Resista como uma mulher

A persistência e a união de grandes nomes femininos durante a ditadura militar no Brasil
por
Mayara Pereira
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25/04/2024 - 12h

Em 1964 surge um golpe militar no Brasil, governo autoritário comandado por policiais repressores e fortemente armados. Em uma época em que o medo era a principal forma de manipulação, nasce uma ameaça perante a população, a ditadura comunista. Com a guerra fria em momentos crucias, uma mentira se espalha pelo país, o mito da opressão socialista, causando temor na sociedade conservadora. Mulheres que buscavam a liberdade se opuseram e resistiram durante os 21 anos do golpe em busca de espaço nos meios políticos, igualdade, cultura e democracia para todos.  

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Em 1968, as atrizes Eva Todor, Tônia Carreiro, Eva Wilma, Leila Diniz, Odete Lara, Cacilda Becker e Norma Bengell, marcharam contra a censura do governo em plena ditadura militar Foto: Gonçalves / Agência O Globo 

 Perante um cenário precário, mulheres determinadas buscavam o fim do autoritarismo em nome dos direitos fundamentais dos cidadãos, a liberdade de expressão. Dilma Rousseff, ex-presidenta do Brasil, foi brutamente torturada e lutou firmemente pela queda do estado opressor, em sua entrevista feita pelo meio de comunicação Brasil de Fato, Dilma diz, “A tortura é algo extremamente complexo. Eu acho que todo mundo que passou pela prisão sempre vai ter essa marca. Eu não gosto de ver filme, por exemplo, que passa tortura. Não é que eu não goste. Eu não vejo. É pior, né? Eu não quero ver. A tortura é algo que mexe com aquilo que é mais profundo e que constitui você”. Com toda dor que passou, resistiu e anos depois virou a primeira presidenta do Brasil.  

 

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Dilma Rousseff durante auditoria militar do Rio de Janeiro, em 1970 - Foto: Arquivo Nacional da Comissão da Verdade 

No museu da resistência em São Paulo, localizado na estação da Luz, zona central do estado, existe grandes acervos de materiais de persistência de mulheres durante a época autocrática. Beatriz Nascimento, historiadora e feminista, antirracista, ativista, roteirista e professora, foi militante pela igualdade de raça e gênero e desempenhou grande importância intelectual no Brasil. “Marcas” poema em exposição, demonstra o sentimento de angústia da poeta. Além de repudiar o momento em que se vivia, tinha em seu coração a percepção que a resistência de pessoas negras teria que ser muito maior, em meio a territórios de lutas e resistências. Morreu vítima de feminicídio ao defender sua amiga de um homem agressivo.  

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(FOTO | Arquivo Nacional).

A medida em que os anos foram se passando, a pressão foi aumentando, diretas já, era o meio de manifestação imposto pela população pela volta da democracia. Na década de 80 época em que a ditadura estava em seu declínio, diversos direitos humanos eram violados e muitas torturas eram cometidas. Inúmeros exilados voltaram para o país para o movimento que traria de volta o voto popular. Múltiplas mulheres iam para as ruas, e como forma de violência estrutural, os militares como últimos recursos, atacavam as mulheres de forma machista, alegando que não tinham capacidade de serem militantes. Mesmo disseminando o ódio, o protagonismo das mulheres foi de extrema importância para a retomada do direito à liberdade de expressão. Hoje, 60 anos do governo autoritário, relembrar a persistência e coragem daqueles que morreram e lutaram, é mais que necessário para olhar para o passado e não se repetir no futuro. 

Está matéria foi produzida como parte integrante das Atividades Extensionistas do curso de Jornalismo da PUC-SP.

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