“Se um povo protesta e marcha no meio de uma pandemia, é porque o seu governo é mais perigoso que o vírus”

Comprometidos com as pautas progressistas da sociedade brasileira, torcedores se mobilizam para defender a democracia
por
Guilherme Lima Alavase
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01/06/2021 - 12h

Diversos coletivos de torcedores se articularam para participar conjuntamente de ato ocorrido em 29 de maio, contra o governo Bolsonaro. Os grupos de torcedores, chamados de antifas, que, inicialmente, se organizaram para combater o que eles chamam de “elitização do futebol”, onde arenas, cada vez mais elitizadas deixam o torcedor mais humilde de fora. É neste contexto que parte dos torcedores organizados, se agruparam em coletivos para combater, dentro dos estádios, o racismo, a misoginia, a homofobia e todo tipo de preconceito que se expressam em uma partida de futebol.  


Com a intolerância e o ódio tomando conta das ruas, com manifestações pedindo a volta da ditadura militar e a reedição do AI5, os coletivos de torcedores perceberam que não bastava lutar dentro dos estádios. Concluíram que precisavam ir para as ruas defender a democracia, mesmo em um momento de pandemia. Como diz um post do coletivo Porcomunas, em referência a uma manifestação de rua na Colômbia: “Se um povo protesta e marcha no meio de uma pandemia, é porque o seu governo é mais perigoso que o vírus”. As torcidas antifascistas decidiram ir para as ruas retomando a luta contra o governo Bolsonaro e tentando impedir a expansão da extrema-direita no país. Não podemos dizer que as torcidas organizadas, enquanto entidade, estão apoiando as manifestações, pois são plurais e sofrem pressão de todos os torcedores, inclusive de membros alinhados com o governo e defensores de uma sociedade excludente.

O que prevalece é a organização independente de torcedores, criando coletivos chamados democráticos, antifascistas etc. Os dirigentes das agremiações procuram não expressar as suas opiniões relativas ao momento gravíssimo que passa a democracia brasileira, temendo um racha na entidade. Mesmo com o silêncio dos dirigentes, os coletivos democráticos e antifascistas participam da vida política no país, expressando os seus pontos de vista independentemente da aprovação ou não da direção de suas torcidas. Hoje, temos mais de 50 agrupamentos de torcedores denominados antifascistas. Alguns deles propagam as suas ideias com discussões em fóruns na internet, outros com faixas nos estádios, quando havia a possibilidade de frequentar os jogos. Algumas torcidas organizadas já nasceram “antifascistas”, como a Porcomunas, um grupo de palmeirenses, com ideais comunistas e defensores de pautas progressistas. 


Em sua conta no Twitter, o @porcomunas se posiciona pelo “Fora Bolsonaro”, convocando os seus membros para participar das manifestações na avenida Paulista. Em seu mais recente post, faz um convite a toda coletividade palmeirense, com as seguintes palavras de ordem: “Vida, pão, vacina e educação. É o povo na rua! Fora Bolsonaro”, exigindo auxílio emergencial e vacina para todos e responsabilizam o presidente pelas mortes e pela crise econômica. O grupo “Porcomunas” através também de sua conta no Instagram se posiciona sobre diversas pautas importantes, tais como apoio a luta do povo palestino, contra o massacre israelense, luta contra o racismo, contra a homofobia, defendem a luta antimanicomial, cobram pela elucidação do caso Mariele Franco.