Nos últimos anos, o número de leitores no país tem aumentado. Segundo uma pesquisa, feita pelo 13° Painel de Varejo de livros no Brasil, houve em 2021 um aumento de 29,3% no volume de obras vendidas em comparação com o ano de 2020, e em 2022 o cenário seguiu positivo, registrando 19,56% em relação ao período anterior.
Um dos motivos que levaram a isso foi a inserção do mundo literário nas redes sociais. As interações online trouxeram maior aproximação para aqueles que não conheciam o universo literário ou já tinham contato com a literatura, porém de forma pontual, a estudante de Jornalismo da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Raissa Santos, relata que lia apenas os livros que ganhava e não tinha interesse de comprá-los por si mesma.
Segundo ela, as redes à ajudaram a colocar a leitura como hábito “Eu leio bem mais e com maior frequência, gosto de ler sempre que posso e o meu acervo pessoal se tornou consideravelmente maior”. Afirma a estudante.
Na última bienal do livro ocorrida na cidade de São Paulo, cerca de 28% dos entrevistados alegaram terem sofrido influência de aplicativos como Instagram, e Tik Tok para lerem mais. É o caso da estudante Raissa, “Os criadores de conteúdo do BookTok (nicho do Tik Tok voltado para literatura) faziam muita propaganda dos livros, falando o que eles achavam interessante, o que me instigava a ir atrás e ler mais”.
A Maria Clara Reis, autora de Encontrei Lar em você, também confessou em entrevista que foi influenciada pelas redes, “Os 7 maridos de Evelyn Hugo, eu só li porque vi no Instagram e no Tik Tok.”. Ela também acrescenta que as mídias são muito influenciadoras e as “trends” são algo positivo, porque aumentam a possibilidade de as obras serem lidas. Afirma ainda que esse movimento beneficia escritores independentes como ela e que esse espaço para escrita nacional tende a crescer.
Os escritores nacionais encontram dificuldades para publicar seus livros, mesmo que já tenham experiência na área. Isso se deve ao fato de eles precisarem exercer várias funções além da sua, como a de editor e publicitário, o que acaba atrapalhando a realização da publicação.
A autora abordou sua dificuldade em enxergar a escrita como algo profissional, ela atribui a isso sua afetividade ao ato de escrever, mas também com a inviabilidade de viver disso, “Eu tenho meus leitores, mas estou longe de ser famosa, realmente a escrita enquanto trabalho é algo inviável ainda, infelizmente”, relata a autora com tristeza e comenta que isso também é comum para os seus colegas.
A escritora contou que a realização de seu sonho de transformar seu livro em físico veio através de um conjunto de fatores: a grande demanda dos seus leitores e o fato de conhecer pessoas de seu meio que já tinham trilhado o caminho e mostrado que é possível. Além disso, comentou que a relação com a leitura a ajudou na faculdade com as obras e também com a escrita científica e teórica exigida pelo curso de Letras.