Para a campanha de reeleição de Bolsonaro, a semana foi marcada pelas repercussões da leitura da Carta em defesa da Democracia (realizada na semana passada), pela inflação (que ao momento deste texto está aos 10,07%), na aposta do presidenciável na influência de sua esposa Michelle sobre o eleitorado evangélico e na posse do Ministro de Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - conhecido ultimamente como contrário às condutas antidemocráticas e golpistas de Bolsonaro.
Nesta segunda-feira (15), uma pesquisa do Observatório Judaico dos Direitos Humanos no Brasil divulgou que os ataques neonazistas quase dobraram a cada ano sob o governo de Jair Bolsonaro. Ironicamente, o candidato do Partido Liberal saúda o primeiro-ministro isralense - judeu otodoxo, Naftali Bennett.
O instituto IPEC publicou, no mesmo dia, uma pesquisa que indica vantagem significativa de Lula sobre o atual presidente. Nela, o petista aparece com 44% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro tem 32%, além de revelar um alto índice de rejeição do eleitorado sobre a sua campanha de reeleição.
Com a grande repercussão e adesão da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito, as movimentações da campanha do atual Presidente da República nas apostas de um golpe entraram em uma nova fase. A presença de setores financeiros, como a Fiesp, em forma de signatários da Carta acabou dando menos espaço para as movimentações golpistas de Bolsonaro, que, até o momento, contava com o apoio desses setores em suas condutas.
O exército, por sua vez, ainda é uma das ferramentas que se encontram ao alcance do candidato à reeleição, e se movimentou mais uma vez nesta semana. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), anunciou na terça-feira (16) que as Forças Armadas abandonarão o costumeiro desfile em comemoração ao 7 de Setembro para estarem presentes no ato bolsonarista em Copacabana. Essas, entretanto, querem desvincular a sua imagem de um suposto “autogolpe”. Durante a tarde desse mesmo dia, Bolsonaro escolheu Juiz de Fora (MG), palco da famigerada facada, como local para o pontapé inicial de sua campanha.
A posse do Ministro Alexandre de Moraes à presidência do TSE (ocorrida na terça-feira) foi um abalo à movimentação política do atual Presidente. Na cerimônia estavam presentes figuras como José Sarney (MDB), Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e os concorrentes à presidência Jair Messias Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Com alto teor de defesa da democracia e do sistema eleitoral brasileiro, o discurso de posse de Moraes significou uma afronta às condutas antidemocráticas de Bolsonaro, que, sozinho, não aplaudiu.
Nesta quarta-feira (17), o Governo ampliou as isenções em relação às contribuições previdenciárias sobre a remuneração de pastores em meio a campanha eleitoral. Pois, segundo o Datafolha desta semana, o candidato do PL lidera entre os evangélicos. Logo, é notório os incentivos para esse eleitorado.
Nas últimas semanas, a campanha de Bolsonaro também fez ressurgir a figura de Michelle, sua esposa, que agora é um canal de comunicação da campanha com o eleitorado evangélico. Marcando presença em cultos e inclusive realizando um no Palácio do Planalto, a Primeira Dama aparenta representar o apelo à família tradicional que é carro chefe das campanhas de Bolsonaro e aliados.
Na manhã desta quinta-feira (18), foi a São José dos Campos (SP). Lá participou de um evento no qual foi interrogado por jornalistas sobre as mensagens de cunhos golpistas mandadas em um grupo de empresários apoiadores divulgadas pelo Metrópoles na quarta-feira (17). Nas mensagens, os empresários discutiam o apoio a um golpe de Estado caso o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fosse eleito. Bolsonaro disse que as mensagens são fake news. O presidente também esteve no lançamento da candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos), e em uma motociata.
Ainda nesta quinta-feira (18), um youtuber chamado Wilker Leão chamou Bolsonaro de “Tchutchuca do centrão” na saída do Palácio da Alvorada em Brasília. O candidato, irritado, avançou sobre o jovem, o pegou pelo colarinho e pelo braço enquanto tentava arrancar seu celular. Os seguranças do presidente interferiram e imobilizaram Leão.
Horas depois do incidente, o presidente anunciou em live que havia zerado o imposto sobre suplementos como Whey protein - utilizados normalmente por pessoas que pretendem aumentar a massa muscular. Porém, seus assessores o corrigiram; o imposto, na verdade, havia sido reduzido. O candidato se incomodou com a correção e destratou os assessores: - “Fica na tua aí”, e, mais tarde, por sugestão de outra natureza: - “Eu perguntei alguma coisa pra vocês?”. Publicou no Twitter, nesta sexta-feira (19), a informação citada em live acompanhada de imagem apelativa de homem fisiculturista semi-nu com número da legenda estampado na sunga.