"Se eu não conseguir salvar o país..." Falas de Ciro no Roda Viva repercutem de forma negativa

O pedetista foi entrevistado no programa Roda Viva e discutiu com jornalistas
por
Murari Vitorino
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18/08/2022 - 12h
Ciro Gomes em meio da entrevista ao Roda Viva

 

Na última segunda-feira (15), o programa Roda Viva que é exibido pela TV Cultura, recebeu como convidado o candidato à presidência Ciro Gomes. Durante o programa, foram expostas algumas propostas estabelecidas pelo  candidato, tendo ênfase em medidas econômicas que visam a melhora da crise vigente no Brasil.

O candidato do Partido Democrático Trabalhista (PDT), manteve suas duras críticas a Lula, candidato à presidência pelo Partido dos Trabalhadores - “se eu não conseguir salvar o país e o Lula se eleger [...] no dia seguinte vai ser o maior estelionato eleitoral da história do planeta terra.”, mas durante a entrevista criticou o complexo de acreditar em uma figura salvadora do país.

Durante a entrevista, foi citada a “Renda Básica Universal”, projeto que visa a distribuição de renda e a taxação de grandes fortunas. No entanto, quando questionado sobre como aprovar essas medidas junto ao congresso, o candidato tentou se esquivar dando respostas hostis e curtas, que resultaram em uma pequena discussão com um dos entrevistadores 

Um  dos entrevistadores, Flávio Costa, correspondente do UOL, questionou  como Ciro faria para dialogar com o “centrão”, para que as suas propostas econômicas fossem aprovadas. Em tom de irritação, o candidato retrucou o jornalista, insinuando que Flávio não estava o escutando e, acrescentou: “ao invés de eu [Ciro Gomes] negociar com Arthur Lira, toma lá dá cá, roubo [...] vou negociar com os governadores, que receberão um prêmio extraordinário: tirar a faca do pescoço”.

Durante sua fala sobre a negociação com o centrão, Ciro expõe que em seu governo, caso seja eleito, fará acordos diretamente com os governadores, assim, não será necessário realizar concessões para que seus projetos não sejam barrados pelos integrantes do centrão. Concluindo sua fala, Ciro comentou que possui muita confiança em seu Plano de Governo e, que acredita, que irá conquistar muitos eleitores.

Em seguida, foi perguntado sobre a medida que, de acordo com sua promessa, irá desmantelar o orçamento secreto de 19 bilhões de reais assim que assumisse, antes que o projeto entre em vigor. Mantendo a hostilidade em suas respostas, Ciro insinuou que o fato de questionarem como ele faria para acabar com o orçamento secreto, seria porque os jornalistas eram a favor do projeto.

O candidato do PDT se mostrou mais calmo, quando as perguntas eram de acordo com seus interesses, mas quando questionado sobre questões que considerava mais complicadas, Ciro adotava uma postura de confronto. Ao que tudo indica, uma de suas maiores fragilidades, seria seu relacionamento com os outros políticos, ainda mais por conta de fazer parte de um dos únicos partidos que não possui coligações políticas.

Ciro vem adotando um discurso crítico contra seus adversários, desde o início de sua campanha para concorrer a vaga ao Palácio do Planalto. E, apesar de alegar ser contra a ideia de um “salvador”, é possível encontrar em suas falas referência a um sentimento de“tudo ou nada”, insinuando que caso não ganhe, o país está perdido.

A discussão entre Ciro e o jornalista Flávio Costa repercutiu nas maiores páginas de notícias do país no dia seguinte. 

Essas situações podem desgastar ainda mais a imagem do pedetista, que aparece em terceiro lugar na recente pesquisa eleitoral do IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), entre os candidatos ao cargo de presidente do Brasil.