A Semana do Presidente (21-27/08)

Bolsonaro foi ao ar no Jornal Nacional, fez visita à ACSP e teve seu eleitorado abalado por investidas de Lula (PT) à parcela evangélica e por ação da PF contra empresários apoiadores
por
Artur dos Santos
Fernanda Querne
|
26/08/2022 - 12h

 

Nesta semana (21-27/08), Jair Messias Bolsonaro foi à Sabatina do Jornal Nacional, confirmou presença nos debates presidenciais (até o momento da escrita deste resumo) visitou a Associação Comercial de São Paulo e recebeu, durante cerimônia, o coração de Dom Pedro I - emprestado por Portugal para as celebrações do bicentenário da Independência.

 

Na terça-feira (23), o coração de Dom Pedro I, que foi emprestado por Portugal para as celebrações do Bicentenário da Independência, chegou ao Brasil a bordo de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) no que se caracterizou de operação “silenciosa”. A chegada do órgão do monarca dimensiona os esforços que têm sido feitos por parte da campanha do  atual presidente na organização do 7 de Setembro assim como o intuito de usá-lo para mobilização e engajamento de seu eleitorado.

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Coração de Dom Pedro banhado em Formol. Fonte: Reprodução/Youtube/Irmandade da Lapa

 

No mesmo dia, o candidato à reeleição foi entrevistado no Jornal Nacional e questionado quanto às suas condutas à frente da presidência do país durante a Pandemia, assim como quanto aos desempenhos na economia, inflação e em escândalos no Ministério da Educação. Durante a entrevista, Bolsonaro afirmou que respeitará os resultados das eleições: “seja qual for; eleições limpas devem ser respeitadas”.

 

Para o candidato, entretanto, foi necessário “provocar para que chegasse a esse ponto [de transparência eleitoral]”. O atual presidente ainda defendeu as manifestações de seus apoiadores - as quais defendem golpe militar, fechamento do congresso, ataques a oposições políticas e a minorias - como liberdade de expressão.

 

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Bolsonaro, acusado de xingar o atual presidente do TSE de “Canalha”, a primeiro momento negou o ocorrido e afirmou que “a temperatura subiu”, mas que houve “certo contato amistoso [entre ele e o Ministro] durante a posse”. Foto: TV Globo/Reprodução

 

Ainda na terça-feira (23), os celulares de um grupo de empresários apoiadores de Bolsonaro foram apreendidos durante uma busca da Polícia Federal. Esses faziam parte de um grupo de Whatsapp no qual apoiavam um Golpe de Estado caso o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencesse as eleições. 

 

A operação foi motivada pelo vazamento das mensagens de cunho golpista pelo portal de notícias “Metrópoles” e foi amplamente criticada por apoiadores e advogados quanto ao real perigo que essas poderiam oferecer ao Brasil. O Ministro Alexandre de Moraes, novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ordenou o bloqueio de contas bancárias, quebra de sigilo bancário e tomada de depoimentos deles. 

 

Os empresários que foram foco da busca são: Afrânio Barreira Filho, proprietário da rede Coco Bambu; Luciano Hang, dono da Havan; José Isaac Peres, dono da rede de shopping Multiplan; Ivan Wrobel, da Construtora W3; José Koury, do Barra World Shopping; Meyer Nirgri, da Tecnisa; André Tissot, empresário do Grupo Serra; e Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii.  As redes sociais - Twitter, Instagram,  Youtube e TikTok - bloquearam as contas do dono da Havan.  Hang aclama o como foi "vítima de nova censura”.  

 

Já nesta quarta-feira (24), Bolsonaro participou de um comício em Belo Horizonte (BH). No estado do segundo maior colégio eleitoral brasileiro, o candidato do Partido Liberal (PL) insistiu na narrativa sobre o grande impacto do Auxílio Brasil - o antigo Bolsa Família do PT. Em seguida, afirmou que as suas obras de transposição do Rio São Francisco levaram água para o Nordeste embora a maioria dos projetos feitos ocorreram no governo do PT - Lula e Dilma Rousseff. O candidato insistiu sobre como assegurou a alimentação brasileira com o acordo dos fertilizantes com Vladimir Putin - durante o conflito militar entre a Rússia e a Ucrânia -  mesmo que durante o seu governo o Brasil tenha voltado para o Mapa da Fome das Nações Unidas.   

 

Com os últimos avanços nos esforços de Lula (PT) sobre o eleitorado evangélico, Bolsonaro acabou perdendo espaço entre os religiosos. Nos últimos dias, houve uma abertura de diálogo entre a candidatura do petista e o eleitorado que, até o momento, era ignorado pela sua campanha.

 

Na quinta-feira (25) seu maior opositor na corrida eleitoral, o ex-presidente Lula, foi entrevistado no Jornal Nacional e o atacou chamando-o de “Bobo da corte”. O ex-presidente alegou que não faria nenhum decreto de cem anos, ao contrário do candidato do PL. O petista criticou decisões de cargos de confiança à base de amizade e defendeu decisões por competência técnica. Questionou ainda a escolha de Eduardo Pazuello, ex-militar, para ser o Ministro da Saúde em meio ao cenário pandêmico.

 

Na sexta-feira (26), o atual presidente fez uma visita à Associação Comercial de São Paulo (prédio do “impostômetro” no Centro da Capital) durante a qual inaugurou um novo auditório dentro do local. Junto dele estavam seus filhos Eduardo (Deputado Federal pelo PL) e Renan Bolsonaro assim como a Deputada Federal pelo PL Carla Zambelli. 

 

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Eduardo Bolsonaro de saída da Associação. Foto: Artur Santos

 

O presidente entrou e saiu do prédio pela entrada de baixo (na rua General Carneiro) e a estrutura para recebê-lo envolveu a típica caravana com vans, viaturas e “batedores de moto” - policiais de motocicletas. O bloqueio parcial da rua causou tumulto aos passantes e diversas pessoas foram abordadas pela polícia para a garantia de que nenhum atentado ocorresse. O candidato do PL ao final do dia alegou um possível debate na Band.

 

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Policial Militar bate continência para Bolsonaro após inauguração do novo auditório. Fonte: Artur Santos