Locomotiva e a Semana da Acessibilidade Surda em 2019.
Farias, como educador nas escolas estaduais e municipais no estado de Alagoas e Sergipe, diz que um dos caminhos para mudar esse quadro na educação “é oferecer acessibilidade e incluir o ensino da Libras do ensino básico até o médio, como tem as disciplinas de espanhol e inglês”.
Além disso, expõe a importância da adaptação das atividades escolares para os surdos. Visto que, há um cenário de vitimização deles por parte dos educadores, que reflete no aprendizado.
Como visto que a acessibilidade é um dos pontos na defasagem educacional, o intérprete disserta sobre a importância do Slam do Corpo, principalmente pela participação das crianças. “Existem crianças surdas que fazem a leitura de poemas e é muito enriquecedor para a Libras. No meu olhar, o Slam do Corpo deveria ter em todos os lugares do Brasil para fortalecer a cultura surda.”
O grupo tem um espaço destinado para as crianças. “O Slam do Corpinho é o primeiro no país que aproxima crianças-poetas surdas e ouvintes, poemas em língua de sinais e em língua portuguesa", apresenta a equipe em seu documento oficial.