Richarlyson assume bissexualidade

Após se assumir no podcast No Armário dos Vestiários, ex-jogador de futebol e atual comentarista se torna o primeiro não hétero na seleção brasileira
por
José Pedro M. dos Santos
Lucas Tomaz Lopes
Francisco Vecchia
|
07/09/2022 - 12h

 
Fonte: Reprodução instagram/Richarlyson  Richarlyson jogando com a camisa da seleção
Fonte: Reprodução instagram/Richarlyson   Richarlyson jogando com a camisa da seleção brasileira

Richarlyson, ex-jogador, que jogou na série A do Brasileiro pelo São Paulo, Atlético Mineiro e na seleção brasileira, declarou no segundo episódio do podcast Nos Armários dos Vestiários, que é bissexual, se tornando o primeiro jogador masculino não hétero a atuar na primeira divisão do campeonato brasileiro e na seleção.

Além dele outros jogadores de outras ligas e do futebol feminino já se assumiram, como Jake Daniels, jogador do Blackpool, time que atualmente joga pela segunda divisão inglesa, que assumiu ser homossexual aos 17 anos em 1990, Marta, que já conquistou seis vezes o título de melhor futebolista do mundo seis vezes, sendo cinco consecutivas, Justin Fashanu, jogador inglês que é considerado o primeiro jogador a se assumir dentro do futebol, sendo capa do jornal The Sun após sua declaração. Fashanu jogou em diversos clubes da primeira divisão inglesa como West Ham e Manchester City, o jogador de futebol americano, Carl Nassib, que o primeiro atleta da NFL abertamente homossexual, além do ex-jogador da NBB (Novo Basquete Brasil), principal liga de basquete no país, Jefferson Campos, que falou sobre seu relacionamento com o humorista Joaquim Chicó em suas redes.

Um tempo depois Walter Casagrande, ex-jogador do Corinthians e comentarista esportivo para a Folha e UOL, comentou no podcast Café da Manhã, da Folha, sobre o caso, afirmando que Richarlyson é único e se assumiu por conta de não conseguir mais sem ser verdadeiro consigo mesmo e por isso se assumiu, mas que ele desacredita que outros jogadores farão o mesmo a curto prazo, pois o ambiente do futebol é muito conservador, machista, homofóbico e racista e que na opinião dele um jogador que se entende como membro da comunidade LGBTQIA+ será constrangido, dentro e fora de campo, além de esses jogadores não quererem ser “vidraças para levarem pedradas”.

Segundo Gabriel Cordeiro, de 17 anos, estudante de jornalismo e corintiano, a importância do ato do comentarista está em inspirar outros jogadores e pessoas a também conseguirem se abrir sobre si mesmas e mostrar para o torcedor que o esporte é para todos e que outros jogadores possam se sentir a vontade de se abrirem neste meio machista. Giulia Cicirelli, também de 17 anos estudante de jornalismo e torcedora do Palmeiras, comentou que acredita que “o meio do esporte é um ambiente hostil para atletas que possuem opiniões, características ou posicionamentos que são considerados fora dos "padrões tradicionais”. Para ela, o medo e a insegurança do que pode acontecer após se assumirem cria um paralelo com a ideia de Casagrande sobre os atletas não querem se colocar como vidraças, visto que o ambiente fora do campo, tanto dentro do time como a torcida fazem os jogadores se retraíram e não se abrirem sobre o assunto. 

Apesar do padrão conservador, homofóbico, machista e racista no cenário do futebol brasileiro apresentado por Walter Casagrande, tanto Cordeiro como Cicirelli acreditam que a representação de figuras do esporte na comunidade LGBTQIA+ são de extrema importância para quebrar os preconceitos e avançar a luta pelos direitos desses grupos, pois sem essa representação tanto os jogadores quanto os torcedores são prejudicados, os primeiros por não poderem ser verdadeiros consigo mesmo, por medo de se prejudicarem e aos torcedores destas comunidades, que sentem que não pertencem aquele espaço e acabam cedendo para quem mantem essa estrutura conservadora dentro do esporte.