A lei 14.193/21, do senador Rodrigo Pacheco e relatoria do senador Carlos Portinho, conhecida como Lei da SAF (Sociedade Anônima do Futebol), aprovada em agosto de 2021, chegou com uma grande expectativa: torcedores de todo o país depositam nas SAFs a esperança de um futuro vitorioso. Para compreender esse assunto, é importante saber que a Lei da SAF é um importante instrumento jurídico, porém, seu sucesso ou fracasso depende basicamente de alguns fatores. Existem muitos modelos possíveis para a construção de uma Sociedade Anônima do Futebol, e saber qual modelo o seu clube deseja é fundamental para a longevidade do processo. Nunca se esqueça que as SAFs podem, em determinado momento, nem existir mais. Portanto, o percentual dos societários, controle patrimonial e modelo de governança são fatores muito relevantes nesse processo.
Quanto mais graves forem os problemas políticos e maiores forem as responsabilidades financeiras, maior será a probabilidade de se chegar a um mau acordo quando um clube implementa uma SAF. Precisamos lembrar que os investidores desejam o retorno do seu investimento. Quando um clube se senta à mesa de negociações e se depara com as condições que mencionamos acima, certamente saberá usar o “poder” do seu dinheiro. Construir uma SAF tem tudo a ver com construir uma aliança. As de casamento, por exemplo, são feitas para durar. Compreender como escolher um parceiro é talvez a decisão mais importante que um clube irá tomar. Uma boa escolha pode ser a diferença entre o sucesso ou o fracasso de uma equipe e até mesmo a sua longevidade.
Na Série A temos 9 clubes com o modelo em prática: Bahia, Botafogo, Coritiba, Cruzeiro, Cuiabá, Vasco, Fortaleza, Atlético-MG e América-MG. Cinco dessas equipes, entretanto, lutam atualmente contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Isso poderia ser um mau sinal?
A Sociedade Anônima do Futebol pode, de fato, ser uma boa escolha no atual mundo dos clubes. Isto porque em conjunto com parcerias concretas, o drama do passado pode ser amenizado. Contudo, alertamos que esta possibilidade corre o risco de se tornar uma utopia, o que seria um erro grave.
Por outro lado, o debate provocado pela SAF poderá ajudar administradores e profissionais do futebol a encontrar melhores soluções para os problemas administrativos do time. Desta forma, poderá até inspirar cenários econômicos nacionais que exijam soluções mais criativas e menos rígidas. Apesar disso, não devem ser encaradas como solução final: o que real define a situação de um clube, é a sua gestão. O conselho dos times pode parecer irrelevante, mas estabelece o futuro político das agremiações. Essa sim, é a solução para a crise das instituições esportivas: a definição por um cenário político que realmente coloque os interesses do clube acima de tudo, e assim, efetue uma administração de exemplo.