Por Pedro Pina
Troquei uma ideia rápida com a skatista olímpica Dora Varella, atleta de 20 anos, de São Paulo. Confira: dora, encontrei no seu site a frase: “O skate me ensinou muitas lições: torcer pela vitória dos outros não interfere na sua; tratar a todos com respeito independente das diferenças, transforma nossa própria existência; caiu, levanta, como tudo na vida.”.
Vimos skatistas que são contra a entrada da modalidade nas olimpíadas, você acha que a repercussão mundial do esporte vista nos jogos pode ser prejudicial para o skate?
Dora Varella: de uma forma diferente, a repercussão do companheirismo positiva entre como competidoras e competidores tiveram mais impacto e aconteceram uma lição de vida para o público, vendo a camaradagem para o olhar pelos telespectadores que assistem aos jogos. Com o skate, aprendi a me divertir e competir por amor, com a consciência sobre a importância de torcer pelo próximo e querer que todos se saiam bem, isso eleva o nível do skate e na prática a essência real do esporte. E com os jogos antes que nunca levaram o skate para pessoas tiveram ao esporte, isso é incrível!
O que você pensa sobre a falta de incentivo do Estado que apoia a forma rasa dos futuros atletas brasileiros?
DV: Tenho visto muitas crianças andando e curtindo o skate, isso é incrível. Sobre a falta de incentivo, é triste perceber que isso é o fator responsável para que muitas atletas desistam de suas carreiras, mas acredito e tenho esperança que este cenário mude, já que as competições trouxeram essa visibilidade e também mostraram a importância do incentivo ao esporte, para melhor desempenho e desenvolvimento das atletas. Mesmo que aos poucos, acho que esperamos que os esportistas planejem para um futuro com mais apoio e sonhos, todos os recursos disponíveis para nunca desistirem de seus sonhos.
Por outro lado, como é o meu carinho de crianças que dizem “u sonho é ser como você”? Muita responsa ou é um sentimento gostoso?
DV: É um sentimento muito bom! Um dia já fui uma criança que sonhava ser uma skatista profissional, e novos que hoje sou uma inspiração para adeptos do esporte, me faz refletir sobre toda a minha trajetória e ver como valeu a pena minha dedicação e amor ao skate. Sinto que estou no caminho certo e isso me dá mais impulso para sempre focar em dar o meu melhor e nunca desistir.
Por fim, gostaria de saber um pouco sobre sua trajetória no skate e você acredita que as dificuldades serão para as atletas pós-olimpíadas?
DV: Quando homens foram apostos a andar de skate eram os campeões que havia a categoria feminina, as premiações e mulheres eram diferentes e o investimento de marcas no skate feminino não era suficiente, então não um caminho seguiram para conseguir viver do caminho. Ao longo dos anos mudanças isso foi mudando, o cenário foi crescendo e pudendo presenciar como se igualar as premiações entre as categorias. Sinto que abri várias portas e hoje em dia temos um cenário muito mais consolidado, claro que ainda temos um longo caminho pela frente! As Olimpíadas abrirão as portas para novos patrocínios, interessando mais marcas e empresas a contribuírem no desenvolvimento do esporte. Além de também apresentar o skate para mais pessoas, isso possibilita mais visibilidade, incentivo e mais construções de pistas e rampas.
Os jogos Olímpicos de Tóquio-2020 apresentaram uma série de novas modalidades, dentre elas o Skate, que rendeu ao nosso país 3 medalhas de prata com os atletas Kelvin Hoefler, Rayssa Leal, no street, e Pedro Barros, no park.
A nova modalidade olímpica chamou a atenção do público devido ao desempenho muito bom do Brasil. Dentre os atletas, Rayssa Leal, a “Fadinha”, de apenas 13 anos acabou se transformando em uma febre nacional
Segundo a CNN Brasil, vendas de segmentos como peças, acessórios e Shapes de Skate mais que dobram em alguns canais eletrônicos. Além disso, a procura nas plataformas de busca pela palavra “skate” aumentou 600%, impulsionada principalmente pela Fadinha.
O esporte vive muito da força dos ídolos, o atleta se torna inspiração para os próximos e, sobre isso, em uma entrevista, Eduardo Musa, presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSK), disse que acredita firmemente na possibilidade de o Skate estar passando por um processo semelhante com o que o tênis teve 1997, com o Guga”.
A importância da representatividade no esporte é essencial para encorajar novos atletas e isso finalmente está acontecendo com o Skate em nosso País. O Brasil criminalizou o esporte, durante os anos 80, mais precisamente em junho de 1.988, na gestão de Jânio Quadros. Sair andando de skate foi proibido em São Paulo, em meio a uma onda que ainda é muito estigmatizada pelos mais reacionários. Graças a Luiza Erundina, à época no Partidos dos Trabalhadores (PT), o esporte que hoje é motivo de orgulho para os brasileiros após as olimpíadas foi salvo, a atual deputada federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) liberou o esporte logo após se sentar na cadeira da prefeitura no mesmo ano de 1988.
O lifestyle do Skate vai muito além de manobras radicais, o esporte promove inclusão e transformação social de crianças e adolescentes. Os valores apresentados dentro das pistas entre os praticantes do esporte são muito nobres, onde um sempre incentiva e ajuda o próximo, além de ser uma forma de expressão, cultura e representatividade que transforma a vida de quem pratica o esporte.
O skate com certeza está em ascensão, mas não pode parar por aí, assim como o Brasil é reconhecido como o país do futebol agora também podemos dizer que é o país do skate. Devemos continuar apoiando e incentivando a pratica deste esporte para que continuem passando sua mensagem de torcer pelo próximo; tratar a todos com respeito e transformar a nossa própria existência.