Sérgio Camargo é adversário das causas negras, defende o escritor Tom Farias.

Presidente da Fundação Palmares causa controvérsia ao abrir concurso para troca da logomarca da instituição.
por
João Pedro Lindolfo, Vicklin Moraes e Victoria Mercês
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30/09/2021 - 12h

 

        No dia 17 de agosto, a Fundação Cultural Palmares lançou um concurso para a mudança do logotipo da instituição, até então representado pelo machado de Xangô. A proposta, feita por Sérgio Camargo, presidente da instituiçao, baseia-se na ideia de que a logomarca deveria remeter única e exclusivamente à nação brasileira, argumentando, nesse sentido, sobre a laicidade do Estado.

O jornalista e escritor Tom Farias em entrevista exclusiva para agência Maurício Tragtenberg, relembra que uma das finalidades da Fundação era promover a questão racial, demarcar terras quilombolas e combater o racismo. Porém, ele comenta que Sérgio “vem pautando a polêmica administração dele em descaracterizar a missão fundamental da Fundação Palmares desde a sua criação, em 1988”. 

Para Farias, a mudança da logomarca da Fundação “não seria algo sobre intolerância religiosa, até porque o Sérgio Camargo é intolerante em tudo”.  Mas ele comenta que também poderia responder que é um aspecto de intolerância religiosa, já que Sérgio “é um camarada que eu considero um adversário sobre a questão racial no Brasil”.

Sobre o argumento de Camargo que a logo deve representar a nação, o jornalista afirma: “Somos 56% da população identificada como negros e pardos. Toda essa sociedade foi fundada pelo trabalho escravo, primeiramente pelos índios até o século XVIII, mas fundamentalmente pelo negro. Se você trabalha um símbolo que tem mais a ver com a maioria da população, é mais nacional do que se possa imaginar”.

Em relação a atual logomarca ser representada pelo machado do orixá Xangô, Farias diz: “O machado tem muito a ver com as matrizes africanas, não necessariamente a religião, mas é um símbolo de poder e proteção. Xangô é um símbolo da justiça. A fundação luta por justiça, por isso, nada mais simbólico do que a hora da justiça ser representada pelo machado de Xangô."

O escritor revela que não tem esperança na perda de cargo do presidente da fundação, levando em conta que já ocorreram diversos processos para destituir Camargo do cargo e a justiça deu causa. Farias ainda especifica que “a Fundação Cultural Palmares foi feita para a promoção do negro no Brasil, e que obviamente a questão da luta ao racismo é essencial, enquanto Sérgio Camargo vai na contramão quando ele mesmo pratica o racismo contra os negros."

O jornalista cita o poeta Augusto dos Anjos e um verso específico do poema “O morcego”: “A mente humana é este morcego” para explicar a mente de Sérgio Camargo e várias pessoas que pensam da mesma forma em relação às questões raciais.”

O escritor afirma que: “a solução para lutar contra esse pensamento, é fazer um bom combate, desmoralizando Camargo e minando a figura pela base.” Farias finaliza com uma frase da ativista Sueli Carneiro: “Independente de quanto tempo ele ficar no cargo, nós vamos reconstruir de volta a fundação cultural Palmares.”

 

                                                     Homem de óculos sorrindo

Descrição gerada automaticamente

                                                               Tom Farias  Reprodução: Instagram

 

 






           

 

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