A Revolução da Inteligência Artificial: o que podemos esperar?

Regulamentação das questões éticas são chave para boa convivência com IA no futuro
por
Gabriela da Silva
Pietra Nóbrega
|
05/09/2023 - 12h

A Inteligência Artificial (IA) é uma das tecnologias mais utilizadas do século XXI, oferecendo um acesso muito ágil a informações de qualquer meio, assim transformando a vida e o cotidiano da sociedade. No entanto, seu impacto não é unicamente positivo, pois também traz desafios e dilemas éticos significativos. Conforme essa ferramenta se tornou mais onipresente, surgiram questões relacionadas à privacidade, viés algorítmico e ética no uso da tecnologia. Governos e reguladores começaram a se envolver na regulamentação da IA para garantir seu uso responsável. Empresas usam IA para personalizar serviços e produtos, oferecendo experiências mais relevantes e tecnológicas aos clientes.

Segundo Jefferson de Oliveira, doutor em Ciências da Computação, o futuro do mercado de trabalho no Brasil já se modificou. “Atualmente a inteligência artificial é bastante presente nos algoritmos de recomendação de conteúdo como, por exemplo, TikTok, YouTube e Instagram, mas também é muito visto no atendimento ao cliente", diz Oliveira, que acrescenta: "você sempre vai falar com uma máquina antes de chegar em uma pessoa”. 
 
A automação impulsionada pela IA pode resultar na substituição de empregos tradicionais, causando desigualdade econômica e social e o desemprego de alguns setores. Quando falamos de dilemas éticos, a IA levanta questões éticas complexas, incluindo responsabilidade legal por decisões tomadas por máquinas autônomas. “Podemos dizer que um dos primeiro serviços adotados pelas grandes empresas é o atendimento ao cliente, o telemarketing e outras tarefas repetitivas que já são quase totalmente automatizadas, IA nunca vai substituir totalmente as pessoas. Afinal, ela não cria sozinha, precisa que alguém forneça os dados pra isso”, afirma Oliveira.
 
Entretanto, a privacidade e segurança da maioria das pessoas que fazem o uso da Internet é duvidosa, a coleta e uso de dados pessoais levantam preocupações sobre o direito da privacidade de todo e qualquer cidadão, além de criar riscos de segurança cibernética, a confiança excessiva na inteligência artificial pode tornar as futuras sociedades vulneráveis a falhas tecnológicas e ameaças cibernéticas.  O crescimento exponencial da quantidade de dados disponíveis e o aumento da capacidade computacional permitiram o aperfeiçoamento do aprendizado de máquina e das redes neurais profundas. Isso impulsionou a IA a novos patamares de desempenho em tarefas como reconhecimento de padrões e processamento de linguagem natural.
“Acho que mesmo se a inteligência artificial tivesse sido criada com uma base de dados livre de estereótipos e preconceitos isso teria se desenvolvido mais tarde com o Machine Learning, aliás a maneira de resolver isso é justamente não alimentar o algoritmo com esse tipo de conteúdo, não dar engajamento para o preconceito para que o Machine Learning não entenda essas coisas como algo que deve ser reproduzido”, ressalta Oliveira.  
 
O Machine Learnin é um "sistema que usa da inteligência artificial para identificar padrões e a partir disso realizar tarefas sem ajuda humana, já o Deep Learning (aprendizado profundo) é bem mais complexo, ele usa redes neurais artificiais para resolver problemas ao invés de só usar o próprio histórico de dados como o Machine Learning. Por exemplo o Machine Learning pode aprender qual tipo de vídeo deve te recomendar no YouTube a partir do seu histórico de vídeos marcados com like, já o Deep Learning seria capaz de identificar as características presentes nos vídeos e buscar vídeos com as mesmas características para te recomendar.”
 
O desenvolvimento da IA continua, com pesquisas focadas em sistemas de IA mais avançados, como a IA geral, que pode executar uma ampla gama de tarefas com compreensão e raciocínio humanos. Também é esperado que a IA continue a transformar setores inteiros e a sociedade em geral. “Sobre o futuro, a chave para aproveitar ao máximo os benefícios da inteligência artificial enquanto minimizamos seus riscos está em abordar essas questões de forma ética e responsável. A regulamentação adequada, o treinamento de algoritmos com dados imparciais e a conscientização sobre as implicações éticas são passos cruciais, pelo menos eu espero para que a gente possa conviver com a IA como auxiliar das pessoas e não como um substituto ou obstáculo”, diz ele.
 
A inteligência artificial é uma ferramenta simbólica nos tempos atuais que oferece inúmeras vantagens, mas também apresenta desafios significativos. O equilíbrio entre maximizar seus benefícios e mitigar seus riscos é um desafio crucial que nossa sociedade enfrenta na era da tecnologia avançada. O futuro da IA dependerá da capacidade de abordar essas questões de forma ética e responsável presando sempre pela segurança plena de todo indivíduo. Enquanto continuamos a explorar o potencial dessa tecnologia, ela continuará a evoluir e moldar nossa sociedade, é imperativo que mantenhamos um equilíbrio entre a inovação e a consideração dos impactos sociais, éticos e legais.