Setembro amarelo ganha maior relevância em meio a pandemia do covid-19

O isolamento social se mostrou prejudicial para a saúde mental das pessoas, os números de casos de depressão e ansiedade deverá aumentar durante esse período. As redes sociais trás várias campanhas durante esse mês para ressaltar o combate ao suicídio.
por
Beatriz Comoli Marques
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11/09/2020 - 12h

10 de setembro é marcado pelo dia mundial da prevenção ao suicídio. O mês traz várias campanhas de conscientização relacionadas a valorização da vida. Esse ano o setembro amarelo, como é conhecido, ganhou um caráter mais importante, visto que a população está enfrentando um isolamento social, o que a deixa mais suscetível a crises de ansiedades ou depressão. Diante desse cenário, a campanha ganhou mais força e relevância. 

O setembro amarelo é uma iniciativa do centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria. A cor amarela foi escolhida, após um jovem americano de 17 anos, tirar a própria vida em seu carro, um Mustang amarelo. Segundo a organização mundial da saúde (OMS) 800 mil pessoas por ano cometem suicídio.  

“No Brasil, cerca de 12 mil suicídios acontecem por ano, um número muito alto. A maioria dessa taxa está relacionada a transtornos mentais, depressão, bipolaridade, ansiedade. Durante a pandemia esses transtornos ficaram mais evidentes, já que estamos isolados, e acabaram surgindo vários problemas como perda de dinheiro, e de familiares. Nesse contexto, o suicídio se tornou muito mais prevalente”, relata Jessica Barbosa Lima, psiquiatra.  

A especialista ainda ressalta como é importante falar sobre esse assunto, ainda mais agora durante a pandemia do coronavírus. Apesar de ser um assunto de grande importância, ainda se tem um certo tabu. A psiquiatra afirma que “existe um preconceito muito grande quando se fala de suicídio e transtornos mentais, as pessoas têm medo de falar sobre e dar ideia para a pessoa. Falar de suicídio é falar sobre vida”. 

 

Triste mulher sentada no chão sozinho na sala vazia, desespero e conceito  solitário com espaço de cópia | Foto Premium

Crédito: freepik 

Ao ser questionada sobre como identificar alguém com sintomas de depressão, a psicóloga Juliana Ribeiro explica que "o diagnóstico deve ser realizado por um médico psiquiatra. A depressão pode ser causada pela genética, alterações bioquímicas e eventos vitais/estressantes, e é necessário que a pessoa tenha mais de um sintoma, e que esses sintomas estejam presentes por um determinado tempo.” 

É importante prestarmos atenção a alguns sinais de alerta como: 

- Sentimento de tristeza e vazio constantes; 

- Sentimento de inutilidade ou desamparo; 

- Dificuldades para ficar quieto, em concentração ou para tomar decisões; 

- Falta de energia e fadiga excessivos; 

- Alterações de apetite, mudanças no peso; 

- Perda do interesse pela vida, interesse sexual, prazer, hobbies ou outras atividades; 

- Pensamentos suicidas ou tentativa de suicídio; 

- Dificuldades para dormir ou sono em excesso. 

A doutora explica que o primeiro passo para ajudar alguém com depressão “é confirmar o diagnóstico com um profissional e começar a psicoterapia com um psicólogo. Um familiar ou amigo pode auxiliar dando suporte e acolhendo essa pessoa. Estar disponível, compreender e apoiar é sempre o melhor que alguém pode fazer.” 

Em meio à pandemia e ao isolamento social, vários especialistas estão disponibilizando atendimento online, até mesmo por aplicativos de mensagem. O centro de valorização da vida (CVV) oferece serviço de acolhimento 24 horas por dia, basta ligar para o número 188 caso esteja se sentindo sozinho e precisando de ajuda.  

 

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