A SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Vasco da Gama foi criada em 2022, em parceria com a empresa americana 777 Partners, que investiu R$ 700 milhões para ter 70% de participação societária. A proposta da empresa é aportar mais R$ 120 milhões em setembro e outros R$ 390 milhões até o fim de 2024. O Vasco da Gama SAF prevê sua autossustentabilidade a partir de 2025.
No entanto, mesmo após o aporte milionário da SAF, o clube encontra dificuldades em honrar alguns compromissos e tenta renegociar essas condições. O Vasco priorizou manter o funcionamento do clube, com os salários e as parcelas da dívida em dia, e, para isso, teve que descumprir prazos e renegociar pagamentos.
Os atrasos de pagamentos do Vasco ficaram evidentes com os contratos de dois jogadores, Andrey Santos e Léo Pelé. A dívida com Andrey é referente às comissões dos empresários. O clube tem uma dívida pendente de R$ 12 milhões relativa à venda do jogador ao Chelsea e ainda não pagou duas das três parcelas combinadas com o volante.
Em relação ao jogador Léo Pelé, o Vasco atrasou o pagamento de parte da segunda parcela da compra do zagueiro que pertencia ao São Paulo. O clube também atrasou parcelas em compras de outros atletas, mesmo depois do aporte feito pela 777 Partners na transformação em SAF.
O site oficial do Vasco da Gama disponibiliza informações financeiras, incluindo balancetes e demonstrações contábeis. Em 2022, a SAF publicou um balanço com um déficit de R$ 594 milhões. De agosto a dezembro do último ano, a receita operacional líquida do Vasco SAF foi de R$ 47,4 milhões. A rubrica considera direitos de transmissão, bilheteria, marketing, programa de sócio torcedor e outras fontes de renda. Em 2022, a equipe disputou a Série B do Brasileirão pelo segundo ano consecutivo.
De acordo com o colunista Rodrigo Mattos, do UOL, após a transformação em SAF, o Vasco fechou 2022 com um prejuízo de R$ 88 milhões. O valor tem a ver com as dívidas assumidas pela 777 Partners como parte do acordo de aquisição do futebol do clube. O primeiro balanço da era SAF mostra o tamanho do desafio do fundo norte-americano na reestruturação do futebol cruz-maltino.
Em outro artigo, Rodrigo Mattos menciona que, no meio de 2022, mesmo na Série B, a torcida do Vasco vivia uma onda de otimismo com a criação da SAF e o aporte da 777 Partners. No entanto, os primeiros meses de 2023 mostraram que a realidade é um pouco diferente.
O colunista observou que, em 2023, o Vasco perdeu para o Santos em casa por 1 x 0 e terminou a 6ªrodada em 16º lugar, próximo da zona de rebaixamento. O início do campeonato revelou fragilidades do time vascaíno, algumas já conhecidas no Campeonato Carioca e na eliminação da Copa do Brasil. A torcida perdeu a paciência.
Em março, o portal GE noticiou que o Conselho de Administração da SAF se reuniu para reavaliar as projeções de receitas, que, na opinião de alguns membros, estavam abaixo do esperado. Isso ocorreu porque a arrecadação nos primeiros meses do ano foi baixa, o que dificultou o cumprimento dos prazos.
A eliminação precoce do Vasco na segunda fase da Copa do Brasil, para o ABC, teve um grande impacto no orçamento, já que o clube esperava avançar pelo menos mais duas fases na competição. Além disso, a venda de um jogador gerou uma discussão com parte dos credores do RCE sobre a destinação dessa receita, o que gerou insegurança jurídica e afetou os investidores.
O CEO da SAF, Luiz Mello, afirmou em um evento em Brasília que a situação tem sido difícil devido aos constantes problemas jurídicos. No entanto, o Vasco espera que a situação se normalize no segundo semestre com um novo aporte da 777, de R$ 120 milhões, e com a expectativa de aumento das receitas nos próximos meses.
Analisando o balanço financeiro da SAF do Vasco da Gama, é possível identificar alguns desafios que o clube enfrentará no futuro. A recuperação das receitas é fundamental para equilibrar as finanças, e isso passa por um desempenho esportivo mais consistente, que permita a participação em competições de maior visibilidade e a conquista de títulos.